'Sempre gostei muito de sexo': atriz PcD revela estripulias com namorado

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César* e eu nos encontramos na noite de sexta-feira de Carnaval, 17 de fevereiro. Foi nosso "grito do Carnaval", se é que você me entende.
Nós namoramos há dez anos, mas moramos em cidades diferentes — ele, em Joinville; eu, em São Paulo. O combinado é um encontro mensal com três dias de sexo intenso. Temos um trato: fazer tudo que for gostoso para nós dois, sem julgamentos se é chato, feio ou proibido.
Foi com muita confiança um no outro, e no que passamos juntos, que ele começou a falar das fantasias dele. Muitas vezes, os caras não querem falar, mas sentem prazer se tocados perto do ânus. É o tipo de coisa que a sociedade pensa que é "errado" ou "feio", que é isso ou aquilo, o que impede muita gente de se entregar de verdade e gozar sem pudor.
Há um tempo, nós começamos a gravar nossos momentos mais íntimos, inclusive a depilação — não gosto de rola cabeluda, com moita junto. Entre um encontro e outro, ficamos nas preliminares, nesse sexo virtual, o que também me excita muito.
Na última vez que nos encontramos, fomos a um bar e, depois, ao hotel. Eu estava com um vestido estampado, pouca roupa de caso pensado, para ser mais rápido. Durante a espera, carícias e olho no olho. Depois, fomos tirando a roupa e começamos a nos beijar, sem muitas delongas. Ele já estava com o pau duro; o tesão, nas alturas.
César é um cara atlético e forte, do jeito que gosto. Tem um pau grosso e gostoso de 17 cm — ele jura que eu não medi direito e que na verdade teria 23 cm. César é amputado (coxa e perna). Assim como ele, sou uma pessoa com deficiência.
Aos 30, recebi o diagnóstico de neuromielite óptica, uma doença degenerativa rara que, no meu caso, atingiu membros inferiores. A fisioterapia me ajudou a conseguir fazer coisas mínimas, mas importantes, como tomar banho, comer sozinha e me maquiar. E a masturbação me ajudou a sentir prazer de novo. Foi assim que aprendi a entender meu corpo, aprendi a gozar. É um clichê, mas clichês também são úteis: muito melhor uma siririca bem feita que uma foda mal dada.
Sempre gostei muito de sexo. Sou uma atriz, bailarina e performer que não para. Na casa dos 50 e com muito fogo. César diz que um dos primeiros encontros foi um dos mais incríveis para ele, pois ele não tinha a menor ideia de como eu, cadeirante, ia gozar. Ele pensava que ia rolar beijo na boca e sexo oral. Mas rolou tudo e fomos muito além do gozo. Rolou intimidade.
Gosto quando ele me penetra e vai com os dedos no clitóris. Dessa vez, ele meteu massageando meu grelo explodindo. Gozou primeiro e já veio com a língua chupando meus peitos. César é do tipo que não tem preguiça: mando uma buceta na cara, ele já dá um trato. Gozei minutos depois. Orgasmos múltiplos. Foi o primeiro dos muitos "gritos do Carnaval".
Peguei um dos nossos brinquedos, uma das próteses que tornam tudo mais gostoso. Tenho várias de látex, que imitam a textura de um pau de até 20 cm. Dessa vez, a escolhida foi uma cinta de couro e fivelas com um "pênis realístico" de silicone de 17 cm, com glande definida e veias salientes, uma das queridinhas do meu acervo. É ótima para a inversão de papéis. Naquela noite, foi a que usei para penetrá-lo por trás. Ele chegou a ficar trêmulo de prazer e gozou no meu corpo.
Depois, foi a vez dele usar um dos brinquedos em mim. É uma prótese para dupla penetração que vibra ao entrar em contato com o clitóris e o anel escrotal, com um extensor de 2,5 cm. César intercalava a vibração das duas próteses com um sexo oral bem gostoso, daquele que põe o grelo bem dentro da boca. Perdi as contas dos orgasmos que senti.
Jantamos depois, para recarregar as energias. De sobremesa, bolo de copo de chocolate. Trinta minutos depois, estávamos transando novamente.
Não foi a primeira vez que gravamos, mas foi a que gravamos mais vídeos detalhados das nossas transas, com mais zoom. O lance do vídeo dá um tesão diferente: uma coisa é se excitar vendo os outros; outra é se excitar revendo você mesmo fazendo e sentindo prazer com aquilo. A gente gravava, olhava e ficava excitado de novo. Daí trepava gostoso, sem preguiça. E nessa fomos direto até as 14h de sábado.
César já foi embora. O relacionamento a distância é bom porque ficamos o tempo todo com saudade. Agora, a gente passa um mês revendo nossos vídeos. As lembranças são nosso energético até o próximo encontro. É um amor 50+, com muito fogo, prazer, respeito, e o melhor de tudo: liberdade.
*Mona Rikumbi, 52, é atriz e participa do Projeto Transo, cujo objetivo é retratar a pluralidade dos desejos e romper tabus capacitistas em torno do sexo
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