A origem do estilo, por aqui, é alvo de disputa. Em 2015, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Raffa Moreira lançou "Fiat 1995", com a participação de Dreyhan e Klyn. Com um beat repetitivo e suave, os trappers falam sobre uma batida policial motivada por racismo.
Raffa ganhou fama por fazer música falando da purple drank, droga a base de codeína (substância presente em xaropes contra a tosse) muito associada à cena trap nos EUA. "Minha Sprite é roxa/Você só tem maconha/Eu te acho trouxa/No quesito drogas, eu tô avançado", diz trecho da música "Sprite Roxa", de 2017.
Por seu lado, Naio Rezende, um dos produtores da festa Red Room, em Vitória (ES), reclama o evento de 2014 como o verdadeiro marco inicial do trap no Brasil. Em 2016, a faixa "Sulicídio", do soteropolitano Baco Exu do Blues e do recifense Diomedes Chinaski, inaugura o "rap sujo proibidão" para ladrão bater cabeça.
"O Waka Flocka [um dos artistas responsáveis por disseminar o trap nos EUA], em 2010, tinha um grave tão agressivo que dava vontade de pular. Lembrava a energia do rock. Até então, não tinha isso no rap", relata Nauak, produtor de beats e colaborador da festa "Solta o Trap", que acontece na cena underground de São Paulo há seis anos. "Na época, a galera do rap achava muito agressivo porque tem bate-cabeça. Dizia que não ia virar porque era muito diferente ou porque era 'coisa de gringo', mas, com o tempo, foram evoluindo a festa e o público", diz.