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Carluxo deixou o pai sem senha das redes. É 'Succession' ou 'The Office'?
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Jair Bolsonaro não manifestou pesar pela morte de Rita Lee.
Para quem não se solidarizou com as vítimas da pandemia, parecia coerente a indiferença com quem apelidou o próprio tumor de Jair.
O ex-presidente também manteve silêncio diante das vítimas de ataques a escolas de São Paulo e Blumenau, em abril.
Não deu um pio sobre a PL das Fake News e a ofensiva das big techs contra o Parlamento. Nem saiu em defesa de Donald Trump quando seu ídolo e mentor se tornou réu por 34 acusações e foi condenado a pagar US$ 5 milhões por abuso e sexual e difamação.
Ele não engrossou o caldo das revelações sobre a presença de um chefe do Gabinete de Segurança Institucional nos atos golpistas de 8 de janeiro nem projetou qualquer distúrbio com a CPI sobre o caso.
E se absteve de postar qualquer groselha sobre o fim da emergência da Covid, anunciada pela Organização Mundial da Saúde.
Fazia dias que o ex-presidente segue quieto em suas redes. Nem mesmo o ato de campanha, fora do período eleitoral, em sua participação na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), ganhou qualquer menção em suas redes.
O silêncio, que durava quase um mês, foi quebrado apenas nas últimas horas, quando gravou um vídeo anunciando que iria processar o presidente Lula (PT). Era o fim do remanso que não foi causado nem por juízo nem graça alcançada. Era consequência de uma travessura de seu filho 02, Carlos Bolsonaro.
Em 16 de abril, o vereador do Rio anunciou que estava abandonando a sua ocupação principal dos últimos dez anos: a administração das redes do pai.
"Informo que muito em breve chegará o fim deste ciclo de vida VOLUNTARIADO. Pessoas ruins se dizem as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade e isso não é exceção aqui", desabafou, em suas redes.
No mesmo dia, o perfil oficial do Bolsonaro pai publicou um vídeo atacando Lula, Dilma Rousseff e João Pedro Stedile.
Foi a única aparição do ex-presidente em suas redes em 25 dias.
O sumiço, segundo o colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles, é que Carlos não só parou de administrar as contas do pai como fugiu com a senha, deixando o ex-presidente sem acesso às próprias contas.
O enrosco se devia ao fato de que Bolsonaro teria voltado ao Brasil disposto a mudar o estilo inflamado, marca das postagens do filho, por um tom de comunicação mais suave, orientado por marqueteiros profissionais. São eles, ao que parece, as "pessoas ruins" que "se dizem as tais".
Amigos do presidente, incomodados com a má-criação do 02, esperavam que eles fizessem as pazes para voltarem a mobilizar sua base. Até que Bolsonaro voltou a postar,
Distante do pai e também da primeira-dama, com quem acumula discussões e entreveros, o vereador carioca certamente teme não ter para quem correr ou pedir proteção agora que avança contra ele as bordoadas das investigações sobre supostas rachadinhas em seu gabinete. A birra com as senhas era, antes de tudo, uma ingratidão com quem ensinou tudo a ele, inclusive a movimentar dinheiro suspeito com ajuda de funcionários.
Os roteiristas de 'Succession' não iriam tão longe ao investigar a saga dos filhos igualmente despreparados, insolentes, mimados e em guerra fratricida para chamar a atenção do pai autoritário, ora com bajulação, ora com gelinho. A diferença é que o drama familiar por aqui virou um misto de série true crime com as micagens de Michael Scott, o chefe paspalho de 'The Office'. Vale a pena não ver.
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