Sexo acrobático no palco e na cama garantem sucesso de stripper
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"Escolho o primeiro que estiver na minha frente." Um homem está sentado em um desses sofás de night club de luxo na zona sul de São Paulo, todo embasbacado com Natacha Monsen já quase sem roupa. Ela se aproxima. Joga as pernas sobre os ombros dele. Com as mãos, apoia-se nas coxas da vítima e começa a dar bundadas em seu rosto. É a chamada "surra de bunda".
Anos atrás, as funkeiras difundiram a prática, com sequências de verdadeiras porradas glúteas, chegando até a deixar grogue o incauto que subia ao palco. Mas Natacha é adepta de uma versão delicada. É quase uma sessão de hipnose, rebolando e esfregando suas nádegas lentamente diante do sorriso alheio.
Os contorcionismos continuam quando vai para o quarto. "Tem que ter preparo físico pra fazer um carrinho de mão bem gostoso. E eu tenho." Na posição, ela troca os pés pelas mãos, fica de ponta-cabeça, enquanto suas pernas são seguradas pelo parceiro, que de pé a penetra. Ele garante a ereção, mas é ela, plantando bananeira, que fica responsável pelo "movimento sexy".
Outra especialidade é o vaginal giratório: com o homem deitado, ela vai por cima, virando para todos os pontos cardeais. "Os homens adoram. Gozam sem quase precisar se mexer."
Natacha também já transou no palco diante do público, comandando as ações no estilo dominadora. Duas vezes. Mas o lugar, digamos, mais desafiador foi um cemitério. "A situação me deixou excitada. Ele me colocou em cima de um túmulo e me comeu ali. Foi bom, mas, quando terminou, fiquei com muito medo, porque já estava anoitecendo. Achei que ia aparecer alguma alma e levar a minha. A gente saiu correndo."
Carrossel libidinoso
Só de lingerie e uma capa longa de tule, Natacha, 25, sobe ao palco. Encosta a bunda no mastro. Rebola a bombordo e estibordo. Dobra o joelho, desce devagar até o chão, quica três vezes e se ergue de golpe.
Tira a capa transparente, que tremula no ar como uma bandeira com os rodopios dela. Joga a peça no chão. Segundos depois, é ela que mergulha, mostrando sua técnica de solo, em uma coreografia deslizante que termina com encoxadas contra o piso.
Jogar cabelo para trás, mostrar a língua e encarar o público é moleza. O desafio mesmo é mostrar força, flexibilidade e volúpia de cabeça pra baixo durante a sessão de pole dance.
Para recuperar o fôlego, tira vagarosamente o sutiã e a calcinha. Assim, a stripper revela aos poucos a anatomia que já habitou até capa de revista masculina. Diante dos admiradores, empina o bumbum e pulsa o glúteo de um lado e depois do outro, truque adquirido após meses de treino em academia.
Uma nudez errante
Monsen já se apresentou no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Por seu show, além dos custos de viagem, o contratante deve desembolsar R$ 1.000. Se fechar várias noitadas, ela reduz o cachê diário para R$ 600.
Na fachada das boates interioranas, o pôster anuncia "hoje: strip-tease da capa da revista Sexy". Com outras quatro garotas, ela estampou a edição de maio de 2022. "Não ganhei cachê nenhum, ainda tive que pagar parte da produção. Foi mais um investimento", revela, sobre a publicação que chegou a rivalizar com a já extinta Playboy atrás de bem remuneradas musas nacionais — isso, porém, foi há mais de 15 anos.
Monsen nunca havia assistido a uma aula de pole dance até que foi convidada, em setembro último, para participar de um concurso de strip. O torneio aconteceu na Fazendinha, tradicional resort erótico que existe desde 1976 na cidade de Monte Mor (SP). Para a disputa com outras 11 modelos, fez cinco lições para aprender novas manobras. Não venceu. A ganhadora, escolhida pela única jurada da noite, a ex-chacrete Rita Cadillac, foi justamente uma professora de trave vertical.
Diz que, pelos night clubs em que se apresenta, é sempre bem recebida. Só uma vez foi hostilizada. "Estava no meio da minha dança no solo, e a menina derramou champanhe em mim. Foi inveja, ciúmes, sei lá." Aconteceu numa cidade da Serra Gaúcha. Como forasteira, preferiu não cair na provocação, e a noite seguiu tranquila e lucrativa.
Ao contrário de outras strippers, Monsen não esconde que faz programa. Em São Paulo, onde mora há três anos, a sergipana cobra R$ 1.000. Mas, durante suas excursões pelo Brasil, reduz até R$ 600, adaptando-se ao poder aquisitivo de cada região. "Tem casa em que me apresento por aí que as garotas cobram R$ 100, R$ 200. Tenho que fazer um desconto, né? O pior mesmo são os mineiros: de tão pechincheiros, a gente até perde o tesão."
Aprecie sem moderação
"Sou fogosa. Me masturbo de manhã e de tarde vendo um pornozinho no celular. Adoro cena de ménage com dois homens e uma mulher. O orgasmo já está garantido quando vou trabalhar à noite. Gozando ou não, já estou no lucro."
Natacha Monsen se define como ninfomaníaca. Nunca consultou psicólogo para receber o diagnóstico, mas leu no celular sobre a compulsão por sexo e se identificou.
A compleição magra que carregava desde a adolescência ficou bombada com muita academia e algumas injeções de testosterona sintética. Pernas ganharam novos contornos musculosos e a bunda se avolumou. "Encontrei as meninas da escola que faziam bullying comigo, e elas pagaram um pau e vieram perguntar o que precisavam fazer para ficar com um corpo como o meu. Os garotos que nem me olhavam queriam sair comigo."
Monsen foi casada por dois anos. Quando se separou, começou a fazer programa para se sustentar. Em uma noite de movimento fraco na boate de Aracaju em que trabalhava, pôs-se a dançar e, ao final da canção, colegas e clientes aplaudiram. Foi o estímulo para começar a se apresentar. Autodidata, aventurou-se no pole dance, sem nunca ter se machucado em suas evoluções na trave vertical. Por outro lado, ralou muito joelho nas coreografias de solo.
Só largou a vida noturna por alguns meses quando se apaixonou por um cliente e foi morar com ele em Penedo, cidade alagoana à beira do rio São Francisco. "Sou até agora apaixonada, mas ele não deu conta do meu fogo." Após brigarem, ela veio morar em São Paulo, mas nunca tirou o anel de compromisso dado por ele. Gostaria de reatar, mas isso não é mais possível: seu amor foi assassinado no início de 2022.
Essa perda reforçou para ela a ideia de que a existência é muito curta, e Monsen não economiza nem dinheiro nem orgasmo, aproveitando a circunstância de estar viva e gozando de ótima saúde.
Sexy e louca
Mesmo sem roupa, Natacha nunca está descoberta. Na coxa esquerda, tem uma tatuagem de uma cinta-liga com um revólver cano longo. Uma gaiola aberta estampa as costas. Desenhos de bocas, panteras e balas decoram seu corpo de pin-up do século 21.
Apesar de viver da nudez em público e do sexo em privado, ela tem dificuldade para se autopromover, principalmente no ambiente digital. Fotos ousadas já derrubaram três vezes seu perfil no Instagram, o que a fez perder milhares de seguidores.
Ela não tem página no OnlyFans. Abriu sim uma no Privacy, site concorrente de conteúdo adulto por assinatura, mas não é tão assídua. "Postei umas fotos e vídeos, mas sou muito preguiçosa para produzir todo santo dia."
Já recebeu propostas para estrelar filmes pornôs e testes de fidelidade e pegadinhas na TV, mas recusou. "Não é a minha. Realizo meu sonho de ser atriz interpretando meus personagens no show de strip."
Em suas apresentações, ela incorpora policial, noivinha e odalisca. Mas sua preferida é Arlequina. Ela tem um desenho da vilã dos quadrinhos na panturrilha e já pintou o cabelo de azul e vermelho para se parecer com ela. "Ela é sexy e louca, como eu."
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