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Aba Anônima

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Experiências anais: 'Num ménage com duas mulheres, fui penetrado e adorei'

Adams Carvalho/UOL
Imagem: Adams Carvalho/UOL

M.R.*

22/11/2022 22h00

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Na minha infância no Ceará, os meninos brincavam na rua e as meninas, em casa, então a iniciação sexual foi entre nós mesmos. Masturbação coletiva, punheta em cima de árvore... tudo isso sem pornografia; o videocassete ainda estava chegando por lá.

Algumas das minhas primeiras experiências sexuais foram com amigos do bairro fazendo sexo oral em mim. Mais tarde, um deles pediu para me penetrar e eu deixei, mas fomos pegos, muita gente viu... foi traumático. O tempo passou e não tive mais experiências desse tipo.

É importante dizer isso para entender como vejo o prazer anal. Não me considero gay, não paquero homens, mas já tive relações afetuosas com pessoas do sexo masculino. Costumo dizer que, na suruba, não se nega pau a ninguém.

Quando adulto, tive uma banda de punk, o que me deu certa consciência política. Em seguida fui para o teatro, fiz mímica e também balé clássico. Entre os punks, eu não era julgado por fazer balé, por exemplo.

Por minhas incursões artísticas, comecei a pensar que muitas piadas se referem à região sexual. O foco está no falo, mas o falo é excludente, porque muita gente não tem pau. O que une todo mundo então? O cu.

Comecei a estudar o assunto: o corpo humano começa a partir do períneo. Tudo mexe com essa parte do corpo e suas terminações nervosas — desde tossir até ficar tenso ou mesmo relaxar.

Na época, escutei uma frase sobre o ator ser atleta do corpo inteiro e foi então que entendi que tinha de usar meu corpo inteiro afetivamente. Comecei a comprar e ganhar brinquedos como plugs anais. Fui descobrindo massagens, explorando o corpo, entendendo a musculatura... até exercícios de como segurar ou colocar para fora o gozo passam pelo ânus.

Hoje, vivendo um relacionamento aberto com minha companheira, descobrimos modos de encontrar pessoas com quem vamos ficar ou transar, os dois juntos. Um deles é em festas e eventos, onde encontramos pessoas interessantes e podemos acabar convidando alguém para vir em casa. O outro jeito são aplicativos de paquera, em que deixamos claro que somos um casal à procura de uma terceira pessoa para transar.

Um dia, conhecemos uma garota no aplicativo. A gente fez um grupo no WhatsApp e a partir daí começaram as preliminares - a troca de mensagens nos fez perceber que ia rolar um encontro de verdade. Dá para sacar muita coisa só nessa fase.

A gente marcou de se ver em um barzinho perto de casa, para ter certeza de que tínhamos química. Não demorou muito e fomos para casa, os três.

Começamos a nos pegar na cama. Nos beijamos e fomos tirando a roupa. A coisa evoluiu rápido, e de repente eu transava com a garota. Estava na cama, por cima dela, fazendo papai e mamãe. Minha mulher, em determinado momento, veio pelo lado e começou a alisar minha bunda, fazendo carinho. Depois, começou a passar o dedo nas beiradas do meu cu, devagar, enquanto eu metia na garota. Não sei se a moça percebeu o que estava acontecendo.

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Imagem: Adams Carvalho/UOL

Minha mulher enfiou o dedo devagar, no ritmo da penetração que eu fazia na mulher. Aquilo foi ficando gostoso demais, coordenado com as estocadas. Como o dedo em mim não era algo totalmente novo, não me assustei, apenas deixei acontecer. O que nunca tinha vivido era ser penetrado ao mesmo tempo em que comia outra mulher. Foi muito excitante: eu estava transando com outra mulher e minha companheira tomou a iniciativa. Não entendo por que alguém reprimiria isso: nós temos próstata e isso nos dá prazer. Por que não senti-lo?

Aos poucos ela foi enfiando o dedo mais fundo, enquanto eu e a menina estávamos trepando, até que eu não aguentei mais e gozei. Foi fantástico.

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Imagem: Adams Carvalho/UOL

Se eu continuo em uma relação hétero e estou usando meu corpo todo, meu relacionamento continua sendo hétero? Acredito que sim. Ter medo de experimentar não faz sentido. Tenho amigas que fazem muito isso, de comer o cara. Dá para dizer que, nas transas, elas são mais ativas do que passivas. Se um cara aprende a usar o próprio cu com a esposa, pode se sentir contemplado e livre. A cumplicidade do casal vai ser muito maior.

Mas é importante avisar que o cu tem humor. Às vezes você quer dar e não consegue. Às vezes nem imagina que vai fazer sexo anal e acaba acontecendo.

Botar um cara de quatro ou de costas e meter nele dá uma ideia falsa de que quem está dando é submisso. Mas se é o submisso que quer, a gente pode dizer que é ele quem manda, certo? A gente não pode estimular o prazer ligado à penetração por cima como se dominar fosse o motivo de ter prazer.

Sou receoso em dizer o que vai ser legal para as outras pessoas, mas o que dá para dizer é que entrar nos estímulos para gozar é sempre benéfico. A excitação passa pela pele, respiração, palavra, visão... e existe a próstata. Quando se soma tudo isso, a probabilidade de se ter um prazer maior é imensa.

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M.R., 43, é um artista multimídia de São Paulo, conhecido como 'Aquele Mario'