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'Cornos' e comedores fazem a festa em hotel no interior de São Paulo

Adams Carvalho/UOL
Imagem: Adams Carvalho/UOL

Gustavo Basso

Colaboração para o TAB, de São Paulo

23/05/2023 22h00

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Já fazia duas horas que Bruno* e Cláudia*, casados há 14 anos, circulavam em torno da piscina do hotel. Pouco antes, ele havia inaugurado a piscina, completamente nu, levando um casal de conhecidos a se aproximar. O marido, dentro d'água, sutilmente o chamou e perguntou: "Escuta, minha mulher pode te chupar?".

A resposta — "óbvio" — levou ambos a se sentarem na borda da piscina para receber sexo oral da esposa, que matava a vontade de ter os dois e, de quebra, resolvia a fantasia do marido, conhecido por ser "cuckold" (homens que têm fetiche de verem suas mulheres transando com outros caras).

Na sexta-feira à tarde, hóspedes do chamado "festival liberal" ainda se misturavam aos visitantes regulares no hotel que fica no interior de São Paulo, o que manteve os ânimos controlados por umas horas. Eles são chamados de "PB" pelos iniciados. Mas era fácil distingui-los dos "coloridos", expostos com roupa menor, mais curta, mais justa. "Nosso comportamento é mais furtivo, de olho em todo mundo? É bem nítido", explicava Bruno. Depois das 18h, o clima ficou outro.

Os pares foram se reunindo na área da piscina aquecida e coberta, com um amplo deck. Ele e Claudia chegaram ao hotel depois de 1h30 de viagem, e muitos outros vinham de ainda mais longe. Como parecia haver mais casadas que homens solteiros, as mulheres abordavam os maridos alheios para transar. Bruno, 45, 1,80m de um corpo em forma e depilado, soube aproveitar as muitas e inesperadas abordagens. Estava solto.

Andar dos esfolados

Além da piscina, três andares com mais de cem quartos foram destinados a casais e solteiros para aproveitar ao máximo os três dias. No segundo andar, destinado exclusivamente a solteiros e solteiras, não houve descanso. Em todo o piso foi instalado o "convite aberto": os quartos ficaram abertos das 18h às 5h com o fluxo de pessoas entrando e saindo para aproveitar os "comedores" que se dispunham a transar com as inúmeras "hotwives" presentes.

Teve até fila de espera para Pequeno, um sujeito de 1,90m, gigante em todos os sentidos, segundo Cláudia. "A mulherada fazia a festa com ele e com um kit de brinquedos que trouxe."

Com a bagunça liberada no segundo andar, o "quarto da suruba", montado no salão de conferências do hotel, acabou subutilizado. Mesmo a primeira festa, realizada na área da piscina, acabou vazia. "Quem desceu chegou bem tarde, já todo esfolado", afirmou Cláudia, que na noite de sexta-feira circulava pelo deck com um biquíni minúsculo, beijando tantas pessoas quanto possível, homens e mulheres.

Ela não se considera uma "hotwife" (a mulher do "cuckold", que quase sempre, segundo ela, só provoca). "As 'hotwifes' não pegam mulher! Não suportam a presença de uma outra na transa", comenta. "Já para mim essas festas são como Carnaval: beijo na boca e sarrada é o básico", divertia-se.

A última dança

Infelizmente para ela, a festa seria beijo e chupada: problemas de saúde a impediam de ser penetrada. A limitação não a impediu de passar dias seguidos com Lúcia*, uma crush fixa, e de ser protagonista de um show particular para os solteiros do passeio, na última noite.

"A última festa é uma putaria; quem comeu, quer comer mais; quem não comeu, vai pra cima para não ir embora chupando o dedo", define Bruno. Assim que colocou os pés no grande salão, uma oriental muito bonita e interessante que conheceram no café da manhã na piscina o abordou: "Não quero nem saber, hoje eu te chupo de qualquer jeito", anunciou, de mãos dadas com o marido.

Pequenos grupos iam se formando nos cantos. O que começava com beijos na pista passava para sexo oral, penetração, orgasmos conjuntos nas paredes do salão. Os solteiros mais atirados se aproximavam dos casais, trios e quartetos já formados, tentando encontrar um espaço no meio da bagunça. Alguns já estavam com o pau preparado para a ação. Não era o que Bruno e sua parceira queriam.

"Depois que a música no salão parou, emendamos um 'after party' na piscina; lá encontrei esta garota linda, com quem já havia trocado alguns olhares. Nos pegamos dentro d'água durante o dia, quando ela gozou se esfregando na minha coxa", narrou Bruno, dando um prefácio sobre o principal momento da última festa.

"Pouco depois ela se jogou pelada em mim me abraçando, dizendo estar morrendo de frio; não demorou muito para acharmos uma espreguiçadeira em um canto para poder transar de verdade, apesar de termos de desviar da abordagem de um solteiro inconveniente."

Depois de gozar, Bruno foi encontrar sua esposa, que, como ele, havia sumido por uma boa hora para aproveitar seu momento na festa. Enquanto o marido esquentava a "gatinha com frio", Claudia "se torturava" com um solteiro — um loiro alto que sabia como se portar segundo a etiqueta do circuito liberal.

"Começamos nos pegando em um canto, fui passeando as mãos naquele corpo gostoso, o pau duro, e ele comentando 'não me aguento; eu sei que não pode, mas vou te perturbar mais um pouco' se esfregando no meio das minhas pernas, mas sem poder fazer mais que isso, enquanto eu explodia de tesão sem poder fazer nada", contou a mulher.

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Imagem: Adams Carvalho/UOL

Cláudia saiu para um corredor ao lado para pegar um ar e fumar um cigarro, "porque já estava quase engolindo a própria mão de tanta vontade". O safado veio atrás, contou ela. "Continuamos nos pegando pelados, tocando, roçando, quando um solteiro pediu para participar. Não demos muita bola, já que eu nem podia fazer muita coisa, e ficamos a dois; eis que ele puxa uma cadeira e resolve assistir nossa pegação", divertia-se. "Me abaixei pra chupá-lo e foi chegando mais gente, mais gente... até que tínhamos uma pequena plateia no corredor assistindo a nossa transa contida!"

O saldo do festival foi positivo: os organizadores já querem marcar o próximo em um hotel maior para acomodar as dezenas de pessoas que ficaram de fora dessa vez. Para Bruno e Cláudia, contudo, a festa nunca acaba. "Já temos um rolê marcado com meu 'single plus' para tirar essa semana de atraso e ai deles se não me fizerem gozar o suficiente", brincou, com um fundo de verdade, a ansiosa Cláudia.

*Nomes trocados