Brasil Para Maiores #3: Banheira do Gugu e Rita Cadillac: TV nos anos 90 e o pornô de celebridades
Uma série de acontecimentos históricos pavimentaram o caminho de Alexandre Frota até o escritório da Brasileirinhas. Agora, no terceiro episódio de "Brasil Para Maiores", os repórteres Marie Declercq e Tiago Dias visitam a casa de Rita Cadillac, atriz e ex-chacrete que teve uma fase no pornô, para entender como a sensualidade evoluiu dos anos 1970 até os anos 2000. O episódio pode ser ouvido acima, no YouTube do UOL e em todas as plataformas de áudio.
Rita começou a carreira como dançarina do programa do Chacrinha nos anos 1970. Na época, teve que enfrentar censores nos bastidores medindo o tamanho do maiô. Assim como Frota, fez uma carreira longeva apostando na própria sensualidade.
Enquanto ela ganhava o povo, o Brasil passava por uma transformação. Com o final da ditadura militar, na segunda metade dos anos 1980, a TV brasileira se viu livre da censura e começou a testar limites para ganhar a batalha pela audiência.
Foi assim que, anos mais tarde, quadros polêmicos como "Banheira do Gugu" e o "Sushi Erótico" do "Domingão do Faustão" invadiram os programas dominicais assistidos pelas famílias brasileiras. Brincadeirinhas sexuais e nudez "acidental" marcaram a puberdade na TV brasileira pós-redemocratização, o que parece ter aberto caminhos para a entrada das celebridades nos filmes de sexo explícito, alguns anos depois.
A passagem de Rita no pornô durou pouco mais de três anos e não é, para ela, uma lembrança feliz. Assim como Frota, a ex-chacrete decidiu fazer pornô pelo dinheiro. Ela conseguiu comprar a casa própria, mas descreve a passagem pela indústria como um grande trauma.
Você pode ouvir o podcast "Brasil para Maiores" em plataformas como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e YouTube.
Confira abaixo o roteiro do episódio 3:
Brasil Para Maiores - Episódio 3: Um país na puberdade
Aviso: este programa contém linguagem forte, descrição de cenas explícitas e pode não ser adequado para todos os públicos. Não ouça ao lado de crianças.
[Áudio making of Brasileirinhas]
Diretor: Bom, já rodamos, trabalhamos, nos divertimos e aí? O que que você achou?
Rita Cadillac: Comemos (risos)
Diretor: Comemos, literalmente
Tiago Dias: Quem tá falando aí é a Rita Cadillac. Ela tá num camarim, com um prato de frutas no colo, descascando uma banana.
[áudio making of Brasileirinhas]
Diretor: Satisfeita?
Tiago Dias: Rita fecha a cara, desconfiada
[áudio making of Brasileirinhas]
Rita: Satisfeita? Não.
Rita: Falta realizar as minhas fantasias. Eu realizei de todos, dos fãs eu realizei, de todo mundo. E agora, e a minha? Fica onde? Num segundo filme, num terceiro filme, caralho (risos)
Diretor: Você faria um segundo filme com Alexandre Frota?
Rita: Não
Diretor: Por quê?
Rita: Acho ele muito bad boy, muito louco.
Tiago Dias: Essa cena aconteceu em 2004, nos bastidores do filme "Sedução", que marcou a estreia da Rita no pornô. Foi uma daquelas entrevistas que normalmente entra como extra nos DVDs.
[áudio making of Brasileirinhas]
Diretor: E qual o tipo de homem que te atrai?
Rita: Romântico.
Diretor: Como você espera a repercussão da mídia?
Rita: Pra falar a verdade?
Diretor: Ah-hã.
Rita: Eu espero que saibam compreender o trabalho que estou fazendo, como experiência e tudo, mas a gente sabe que a hipocrisia vai reinar, como está reinando com o Frota, com tudo, a gente sabe que vai reinar, que é muito mais fácil você aceitar as pessoas transarem toda semana com homens diferentes e mulheres diferentes, do que fazer um trabalho desse, que pra mim está sendo um trabalho de atriz. Então estou preparada para o que a mídia vai falar.
Tiago Dias: Lá em 2004, a Rita disse que tava preparada pra toda essa repercussão, mas hoje a história é outra.
Quando eu fui atrás dela, a Rita sempre se mostrou solícita e simpática para trocar uma ideia, mas deixou claro que não queria falar sobre a fase no pornô.
[áudio WhatsApp]
Rita Cadillac: Não, meu amor, é que eu nem quero falar sobre filmes, nada sobre filmes, porque as pessoas imaginam que é só isso. E não é só isso. Sobre filmes, hum hum hum, tô fora.
Marie Declercq: Mas a gente não queria falar só sobre os filmes.
A Rita é um ícone pop, com um entendimento único, em primeira pessoa, de como o erotismo atravessou gerações no Brasil.
A sensualidade é a ferramenta de trabalho dela desde que entrou no programa do Chacrinha em 1975. Ela é a pessoa ideal pra falar sobre a relação do brasileiro com a sexualidade.
E isso é algo que nós também queremos discutir nesta série.
Tiago Dias: Quando a gente explicou isso, um milagre aconteceu:
[Toque de interfone]
Rita Cadillac: Alô?
Tiago Dias: Alô Rita, é o Tiago.
Rita Cadillac: Vou descer, meu amor.
Tiago Dias: Tá bom, obrigado.
Marie: Enquanto a Rita desce as escadas, a gente se apresenta. Eu sou a Marie Declercq.
Tiago Dias: Eu sou o Tiago Dias e esse é o Brasil para Maiores. Uma reportagem em áudio do UOL TAB que resgata a explosão da pornografia brasileira e o surgimento do pornô de celebridades.
Marie Declercq: Neste terceiro episódio, a gente vai viajar na trajetória de sex symbol da Rita. Da fama que conquistou numa TV então mais pudica que, com o passar das décadas, foi ganhando quadros mais apimentados, como a Banheira do Gugu e até um sushi erótico exibido na Globo num domingo à tarde.
Foi o puro suco televisivo dos anos 90 que culminou, claro, na era de celebridades no pornô.
Tiago Dias: Eu tava atrás da Rita fazia um tempo. Não que seja difícil encontrar ela na Santa Cecília, lá no centro de São Paulo. Ela é conhecida por toda a vizinhança. Compra bolo, vai na lotérica, sempre acompanhada de um cigarro na mão e do poodle Pietro, seu fiel companheiro.
A Rita recebeu a gente no apartamento dela. Nas paredes, quadros e retratos lembraram a gente várias fases de uma carreira de quase cinco décadas.
A Rita tem hoje 68 anos e é uma lenda viva - e sua trajetória, de fato, é muito, mas muito maior do que a passagem pela Brasileirinhas.
Marie Declercq: Antes da Cadillac, tinha a Rita de Cássia.
Ela nasceu no Rio de Janeiro e iniciou a carreira em um grupo de dança, viajando algumas vezes pra fora do Brasil.
O jogo mudou em 1974, quando ela tava trabalhando como dançarina na noite carioca.
Rita não tinha nem 20 anos, mas já tinha uma separação nas costas, de um marido abusivo e um filho para criar. Até que recebeu um convite inesperado.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Numa dessas, no dia da estreia, foi o Ricardo Teixeira, que na época ele era produtor do Chacrinha. Viu, me viu. Falou no dia seguinte com o Leleco, que é o filho Chacrinha. Aí falou Tem uma menina lá que é perfeita chacrete. Aí ele foi no outro dia, viu o show de novo. Aí chegou pra mim com o cartãozinho falando que o Leleco queria falar comigo, que era filho do Chacrinha. Aí eu falei "Chacrinha, quem?"
Marie Declercq: Se você, assim como a jovem Rita, não sabe quem foi Chacrinha. Bom, ele foi simplesmente o apresentador mais popular da TV brasileira até os anos 1980.
O Chacrinha inventou muito do que a gente conhece hoje nos programas de auditório, ele tinha um talento inegável pra falar com a massa e, claro, aproveitar a sensualidade das assistentes de palco.
Se as dançarinas do Faustão e as paniquetes um dia andaram, é porque as chacretes correram.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Aí não. É um apresentador que tem um programa que tem bailarinas. Eu falei ah tá. Vou lá. E aí, um belo dia eu estou no programa. Daqui a pouco, um som para Rita Cadillac e eu nem aí. Eu sou muito... Eu voo. Sou careta, mas eu estou sempre voando. E é aí, na terceira vez que ele falou meu nome, eu falei "Sou eu". Aí eu já fui para a frente. Aí passou, uns dias depois, eu ver alguém na rua, pegou e falou "Aí dá para você dar um autógrafo? Você é muito bonita, tal".
Tiago Dias: De alguma forma isso te surpreendeu então.
Rita Cadillac: Isso me surpreendeu porque eu falei "Pô, como, né?". Então já tô conhecida. Oi, já gostei da... Que é o tal bichinho que é a fama. Fiquei famosa. Oi, gostei disso. E foi ficando e ficando e ficando. Quando eu vi, eu tô dez anos.
Marie Declercq: O que faz uma perfeita chacrete? Porque você é a mais lembrada, né?
Rita Cadillac: Era aquela pessoa que era simpática e que dançava. Era eu. Aí é que eu falei "Onde ele viu a simpática?".
Marie Declercq: A Rita tá sendo humilde, o carisma dela se destacava, mesmo.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Quando eu via que a câmera vinha eu. Sabe aquele o olhar "Eu sou a gostosa"?. Mas isso foi que eu tinha que criar um personagem. Porque você sobreviver com 18 mulheres, 20 mulheres. Você tem que fazer alguma coisa com que você sobressaia. Tinha garota muito mais bonita, muito mais, sabe? Gostosa do que eu. Mas eu botava na cabeça.
Marie Declercq: Quando a Rita estreou no Chacrinha, o Brasil tava em plena Ditadura Militar e qualquer menção a sexo explícito na TV era algo impensável. O máximo que rolava era a pornochanchada no cinema, um gênero de filme que brincava com a sugestão sexual e o erotismo.
[áudio pornochanchada]
Ator: Doutora, a senhora é uma safada!
Atriz: Apenas mulher...
Marie Declercq: Só que a sociedade aos poucos foi tomando um ar mais liberal. No mundo inteiro, estouravam os movimentos libertários dos anos 60 e 70, que transpareciam nas roupas e no comportamento, ainda mais depois da invenção da pílula anticoncepcional.
Mas os militares não largaram o osso: a censura tava em todos os lugares. Igual inspetor de colégio, conferindo milimetricamente o tamanho dos biquínis e saias, tudo para não correr o risco de chocar a tradicional família brasileira.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Então, época de Chacrinha, os maiôs tinham censura. Você tinha que mostrar para a censura antes o maiô. Se ele tivesse enfiado...
Marie Declercq: Você, você tinha que aparecer vestida de maiô e o censor?
Rita Cadillac: É mas desde que não fosse cavadérrimo e tudo. E eu sempre fui muito safada. Então eu vestia, vamos dizer, o meu número era 42, mas eu dizia que era 40. Então, quando ia fazer a roupa, eu não respirava, que era para o collant não sair do lugar. Então, quando eu ia dançar, na hora que passava pela censora, também não respirava. Sabe aquele tempo assim, sem respiro para o maiô não sair do lugar? Então, quando começava o programa pronto. Agora dane-se. Porque ela tirava...
Tiago Dias: Antes de entrar no ar, né?
Rita Cadillac: E várias vezes estava lá dançando: "Vem, sai fora". Muda de roupa. Eu com uma roupa e daqui a pouco eu saindo. Mas o câmera nunca mostrava que era a censura, mostrando que era para mim sair. Não mostrava isso. A censura era isso. Então eu vivi isso. Então o nu era de uma forma, né? Termos que você usava e que hoje você não pode mais usar. Então, através dos anos, eu vi... Eu vi muito panicat, ex-panicat e eu falava a "Gente, eu era freira". Mas pra época não.
Tiago Dias: Ou seja, a sensualidade fazia parte da TV. Sempre fez de alguma forma.
Rita Cadillac: Sempre fez. De todas as formas.
Tiago Dias: Mas o segredo da Rita nem era o maiô cavado. O negócio ficava quente mesmo quando ela olhava fixamente pra câmera, apontando e girando o dedo indicador, como se estivesse hipnotizando os marmanjos em casa.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Eu vou olhar a ponta do meu dedo e vou ficar olhando lá. Como se não tivesse nem mexendo, mas mexendo. E ali já era uma parte sensual. Já era uma coisa que o pessoal delirava. Uma vez perguntaram o que eu queria dizer com aquilo. Eu falei assim "Imagine o que você quiser".
Tiago Dias: A imaginação do brasileiro foi longe com esse dedinho e Rita virou símbolo sexual. Mesmo sem saber cantar, ela emplacou o hit "É bom para o Moral". Outra cantora que disputava as paradas de sucesso nessa época, e que depois também surfou a onda do pornô de celebridades, foi a Gretchen.
Décadas depois, elas, que nunca foram muito chegadas, rivalizaram também no pornô. Elas nunca contracenaram juntas, veja bem, mas a Brasileirinhas lançou a tendência "duelo de titãs", "tipo 'Batman versus Superman'", juntando cenas delas de outros filmes num novo DVD. O título? Gretchen versus Rita.
Era incrível ver Rita se movimentando no palco enquanto apresentava a música em playback nos programas. Tanto que, com a quantidade de shows, ela teve que deixar o programa do Chacrinha. Rita virou uma musa popular e acessível, que rebolava onde o povo estava, fosse na Serra Pelada ou no Carandiru, onde inclusive ganhou o título de "Madrinha dos detentos".
Nessa fase "Lady do Povo", começou a cair a ficha de como o Brasil olhava pra ela, porque na época do Chacrinha o esquema era de vigilância e superproteção. A ponto da produção impedir que ela lesse algumas cartas mais saidinhas que os fãs mandavam pro programa. E, pra evitar cantadas e propostas indecentes, as chacretes não podiam nem dividir camarins com outros artistas, nem encontrar namorados na porta da emissora. Tudo pra evitar fofoca.
Com a carreira solo, Rita se acostumou rapidinho com essa tal liberdade, mas precisou impor limites.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: As pessoas imaginam que a mulher, se ela se expõe, se ela bota um biquíni mais cavado, ela está querendo chamar a atenção. Ela está querendo que você mexa com ela e não é isso. Você tem a sua liberdade como eu sempre tive a minha liberdade, o meu corpo. Vou usar o que eu quiser e isso não. Não deixa com que você venha falar alguma coisa para mim.
Tiago Dias: Não te dá liberdade, né?
Rita Cadillac: Nem um pouco. A liberdade pra isso não existe. Eu uso o que eu quero. Se eu quiser usar um shortinho, eu vou usar o shortinho, mesmo que você fale "Pô, Rita, você está nua pra andar aqui na rua". O problema é meu e isso não dá o direito para o cara vir passar a mão ou não dá o direito do cara vir e falar qualquer coisa. Eu não dou esse direito. Por isso que eu sou às vezes meio mal encarada.
Marie Declercq: O que tá muito claro para a Rita é que a sensualidade sempre esteve presente na TV. A diferença é que durante a ditadura, tava tudo nos detalhes. Um olhar mais lascivo, o dedinho da Rita apontando pra tela. Mas isso mudou em meados dos anos 80.
A ditadura acabou, levando a censura com ela em 1988 e foi dada a largada pra época do "é proibido proibir" da redemocratização.
E é por isso que a televisão dos anos 90 virou quase uma anarquia, um caos na terra. Todo mundo tava testando, ao vivo, os limites da nudez e do sexo. A burocracia da censura trocou de mãos, indo para o Ministério da Justiça para apenas recomendar a classificação indicativa das atrações.
Essa foi a deixa para que as novelas e séries da TV aberta passassem a apimentar as cenas de sexo, e a lidar com assuntos que até então eram tabu. E olha só: teve até atriz pornô participando de novela. A italiana Cicciolina teve por aqui em 1997 pra participar de "Xica da Silva", da extinta TV Manchete.
[chamada "Xica da Silva" na TV Manchete]
Narrador: Direto de Gênova, Cicciolina, a princesa Ludovica!
Tiago Dias: O sexo tava tão em alta que um programa popular sobre bastidores de cinema, o "Cinemania", ganhou em 91 uma versão proibidona. Cenas de sexo explícito eram exibidas de madrugada, assim, pra todo mundo ver. Esse programa colocou a Manchete em primeiro lugar no Ibope.
[chamada TV Manchete]
Narrador: Toda segunda, esquentando a madrugada o programa mais liberado da TV. Cinemania 2, mais forte ainda.
Tiago Dias: É, Deve ter dado ruim porque ficou pouquíssimo tempo no ar. O erotismo invadiu também os palcos com o espetáculo "Santa Clara Poltergeist", do cantor Fausto Fawcett. E se cada programa de TV tinha a sua musa, como Rita Cadillac no Chacrinha, a musa desse musical era Regininha Poltergeist, uma santa que tinha o poder de curar as pessoas transando com elas.
Loira, com cara de tímida e pose de modelo, não demorou pra Regininha pular do palco pra TV. Por áudio de Whatsapp, Regininha disse que naquela época rolava uma certa hipocrisia com quem brincava com a sensualidade.
[áudio Whatsapp]
Regininha Poltergeist: Sensualidade sempre existiu, erotismo. Só que as pessoas são muito hipócritas. Elas fazem as coisas de uma forma que elas não querem falar que fazem. Não querem demonstrar. Querem demonstrar sempre ao contrário e muitas das vezes são piores entre aspas do que muitas que fazem até por necessidade.
Tiago Dias: Depois de alguns anos fora da mídia, recebeu em 2007 um convite do próprio Luis Alvarenga, fundador da Brasileirinhas e muito fã da Regininha.
[áudio Whatsapp]
Regininha Poltergeist: Eu fiz. Assinei um contrato para quatro filmes. Na época, eu ganhei 400 mil reais e eles queriam que eu fizesse um outro, mais um filme. E eu não aceitei. Me ofereceram mais 100 mil na época. Eu não aceitei pela forma das coisas que eu teria que fazer e eu não aceitei.
Tiago Dias: Esse contrato rendeu uma situação engraçada. Regininha recebeu a primeira parcela do cachê em dinheiro vivo. E deixou São Paulo em direção ao Rio com uma bolada de 40 mil reais no bolso, o que hoje seria uns 130 mil reais. Na hora de passar no raio-x do aeroporto, os seguranças estranharam aquela quantidade de dinheiro e a Regininha foi colocada numa salinha pra explicar o que era aquilo.
Hoje, a Regininha é evangélica e vocalista de uma banda de covers. Ela explicou pra gente que ela topou gravar os filmes pelo mesmo motivo do Frota: grana ou a falta dela.
[áudio Whatsapp]
Regininha Poltergeist: Eu sempre falava que era uma coisa porque eu não queria fazer na minha vida, porque eu achava que eu não ia precisar. Eu achava que tudo ia acontecer da forma que eu queria, que eu imaginava, que eu sonhava. Na verdade tudo muda, né? As coisas acontecem de repente e quando você vê as pessoas que deveriam fazer a parte delas não fazem.
Marie Declercq: O apelo sexual foi uma das armas entre as emissoras na guerra pelo público. O "Domingo Legal", no SBT, foi muitas vezes líder de audiência graças à "Banheira do Gugu", onde "feats" improváveis aconteciam. Sério: onde mais daria pra ver a Carla Perez, dançarina do É o Tchan, e o pagodeiro Salgadinho, seminus numa jacuzzi, travando uma luta corporal pra pegar sabonetes?
[áudio Domingo Legal]
Gugu: vai, entra na água, minuto, valendo
(música do é tchan)
(risadas)
Gugu: vai lá, carla. Ganhou a Carla
Marie Declercq: Mas o ápice dessas cenas lamentáveis foi assistir Van Damme, astro de filmes de ação, tendo uma ereção (risos) dançando com a Gretchen. Eu vi, eu vi isso ao vivo.
[áudio Domingo Legal]
Gugu: O que é que é issoooo?
(risos)
Convidado: Eu acho que agora ele ficou sem dinheiro.
Gugu: Ah, ficou.
Convidado: Ficou duro!
Gugu: Bateu lá, viu.
Marie Declercq: Inclusive: sanduíche, Gugu, Gretchen e Van Damme (risos).
Tiago: Eu também vi. Era um domingo comum em família, né? Assistir Domingo Legal com o Gugu mostrando a capa da revista "Sexy" ao vivo, em seguida alguma atração infantil e, do nada, o Padre Marcelo Rossi.
E tinha pra todo mundo. A "G Magazine", por exemplo, não foi a primeira publicação voltada para o público gay no Brasil, mas foi pioneira em mostrar homens famosos com ereção nas fotos. E claro que isso também causava um alvoroço na TV.
[áudio Domingo Legal]
Gugu: O Lucas, que é capa da G Magazine, vai entrar com a Ronaldinha e com a Vivi. Atenção! Atenção! Minuto na tela!
Marie Declercq: A G Magazine, querendo ou não, ajudou a abrir a cabeça das primeiras celebridades a entrar no pornô. O Frota e o Mateus Carrieri já tinham posado nus algumas vezes antes de entrarem na Brasileirinhas.
Neste quesito, o Mateus foi o pioneiro em exibir o pau duro nas páginas da revista. Ele chegou a assinar o contrato antes do Frota, mas foi chamado para fazer "Chiquititas". Sabe essa novela? Como não caia bem ter o pai da protagonista, vivida por Fernanda Souza, nessa situação, ele pediu para G adiar o trabalho. Foi atendido.
Aqui vale um adendo: nos anos 90, não tinha nem a sigla LGBTQIA+, era GLS e olhe lá. E mesmo assim, a revista conseguiu colocar um monte de jogador de futebol, músicos e galãs de TV em uma publicação assumidamente gay. Assim, o clima de oba oba que rolava na TV também super ajudou. A gente gosta tanto da história da G Magazine, que a gente não resistiu e aproveitou a chance pra trocar uma ideia com a jornalista Ana Fadigas, criadora dessa revista histórica.
[entrevista Ana Fadigas]
Ana Fadigas: A G esteve no Fantástico, os jogadores de futebol foram muito, né?
Tiago Dias: Acho que a mídia também ajudou a naturalizar um pouco.
Ana Fadigas: A mídia era como se fosse uma parceira da G. E por vários motivos, inclusive porque é um meio mais gay do que hétero. No frigir dos ovos, entendeu?
Marie Declercq: Tinha uma ressaca meio da censura. Ainda não sei. Do pensamento.
Ana Fadigas: Tinha, mas já na década de 90, final, você podia enfrentar algumas coisas. Desde que você não se levasse muito a sério.
Marie Declercq: Em que sentido?
Ana Fadigas: Por exemplo? Intelectualmente falando. Vamos dizer assim. Não tinha casamento gay, não tinha nada. Eles diziam "ah é uma revista de homem pelado". Não era. Era uma revista para gay. Ela era muito bem feita. Entendeu? Então? Então existia isso, que era disfarce. Menosprezar, né? A ousadia existia.
Tiago Dias: De brincadeira, né?
Ana Fadigas: Entendeu? Ai, que delicinha! Sabe, assim? Não, era uma coisa séria. A G Foi até onde deu.
Marie Declercq: Essa estratégia de tratar a sensualidade na brincadeira, na inocência, aparecia na personalidade dos apresentadores que levavam o erotismo pra TV todo domingo. A Globo, claro, sempre teve fome de Ibope, e tomou medidas extremas e indigestas para sair na frente:
[áudio Domingão do Faustão]
Faustão: sabe quem tá com o sushi erótico, galera? Márcio Garcia, Oscar Magrini e Mateus Rocha. Afinal de contas, vocês aí estão preparados?
Oscar Magrini: Preparados e ansiosos e estamos com fome, Faustão. Vou só comer um salmãozinho.
Tiago Dias: O quadro era basicamente assim: uma mulher asiática, nua, deitada em uma mesa, com sushis posicionados em pontos estratégicos para serem degustados pelos convidados do programa. Cara, parece papo de maluco, mas aconteceu.
Só que o sushi erótico foi demais pro Roberto Marinho, o dono da emissora, que proibiu o Faustão de repetir a refeição dominical. Essa competição de quem ia mais longe entre as emissoras durou até os anos 2000. Mas calma, a gente vai fazer um intervalo muito rápido, antes de voltar pros dias de hoje.
Tiago Dias: Agora sim, de volta ao presente.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
(latidos de cachorro)
Rita Cadillac: Pietro. De boa, hein? Qual é a sua?
Tiago Dias: E para nossa conversa com Rita.
Marie Declercq: Rita nunca deixou de aparecer na TV, muito menos nos insanos anos 1990. Mas hoje em dia o que paga as contas dela é a internet. Ao mesmo tempo que conversava com a gente, ela também estava acertando os últimos detalhes para uma sessão de fotos pro Onlyfans.
Você já deve saber o que é Onlyfans, mas vamos lá: hoje, é a principal plataforma de conteúdo adulto, vindo direto de quem produz pra quem assina. No Onlyfans, Rita tem total controle do conteúdo que quer produzir para seus assinantes e isso importa muito pra ela:
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Sim, é pegada de revista e sensual. Uma coisa que você vai ver fala porra. Até que? Tá legal, tá? Eu faço com que você imagine que você queira mais. Marie Declercq: Isso que eu pensei, porque é uma coisa que você sabe, fazia isso nos anos 80, né?
Rita Cadillac: Sim, só que eu não tinha um domínio de nada.
Marie Declercq: Isso que eu ia perguntar. De domínio de conteúdo.
Rita Cadillac: Eu fazia as fotos para a Playboy, para Sexy, para todas essas revistas masculinas, eu fazia. Mas não era eu que interferia. No OnlyFans e no Privacy eu converso. Eu falo, assim. Então tem pessoas que querem. Tem um que é tarado por ver eu fumar. Então eu fumo. Mas ele só quer foto minhas fumando. E eu tenho que satisfazer ele. Tem um outro que está querendo um eu numa garagem. Já pediram para mim no cemitério. Falei "Esse você esquece".
Tiago Dias: Um pouco demais.
Rita Cadillac: Sonhe outra coisa, porque isso você não vai ter. Eu tenho pavor de cemitério, então isso você não vai ter. Então tem. E tem os pedidos que são exagerados.
Tiago Dias: Que querem mais.
Rita Cadillac: São pesados. Querem masturbação, querem ver você com uma mulher, querem ver você com um homem, entendeu? E eu falo não vamos menos, só um pouquinho menos. Vou tentar e eu fico nessa. Mas não. Não faço nada que eu depois eu possa chorar.
Marie Declercq: "Não faço nada que eu depois eu possa chorar": isso é como um mantra pra Rita do presente.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Já chorei na minha vida muito. Então não quero agora chorar. Eu quero fazer uma coisa que seja bom para mim. Mas bom também para as pessoas. Então, às vezes eu tenho que sacrificar com alguma imagem um pouco mais. Eu falei que no início eu falei "não vou fazer vídeos, vídeos que eu vou fazer são tudo de lingerie e só de camisola"? Mas não é isso que eles querem ver. Eles querem ver você nua. Então tudo bem? Então vamos fazer nua, tá? Vou fazer um vídeo nu. Mas nada que apareça RG, CIC, CPF, passaporte, nada.
Tiago Dias: Se hoje a Rita parece confortável produzindo o seu próprio conteúdo, a Rita dos filmes pornôs era bem diferente. O carisma e o magnetismo ainda estavam lá, mas a real é que ela não parecia à vontade em quase nenhum dos filmes de sexo que ela fez.
A maioria das pessoas que a gente entrevistou têm a mesma opinião: o desconforto era evidente. Como o nosso combinado com a Rita era de não falar sobre os filmes, a gente foi rever tudo que ela já tinha dito sobre essa época. E a sensação é de ver alguém falando sobre um trauma.
Apesar de tudo ter rolado conforme o contrato, e ela mesmo ter dito que foi bem tratada nas filmagens, a Rita colocou esse desconforto na conta de uma certa inocência dela na época do convite. Na cabeça da Rita, o filme ia ser algo mais leve, na linha da pornochanchada, que ela inclusive já tinha feito no início dos anos 80. Mas pornografia é outra coisa.
[áudio making off Brasileirinhas]
Diretor: Você falou com sua familia antes de fazer o filme?
Rita Cadillac: Antes de fazer o filme não, antes de assinar o contrato? conversei com amigos. Então eu topei fazer.
Tiago Dias: A gente ficou sabendo os números extra oficialmente: foi coisa de R$ 500 mil reais, que hoje seria quase 2 milhões. Rita topou nas vésperas de completar 50 anos. Depois de mais de trinta anos de carreira, ela pensava no filho, no próprio futuro e queria ter a casa própria.
A primeira gravação rolou no dia 26 de março de 2004, um domingo de Dia das Mães, foi logo depois do almoço de família. E como a sutileza não é o forte da indústria, Rita gravou a cena em um Cadillac vermelho que a produção da Brasileirinhas penou para encontrar. Quem se lembra daquele dia é o Pitt Garcia, que já era um ator pornô experiente quando contracenou com a Rita:
[áudio Pitt Garcia]
Pitt Garcia: Tem uma história com a Rita Cadillac que.. se vocês colocarem ela fala, meu. A Rita queria parar de gravar comigo.
Tiago Dias: Foi a do Cadillac?
Pitt Garcia: Exatamente. Teve um almoço com os atores lá, a Rita escolheu a dedo, "eu quero gravar com esse e com esse". Sem me conhecer. Sem me conhecer. Teve um monte de cara. A Rita teve que escolher os caras que ela queria gravar o filme dela, ela já me escolheu de primeira, "eu quero gravar com aquele lá."
Tiago Dias: E aí antes de gravar vocês conversaram?
Pitt Garcia: Imagina, normal. "E aí Rita, tudo bem com você?" Nem pensava em Rita Cadillac, "e aí como você tá?" "Oi, lindo, tá bem?" Não sei o que, conversava normal, tudo tranquilo. A única coisa que ela falava: "Pitt, se eu quiser parar você vai falar Banco do Brasil, minhas contas no meu apartamento que eu volto e vou gravar." Ela queria parar, exatamente o que eu falava no ouvido dela. "Não, vou parar, não consigo." Eu falava: "Rita, Banco do Brasil, seu apartamento." "Vamos voltar, vamos, vamos, vamos."
Tiago Dias: A própria Rita contou essa história em várias entrevistas, inclusive num quadro do programa da Luciana Gimenez, usando um "detector de mentiras", seja lá o que isso signifique.
[áudio entrevista no programa da Luciana Gimenez]
Rita Cadillac: Eu saí de lá suja, imunda, me sentindo a pior pessoa da face da terra, eu tomava banho de bucha para tentar arrancar aquela pele. Fiquei em depressão, tranquei a porta de casa, tranquei janela, eu tinha medo de sair. A primeira cena eu queria morrer. Eu bebi todas. Eu não bebo. Eu bebi todos os vinhos pró-seco, sei lá, o que me davam, eu bebia pra ver se conseguia encarar aquilo ali. Por mais maluca, que rebola, não sei o que lá, podem pensar o que quiser, mas eu sou uma pessoa que não era aquilo ali pra mim. Eu fiz programa antes, quando ainda era menina, seria um pouco mais fácil, mas aquilo machucou muito pra mim.
Luciana Gimenez: Jorge?
Jorge: Ela fala a verdade
(aplausos)
Marie Declercq: A relação profissional de Rita com a Brasileirinhas foi de 2004 a 2008, onde ela apresentou os filmes de carnaval e chegou a contracenar com outras celebridades.
[áudio Rita Cadillac apresentando o carnaval da Brasileirinhas]
Rita Cadillac: Seja bem-vindos, a porta do inferno está aberta. Venham!
Marie Declercq: A Rita fez filmes com o Mateus Carrieri, com o Marcos Oliver e até mesmo com o próprio Frota - que ela disse que não gravaria por causa da fama bad boy. Mas uma coisa é fato: todas as pessoas que nós entrevistamos para essa série citaram a Rita como um dos maiores nomes dessa era. Uns dizem que ela deu mais visibilidade e profissionalismo ao cinema adulto do que o Frota. Mas mesmo com todo mundo comentando isso pra Rita não tem jeito: esse assunto tá arquivado.
[áudio entrevista na casa de Rita Cadillac]
Rita Cadillac: Não é questão de que as pessoas não fazem mais ou deixaram de fazer, o fazem ou vão fazer amanhã. Não é nada disso. É que assim você se você fala uma coisa. As pessoas. Se você enfatiza muito aquilo, as pessoas só veem, só leem o que interessa, então só leem aquilo.
Tiago Dias: Entendi.
Rita Cadillac: Então eu sempre falo gente. Não tenho vergonha de falar do que eu fiz ou que eu deixei de fazer. Só que passou. Acabou. Não existe. O meu trabalho é outro e sempre foi outro. Aquilo foi uma parte que eu fiz. E acabou. Tchau, bença, Deus. Chacrete é um arquivo que está lá. Eu nunca mais fui chacrete. Eu nunca mais dancei no palco. Então está lá guardado. A pornochanchada estava guardada. Você entendeu? Então tudo tem o seu nicho e está guardado. Hoje eu não quero abrir essa porta.
Tiago Dias: A gente entendeu o recado e encerrou o papo. E a Rita tá certo, esse momento da Rita foi amplamente exposto na época, mas sempre visto como algo depreciativo, quase pecaminoso. E isso vira e mexe volta. Em 2013, a Record fez questão de colocar a Rita e o Marcos Oliver, juntos na sexta edição de "A Fazenda". No confinamento vigiado, o Oliver evitou Rita o tempo inteiro, fingindo que não se conheciam de outros carnavais. Ela comentou isso com os outros participantes:
[áudio "A Fazenda"]
Rita: Sabia que eu conheço o Oliver há muitos anos? Ele nao fala comigo
Participante: Eu não entendi, mas por que isso? Ele lembra que te conhece?
Rita: Você quer que eu fale o português claro
Participante: Eu quero, quero entender
Rita: Ele fez filme. E fez comigo.
Participante: Ai, que delícia
Marie Declercq: Mesmo com todo esse climão ao vivo, a Brasileirinhas não pensou duas vezes em relançar as cenas de Rita e Marcos Oliver em um novo filme, chamado, olha só: "Fazendo Sacanagem". É, essa coisa de reaproveitar cenas gravadas no pornô e lançar como se fossem novidade era uma coisa meio comum na indústria. Mas aproveitando que a gente falou do Marcos Oliver, finalmente chegou o momento da gente pular um pouco no tempo e ir para os anos 2000, quando as linhas do bom senso entre a busca por audiência e a baixaria, borraram de vez. E Oliver fez parte disso, mas quem foi símbolo foi uma imperadora nascida no interior do Paraná que fazia par com Oliver. A incomparável?
[áudio João Kleber]
PÁRA, PÁRA, PÁRA!
Marie Declercq: Tá bom, tá bom? A gente vai segurar essa informação até o próximo episódio, que vai falar de uma uma década em que a TV e a pornografia se uniram em um matrimônio bem esquisito.
O podcast "Brasil para Maiores" tem apresentação, roteiro e pesquisa de Marie Declercq e Tiago Dias. O roteiro também foi feito por Fernando Cespedes que adaptou o projeto para podcast. O desenho de som e a montagem são do João Pedro Pinheiro. A produção é da Marie Declercq, da Natália Mota e do Tiago Dias. O design é do Marcos Antonio Alves de Lima Júnior. A direção de arte é da Gisele Pungan e do René Cardillo. A coordenação é da Juliana Carpanez e da Olívia Fraga. O podcast é um produto de UOL Prime, com coordenação de Diego Assis e Leonardo Rodrigues. O projeto também conta com Alexandre Gimenez e Antoine Morel, gerentes de conteúdo, e Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.
Este episódio usou áudios da Brasileirinhas, da Rede Manchete, do SBT, da TV Globo, da RedeTV! e da Record TV; e trilhas do Epidemic Sound. // trilhas do Epidemic Sound, além das músicas "É Bom Para o Moral", interpretada pela Rita Cadillac, e "Remexe", das Chiquititas.
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