Brasil Para Maiores #6: Ex-magnata do pornô conta como perdeu tudo na 'produtora das bundas grandes'
Antes de a Brasileirinhas transformar o pornô brasileiro com a chegada das celebridades, quem liderava o segmento era a Buttman Brasil.
A Buttman foi fundada por John Stagliano, um dos nomes mais importantes da história do pornô audiovisual. O norte-americano emprestou do jornalista e escritor Hunter S. Thompson o termo "gonzo" para criar um estilo próprio que revolucionou o mercado nos anos 1990, com filmes mais realistas.
E quem trouxe ao Brasil o estilão marcante de Stagliano foi o paulistano Stanlay Miranda. Para o empresário e diretor, a Buttman Brasil tinha de ter padrão gringo: bons atores, locações absurdas, as atrizes mais bonitas do mercado e a consagração do "gonzo" — que fazia o espectador ter a sensação de que estava transando com a atriz.
O público brasileiro abraçou rapidinho a proposta da Buttman e logo a produtora estava dominando o mercado nacional, as bancas de jornais e a televisão. Ela foi a única empresa pornô que teve um programa na grade da TV aberta nos anos 2000, o "Buttman TV".
Neste novo episódio de "Brasil para Maiores", contamos da ascensão e queda da Buttman Brasil e a história de Stanlay Miranda, um ex-magnata do pornô que construiu o "império das bundas" e hoje vive de memórias de um tempo que não volta mais.
Você pode ouvir o podcast "Brasil para Maiores" em plataformas como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e YouTube.
Confira abaixo o roteiro do episódio 6:
Brasil Para Maiores - Episódio 5: O Império das Bundas
Aviso: Este programa contém linguagem forte, descrição de cenas explícitas e pode não ser adequado para todos os públicos. Não ouça ao lado de crianças.
Marie Declercq: A gente só queria ir no banheiro...
[Áudio externo]
Marie: Stanlay, onde é o banheiro?
Stanley Miranda: Aqui ó, naquela porta alí.
Tiago Dias: Vou aproveitar pra ir também...
Marie: Mas abrimos uma porta errada e demos de cara com uma pilha de fitas pegando poeira. Pensando aqui, era quase uma instalação artística, meio deprimente, de uma parte do pornô brasileiro.
[Áudio externo]
Tiago: Caramba, quantas masters tem aqui, Stanlay?
Stanlay: Ah, isso aí jogou muita coisa fora, cara.
Tiago: Perdeu-se muita coisa?
Stanlay: É, olha aqui ó, pra você ver..
Marie: "Comedor número 13", "O voyeur 28", "Garotas gostosas"... Não...
Stanlay: É, tem os nomes.
Marie: "Prazer em dobro".
Stanlay: Tem por... Tem americano e tem...
Tiago: Brasileiro...
Marie: Sim, "Prazeres Obscenos", "Big Natural Tits".
Tiago: As capas...
Stanlay: Aqui, olha, o VHS... Esse aqui é da Sabina. Essa que veio... quando eu fui no Jô Soares? Foi com ela.
Tiago: "To Brazil with love".
Marie: Sabina, Fernanda Kelly, "uma produção... Stanlay Miranda".
Stanlay: É...
Tiago: A gente foi explorando aquela pilha de fitas grandes, amontoadas que dividia espaço com objetos aleatórios, tinha pneu, computador velho.
Foi assim, entre a poeira e a rinite que a gente percebeu que estava numa espécie de central das memórias de Stanlay Miranda, o nosso guia no meio daquela bagunça toda.
[Áudio externo]
Tiago: Ah, essas estrelinhas aqui, né...
Marie: As estrelinhas...
Stanlay: Isso aqui também, ó.
Marie: Elegant An... "Elegant Angel!"
Tiago: Ah, isso aqui é capa de... parece de filme mais... filme, filme mesmo, sério, né?
Marie: É, se você virar aqui, aí vem o... né?
Tiago: Esse é brasileiro?
Marie: Esse... é Elisa Moor, Carla, Ana Kelly..
Stanlay: Esse aqui, ó, Snoop Dogg.
Marie: Caraca!
Tiago: Esses são alguns dos filmes lançados por aquela que foi a maior produtora de filme pornô do Brasil até os anos 2000, antes da Brasileirinhas abrir a porta para o Alexandre Frota e pra era das celebridades.
Tudo o que tem nessa sala, inclusive esse homem de cabelos grisalhos e andar lento, é o que sobrou da Buttman Brasil, produtora que foi o sonho molhado de muitos moleques e ambição de vários atores e atrizes pornô.
Marie: Mas como se antecipasse a crise que chegaria em breve na pornografia, esse império levou um tombo cinematográfico, deixando a Brasileirinhas reinando quase sozinha no mercado.
Já que falamos muito de TV aqui, vamos colocar essa concorrência entre as produtoras da seguinte forma: nos anos 2000, era como se a Buttman fosse a Globo e a Brasileirinhas o SBT.
Tiago: E o que restou dessa história está gravada na memória de Stanlay Miranda, o cara que fundou e afundou esse império do pornô.
Eu sou o Tiago Dias.
Marie: Eu sou a Marie Declercq, e esse é o podcast Brasil para Maiores. Uma reportagem em áudio do UOL TAB que resgata a explosão da pornografia brasileira e o surgimento do pornô de celebridades.
Episódio 6: O império das bundas.
Tiago: A gente encontrou Stanlay em 2022, mais de dez anos depois da derrocada da Buttman Brasil. Ele recebeu a gente num casarão no Pacaembu, área super nobre de São Paulo, cheia de mansões.
A propriedade não é dele, mas sim de um amigo, que emprestou o espaço para que Stanlay pudesse armazenar os poucos rastros físicos que sobraram daquela era abundante.
Olhando aquela sala cheia de tralha, é difícil imaginar que a Buttman de décadas atrás foi assim tão grandiosa.
Marie: É, mas foi realmente uma era grandiosa.
Das chacretes às paniquetes, você deve ter sacado a complexa relação do brasileiro com o tesão, a vergonha e o ambiente que transformava tanto atrizes pornôs em celebridades de TV, quanto celebridades de TV em atrizes pornô.
Você lembra nos episódios anteriores que a gente falou que existia um flerte bem intenso entre o universo da TV e o do pornô? Eles nunca se misturaram completamente. Era universos distintos, água e óleo, mas quem conseguiu ultrapassar essa fronteira foi a Buttman Brasil.
Começou em 2001 com a Buttman patrocinando o "Noite Afora", apresentado pela Monique Evans. Era um programa sobre sexo, sem meias palavras.
[Áudio do programa "Noite Afora"]
Monique Evans: O que você gosta de fazer mais?
Convidada: Na cama?
Monique: É. Gente, ela é toda... eu acho que ela faz, mas ela não gosta de falar. Ó, fala pra mim, o que você mais gosta de fazer?
Convidada: A posição que eu mais gosto de fazer é de quatro.
Marie: Custava caro manter um programa desse cacife, mas o Stanlay disse que era um investimento que gerava um retorno certeiro em vendas.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Era caro, era por semana alí.
Marie: Caraca...
Stanlay: Era... Eu acho que era cem pau, por aí, por semana.
Tiago: Mas na época pra Buttman não era um problema?
Stanlay: Não, dava para pagar, né? Porque era cem mil reais de investimento. Dava um retorno muito grande. E nós vendíamos as fitas, entendeu?
Marie: E haja fita, viu? As vendas bancavam não só o programa de TV, mas também um andar inteiro num conjunto comercial chiquérrimo em Alphaville, uma das regiões mais caras da Grande São Paul.
E, claro, a vida de bon vivant do Stanlay, regada a viagens, festas e gatas.
Tiago: Esse lifestyle era puro marketing. Parte do glamour da marca Buttman passava pela imagem do dono. Então não era raro ver o Stanlay literalmente vestindo a camisa da empresa por aí, cercado de um batalhão de mulheres entrando em baladas pelo Brasil.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Então a gente ia com as meninas tudo com o uniforme da Buttman. Dançando. Shortinho escrito Buttman aqui, assim. E aí, o DJ a hora que chegava falou assim "Buttman in the house." Aí aquilo fervia para caramba. A galera ficava louca. Até isso a gente fez, cara. Umas coisas diferentes, sabe? A gente abriu um leque um pouco maior do que só fazer o filme e vender.
Tiago: Mas só o marketing não bastava, tinha que ter produto. Pro Stanlay, era preciso investir em bons cenários, figurinos e equipe para entregar filmes à altura da marca.
E o cara não economizava em nada: além das mansões, que eram o arroz com feijão da produtora, ele chegou a fechar uma rua só para gravar um carnaval da Buttman em cima de um trio elétrico. Até navio e autódromo a Buttman alugou pra fazer bonito nas produções.
Lembra do Gil Bendazon, o ninja pornô e diretor da Casa da Brasileirinhas? A carreira dele começou na Buttman, duplicando fitas de VHS. Ele confirmou o estilão glamouroso do Stanlay até na hora de filmar.
[Áudio da entrevista com Gil Bendazon]
Gil Bendazon: Stanlay era um cara que investia pesado, cara, em equipamento, tudo. Ele não tinha problema nenhum. Ele gastava mesmo, cara. Ele, se ele não tivesse, por exemplo, um maquiador, ele pegava a menina de manhã, levava num salão, faz cabelo, unha, maquiagem, tudo nela. Tá, então, eu lembro na época que ele gastava muito para produzir um filme. Equipamento ele não tinha dó. Ele gastava, cara.
Marie: Mas a TV não era o bastante. O Stanlay colocou uma meta ambiciosa na cabeça: ele queria competir com nada mais, nada menos do que a Playboy, a maior revista masculina do Brasil que estampava globais peladas nas capas.
É por isso que um dos principais produtos da Buttman era a revista, que vendia mais ou menos 40 mil exemplares por mês. A diferença da Playboy é que a Buttman era assumidamente uma revista de sacanagem. Quem comprava, não escolhia pelas reportagens.
A revista servia como porta de entrada das atrizes iniciantes que eram contratadas pela Buttman. Uma delas foi a Fabi Thompson. Lembra que ela disse que estreou na capa de uma revista? Pois é, foi a revista da Buttman.
[Áudio entrevista Fabi Thompson]
Fabi Thompson: Eu não tinha nem saído de uma cena minha e daí saiu uma revista. Meu deus, eu estava em todas as bancas de jornal, de tudo.
Tiago: Ah, então podemos dizer que a estreia foi no impresso?
Fabi: É, mas eu não tinha a mínima noção do que era isso, de como ia ser esse negócio. Tipo, em um mês todo mundo sabia. Todo mundo me? porque era banca de revista, todo mundo passava e via. Aí eu já estava em várias.
Tiago: Filmes, revista, programa de TV. No auge da Buttman, ela tava mais pra um conglomerado de mídia do que pra uma produtora de filme pornô, mas claro que ela não começou desse tamanho.
O ato inaugural da Buttman no Brasil surgiu de uma bela de uma sacanagem, mas não essa que você está pensando:
[Áudio Jornal Nacional]
Cid Moreira: O presidente Fernando Collor anunciou logo no início da manhã as medidas que mudam a vida do país. O anúncio foi feito em uma reunião com o ministério e as lideranças dos partidos.
Tiago: Em 90, o então presidente Fernando Collor confiscou a poupança de milhares de brasileiros, era o infame 'Plano Collor'. Uma das poupanças confiscadas foi a do Stanlay, que na época tava montando uma empresa de importação em São Paulo.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Stanlay: Essa foi uma história louca, porque eu morei dois anos nos Estados Unidos e tal e trabalhei oito anos na General Motors, né? Então eu e minha ex-mulher abrimos uma empresa, eu falei "pô, eu vou vender cabeçote para bomba injetora." Pô, o Brasil é movido por caminhão, vou fazer isso. Aí, tal, fechei uma importação na Argentina. Peguei um avião, fui pra lá, fui pra Córdoba, tô lá, tal. Aí os caras começaram a perguntar "que pasa en Brasilia?", eu falei "amigão, eu vim comprar um negócio aqui, não me enche o saco", "que pasa, que pasa?", aí ele falou... "le presidente tirare"... falando espanhol, eu misturo tudo. Peguei o telefone, falei você tá de brincadeira, liguei para minha ex-mulher. "Escuta, deixa eu te falar um negócio. Os caras estão falando que o Collor tomou o dinheiro de todo mundo, ele não tomou o meu dinheiro não, né?" Ela falou "imagina, inclusive ele ligou aqui em casa e falou vou tomar do Brasil todo, menos do Stanlay, lógico que ele tomou.
Tiago: O confisco acabou com o negócio e Stanlay teve que rebolar pra mudar os planos. E o destino colocou na frente dele um gringo com pinta de canastrão.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Stanlay: Aí eu fui trabalhar de representante comercial, vendendo filmes para videolocadoras. Tirava pedido na videolocadora para uma produtora, só que eram filmes convencionais. Foi também onde eu trouxe o John para eles venderem filmes pornôs também, né
Marie: O John, no caso, é John Stagliano, o americano que criou a Buttman. Pra quem não conhece esse nome, vamos dar só uma pequena pausa na história para explicar quem é esse gringo.
John Stagliano é uma lenda do pornô. E o motivo disso é que ele inventou um gênero novo, que hoje é tão comum que parece que a pornografia já nasceu assim: o pornô gonzo.
Stagliano pegou a palavra "gonzo" emprestado do Hunter S. Thompson, um jornalista doidão que, resumidamente, escrevia reportagens em primeira pessoa. Ele basicamente se colocava nos textos.
A sacada do Stagliano foi adaptar essa ideia do gonzo ao pornô, criando assim um contraste gigante com a linguagem cinematográfica que rolava no pornôzão clássico dos anos 70.
Nos filmes de Stagliano, nós vemos toda a cena sob a perspectiva do homem que tá transando. É o que chamam de "point of view" ou POV.
O ator em si quase não aparece e as atrizes olham diretamente para a câmera, como se estivessem falando com o espectador e quebrando a quarta parede. Ou melhor, transando com o espectador. Era praticamente o cinema novo da putaria.
Nos anos 90, Stagliano já vinha gravar no Brasil na companhia dos atores Nacho Vidal e Rocco Sifredi. Ele adorava filmar no Rio, bem naquele esquema Brasil com Z: praias, bundas e caipirinhas.
Numa dessas visitas, Stagliano conheceu Stanlay e adorou o jeitão ligeiro dele. Os dois se deram bem na hora e o gringo confiou em Stanlay a missão de abrir uma operação da Buttman no Brasil. E fazia sentido: produzir tudo de longe dava muito trabalho.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Stanlay: Ele chegou um dia e "ah, Stanlay, tô cansado, eu quero montar uma produtora." Aí eu comecei, eu levei ele nas produtoras, assim, para visitar, para conversar com os caras. Aí chegou lá, ele falou "não gostei de ninguém, eu quero fazer com você." Pô, eu tava separado, sem dinheiro, falei "John, eu não consigo pagar essa coca-cola que eu tô bebendo, você vai querer fazer comigo? Eu não tenho dinheiro." Ele falou "não faz mal". Aí ele ia pro Rio, do Rio ele ia pros Estados Unidos. Aí chegou, me chamou pra eu levar ele pro aeroporto pra ir pro Rio, me deu trinta mil dólares na minha mão. Cash.
Tiago: Na verdade, foram 20 mil dólares. O que não deixa de ser uma quantia absurda, a ponto de Stanlay cogitar dar fuga no gringo.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Stanlay: Eu não tinha um tostão, irmão.
Tiago: Nem pra coca-cola.
Stanlay: Esse americano. Eu não assinei um documento, não assinei nada. O cara meu deu 30 mil...
Tiago: Se você quisesse sumir com o dinheiro.
Stanlay: Aí, eu usei isso nas palestras que eu dava pros meus vendedores porque eu falei "olha, a vida te coloca numa encruzilhada, você escolhe o caminho", porque eu podia ter pegado aquele dinheiro e sumir. Eu não teria nada hoje? Resumindo, quer ver, um ano e meio? um ano e meio pra dois, eu faturava um milhão de dólares por mês.
Marie: Já estabelecida no Brasil, a Buttman importava todas as produções americanas do Stagliano, mas também fazia filmes nacionais seguindo o selo de qualidade da marca: bons atores, locações absurdas e as atrizes mais bonitas do mercado.
Se as mulheres eram o diamante bruto da Buttman, só faltavam bons diretores que soubessem como esculpir. Na fase áurea da produtora, a Buttman contava com um time de primeira: o próprio Stanlay, o ator e diretor Fábio Scorpion, Valter José, Marcelo Storelli e Roger Lemos.
A produtora também foi uma das primeiras a colocar mulheres por trás das câmeras. Aretuza Lemos e Carla Borges fizeram história, mas caíram no mundo de tal maneira que não conseguimos encontrá-las.
Tiago: Mas o Valter José falou com a gente.
[Áudio entrevista Valter José]
Tiago: O seu primeiro filme foi quando? Você lembra da data e o nome?
Valter José: Foi em 99. Chamava "Criaturas Eróticas 1".
Tiago: Criaturas Eróticas 1
Valter: É, que eu fiz uma série: "Criaturas Eróticas 1, 2, 3, 4". E o pessoal não gostava lá da Buttman porque eles não gostavam de série. Aí depois eu fiz o outro chamado "Dispersas Perversões". Eles ficaram mais putos ainda.
Tiago: O Valter hoje tem 65 anos, é filósofo de formação e cinéfilo de carteirinha. No set, sempre tentava dar uma sofisticada nas produções, mas nem sempre as referências cult sobreviviam à tesoura da edição.
[Áudio entrevista Valter José]
Valter: Teve uma cena que eu fiz que acabou nem sendo lançada, que eu fui filmar para um tal de um cara chamado Lourenço, né? E aí, eu quis fazer um negócio meio Godard, assim, né? Meu, você sabe como é o Godard, né? No meio da cena aparece uma mulher lendo o livro vermelho de Mao Tsé-Tung. Você lembra de "A Chinesa"? Aí, eu peguei, trouxe uns livros do Heidegger, lá. Aí eu falei para mina ler. Depois o Lourenço cortou. Acho que nem lançou.
Tiago: Que genial
Valter: Depois eles ficaram muito puto comigo, né?
Tiago: Enquanto Valter tentava inserir referências à nouvelle vague e aos filósofos alemães, o Stanlay contornava o estilão mais pesado do mentor Stagliano.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Tiago: Qual era sua linha?
Marie: Qual era o seu estilo?
Tiago: De direção.
Stanlay: Eu gostava de uma coisa mais íntima, sabe? Por incrível que pareça, eu gostava que? eu ficava puto disse aqui, porque eu falava assim "você fala pro cara plantar bananeira", "pegar ela de braço, fazer isso, chupa o dedo do pé". Faz tudo. Eu falo "vai lá e dá um beijo nela", "irmão, você não sabe beijar, cara", porque eu assistia aos filmes e eu queria fazer alguma coisa que? que, que, que parecesse alguma coisa assim normal.Ah, "vamos começar o filme", "vamos". Aí ela tira a roupa aqui, senta aqui no sofá, acabou. Esse é o filme. Eu falei "pô, não deu nem para abrir a porta e vir caminhando aqui."
Tiago: Você queria... então era importante para você trazer o dia a dia? ações comuns...?
Stanlay: É, comuns e umas coisas diferentes, por exemplo, no haras eu peguei uma menina, eu falei pra ela "vamos fazer um banho de lama em você?" Então eu cavuquei um negócio legal, jogamos água, então ela se lambuzou toda na lama. Ela tirou a roupa, ficou de lingerie e foi sujando de lama e depois tirou a roupa e o cara comeu ela com lama e tudo. Você vê uma gravação, você fala "esse cara tá de palhaçada".
Marie: Na TV, mesmo com o fim do programa "Noite Afora" em 2004, a Buttman aproveitou a deixa para abocanhar o horário e fazer um programa só dela. E foi tudo ideia do Stanlay.
[Áudio entrevista Stanlay Miranda]
Stanlay: Foi a única produtora, isso eu me orgulho. Foi a única produtora que fez um programa de TV aberto, né?
A Buttman TV era exibida da meia noite à uma hora da manhã, nas sextas e sábados na Rede TV. O programa mostrava os bastidores dos sets de gravação, e era apresentado pelas atrizes Lana Starck e Juliana Pires.
E no finalzinho do programa um jovem de topete loiro bem anos 2000 apresentava trechos dos lançamentos do mês da Buttman:
[Áudio Buttman TV]
Apresentador: Boa noite, moçada, eu sou o Edson Strafite e você está no Buttman TV, chega mais. Sexta-feira, balada no nosso Buttman TV, pra você curtir sozinho, acompanhado em casa, com a esposa...
Marie: Hoje, o Edson tem 44 anos e trabalha como professor de inglês em Curitiba. Mas ele ainda se orgulha muito de ser um dos maiores entendedores de pornô hétero.
[Áudio entrevista Edson Strafite]
Edson Strafite: Eu falava sobre os filmes, mas lembrando que era TV aberta, então era, poxa vida, filme que John Lesley, com cenas de voyerismo, bastante sexo, convencional, o ator Manuel Ferrara, premiado. Então era mais floreando as coisas, mas tentando chegar perto do limite, né? Eu lembro de quando tive que falar de um filme do Mandigo, que era o maior, eu travei. Eu travo, porque eu ia falar pau e não sabia se podia falar pau: "Maior pau do pornô mundial".
A história do Edson com a produtora começou em 2003 quando ele tava cursando jornalismo e fez um trampo de produção para o filme "Buttman Tour Paraná". Esse foi seu primeiro contato com a indústria pornô. Ele tinha 25 anos.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: O Juliano Ferraz, a Gina Jolie, o nome dela é uma referência a uma atriz americana, os dois fazendo uma cena, num hotel, no centro de Curitiba. É uma das cenas mais fortes que eu assisti ao vivo até hoje. E foi a primeira. Eu não tinha referência nenhuma. Nenhuma. Zero. E aí fomos pra essa, pra essa gravação. Então eu não sabia o que fazer. Eu estava presente no lugar. Eu não fiz nada. Porque me pediram. Então, olha, fica ali, não faça barulho, e, de repente, tava lá os dois, né? Sem roupa e começaram a cena. Eu lembro que eles beberam vinho, e era vinho de verdade, não era suco de uva. Eles beberam vinho, eles pediram, né? Foi autorizado pelo diretor do filme e a cena foi crescendo assim. Porque havia uma conexão entre os dois. E a cena foi bastante intensa e bastante forte.
Marie: Depois de frilar em outras produções, o Edson foi chamado pelo Stanlay pra tocar sozinho a revista Buttman, mas dessa vez em São Paulo.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: Me brilhou os olhos né? Uma bichinha de Curitiba, lá de Santa Felicidade, com oportunidade de ser o jornalista responsável de uma revista que tem tiragem nacional, quarenta mil exemplares? E eu olhando pros meus colegas de faculdade que estavam felicíssimos que iam fazer assessoria política por quatro anos, que a cada quatro anos tem eleição, né? Mesmo com o conteúdo talvez não fosse de imediato o que me fizesse morrer de orgulho, eu também não conhecia o mercado, eu conversei com os meus pais e eu topei.
Marie: Ele tinha que cuidar de toda a parte escrita da revista que, como você pode imaginar, não era tanta coisa assim?.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: Eram cem páginas na revista. Cem páginas, porém, metade, mais da metade, sei lá, perto de setenta por cento é só foto. Então o texto tem pouco, tem legenda. Eu bati o pé e consegui colocar mais textos na revista.
Tiago: Em 2004, a Buttman vivia seu auge quando sofreu o primeiro grande golpe. O principal ator e diretor da produtora, o Fábio Scorpion, morreu de forma inesperada.
Fábio era uma figura conhecida da pornografia, um carioca de sotaque fortíssimo que carregava a fama de ter transado com mais de quatro mil mulheres. Além de ser diretor e protagonista da série de maior sucesso na produtora, "Scorpion". O Edson gostava muito do Fábio.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: Eu perguntei pra ele numa das entrevistas que eu fiz com ele. "Fabinho, quantas atrizes você já comeu?" Não sei se eu falei "comeu" ou "fodeu". Alguma coisa assim. Aí ele me corrigiu. Ele era gente boníssima. Gente, assim, boníssima. Ele virou pra mim e falou assim, sério, "Ed, aqui, eu nunca comi ou fodi nenhuma. Eu faço uma performance. Elas são atrizes". Entende? Para deixar claro que foder era coisa que se fazia por aí. No trabalho, ele atuava. Então ficou muito claro pra mim com esse toque muito sério do Fábio Scorpion. Excelente ator. Talvez um dos melhores que a gente teve até hoje.
Tiago: O boato na época foi que ele tinha morrido de complicações causadas pela Aids. Pura fake news. O real motivo foi banal.
Fábio morreu por complicações decorrentes de uma cirurgia plástica que fez na panturrilha. Foi um baque. Um dia ele tava na produtora, saudável e animado, e no outro, no hospital.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: E ele queria botar essa inhaca na panturrilha, que ele malhava, malhava, malhava, mas não crescia. E aí ele foi fazer o teste. Eu morava na Vila Mariana, do lado de um hospital que se chama Sepaco. Aí ele foi lá fazer o teste, ele teve reação, passou mal, passou o fim de semana todo mal, ninguém sabia dele. Aí eu lembro que ele chegou na produtora na segunda, rolando de rir. "Ai eu passei mal, desmaei". E ria. O som da risada dele. Sabe a risada gostosa de criança? Era a risada do Fábio Scorpion. Aí ele disse: "Não, mas ma quarta ou quinta-feira eu vou fazer". Eu disse: "Fábio não faça, você já passou mal." Ele disse: "Não, eu vou fazer, foi só uma reação." Enfim, aí infelizmente foi onde ele faleceu, ele teve reação à substância do implante que ele queria fazer e acabou falecendo.
Tiago: A morte do Fábio, aos 34 anos, ainda mais da forma como foi, ainda mexe com o Stanlay. Os olhos até marejaram quando ele falou do amigo.
Na Buttman, Scorpion gravou 49 filmes. Quer dizer, 50, contando com um episódio póstumo.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Ele foi fazer silicone, deu ataque do coração deu um negócio no coração, sei lá eu. Morreu. Porra, fim de semana nós no enterro do Fábio, você é louco. Tava no auge.
Marie: Foi 2003, 2004 que ele morreu. Foi super no auge.
Stanley: Por isso que eu falei que nós paramos no 50 que foi, até fui eu que dirigi. Não foi o Fábio, né, porque eu peguei coisas do Fábio que ele tinha feito e fiz o 50 em homenagem a ele. A série Scorpion vai até o 50, que era o último filme dele.
Marie: A morte do Fábio bateu pesado, mas a Buttman seguiu liderando o mercado, competindo principalmente com a Brasileirinhas.
Você lembra que no primeiro episódio a gente contou que o Alexandre Frota fez um leilão em todas as produtoras brasileiras? Ele acabou fechando com a Brasileirinhas, mas a primeira porta que ele foi bater foi a da Buttman.
O Gil Bendazon lembra exatamente quando o bad boy chegou lá.
[Áudio da entrevista com Gil Bendazon]
Gil: Ele já veio com um cara junto, ele falou "eu vou fazer isso, isso, isso." E aí é aquela coisa. Naquela época, o mercado funcionava diferente de hoje. O mercado consumia mais produto americano do que brasileiro, tá? Então ele se achava, como ele era o Frota, que ele iria estourar. Então na época teve aquela confusão, ele acabou indo na Brasileirinhas. Aí foi onde ele começou a fazer filme.
O Stanlay não se interessou. Na cabeça dele, a Buttman já faturava alto distribuindo os filmes que fazia, e alguma coisa dizia que misturar gente da TV naquele mundo não seria uma boa.
Ele então fez um acordo de cavalheiros com o Luis Alvarenga, dono da Brasileirinhas na época: cada um fica com seu filão, ninguém mexe com ninguém.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Eu falei "não, eu não quero, deixa eles", entendeu? Eu falei "pô, a gente vende muito bem." Aí briguei lá dentro da empresa com meu diretor comercial, que queria me matar.
Tiago: Quando as celebridades começaram a levar a marca da Brasileirinhas para todo canto, aí o Stanlay sentiu a água bater na bunda e ele foi correr atrás do estrago. Viajou pro Rio pra tentar fechar um contrato com uma global, mas ele nem se lembra do nome dela.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Putz, ela nunca fez filme pornô, ela não fez, mas ela aparecia nas revistas, sabe? Ela era da Globo, uma que é casada com um cantor aí. Mas ela não fez filme pra ninguém. Só que ela aparecia muito em revista, em ensaios fotográficos nu. Falei "pô, vamos falar com ela, já que é para pegar, vamos pegar logo o top pra estourar a boca", né? Que a gente não ia pra... alí, vamos começar aqui. A gente ia lá em cima, entendeu?
Tiago: Olhando pra trás, claro que o Stanlay se arrepende de não ter entrado na onda das celebridades, mas a queda da Buttman teve muito mais a ver com uma questão pessoal do que de mercado.
Marie: O Stanlay foi casado cinco vezes. O divórcio dele com uma das esposas foi o estopim pra destruição da Buttman.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Eu estava no auge, meu auge, maravilhoso, assim, bem de vida para caramba. E meu erro acho que foi por a minha, minha esposa para trabalhar comigo. Sei lá eu.
Marie: O fim da Buttman e do casamento de Stanlay é um assunto que rende até hoje porque foi um término bastante conturbado que todos os funcionários da época acompanharam.
A gente sabe que fofoca pela metade é a principal causa de morte de ouvintes de podcast, mas a gente vai ter que assumir esse B.O. porque não conseguimos falar com a ex-esposa do Stanlay. Na época, ela gerenciava a parte comercial da Buttman.
O Edson foi uma das testemunhas oculares dessa separação:
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: Duas pessoas muito talentosas em áreas importantes que fizeram a Buttman virar o que todo mundo que acompanhava via naquela empresa. Mas aí eles se separaram, né? A separação não foi muito fácil. Divisão, brigas. Eu cheguei a ver Stanley em uma cena horrorosa, ele sendo retirado, literalmente, ele foi retirado de dentro da empresa dele na época do divórcio.
Marie: Não é força de expressão, o Stanlay conta que foi literalmente isso.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Marie: A sua ex-esposa da época te trancou para fora do escritório de Alphaville? É isso?
Stanlay: É, foi.
Marie: Você pode contar isso ou não?
Stanlay: Eu não entrei dentro da minha empresa.
Tiago: Isso antes do...
Stanlay: Depois, foi separando, foram todas as coisas, né? Então eu já estava meio xarope, aí eu fui entrar, eu deixei o carro no estacionamento, eu fui entrar...
Marie: Em Alphaville, né?
Stanlay: Em Alphaville, ali na Rio Negro, o oitavo andar todinho era nosso. Aí, o cara da portaria falou "Stanlay", quase chorando, "eu não posso deixar o senhor entrar", eu falei "O que?!", "Náo, tem que pedir lá em cima a autorização". Falei "você tá com brincadeira?", "Não", falei "então pede a autorização". Aí ele "senhor Stanlay, não deixaram entrar".
Tiago: A separação fez Stanlay entrar em uma depressão que culminou na queda da empresa. Um dos magnatas do cinema adulto abandonou o barco total. Largou tudo na mão de terceiros e deu as costas.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Eu não tinha mais força para aquilo, sabe? Eu não sabia, acho que eu não consegui ver o que eu estava jogando fora. O que eu estava destruindo... O império que eu construí. Eu construí aquilo. Não foi... não quero me gabar assim, mas fui eu que construí aquilo. E eu joguei fora, joguei todas as coisas fora, larguei a mão de tudo. Fui largando, porque comecei a não poder ver minhas filhas, começaram umas coisas muito mais difíceis para mim, entendeu? Aí eu fui largando tudo. Perdi casa em Alphaville, fazenda, haras, carro, peguei e fui embora.
Tiago: Sem o comandante por trás do leme, o barco saiu da rota. Tanto que o John Stagliano, fundador da Buttman, parou de falar com a empresa no Brasil e começou a licenciar os filmes gringos direto com a Brasileirinhas.
Logo antes do Stanlay desistir de tudo, Edson foi demitido da empresa. Era o fim de uma relação de trabalho de cinco anos.
[Áudio da entrevista com Edson Strafite]
Edson: Eu fiquei na Buttman até 2007. Na verdade eu fui dispensado da Buttman. Isso é muito engraçado, por mais que fosse no pornô, né? Mas a vaidade de estar na televisão, ai acho tão pequeno. Mas enfim, havia vaidade e alguém que era bastante influente junto ao Stanlay, que era quem mandava, estava um pouco incomodado com a época que era muito popular o pornô. E eu, imagina, a bichinha que era jornalista e de repente "como assim as meninas gostam dele? Elas vão comer pizza, dormir na casa dele e vão para a casa dele fazer bagunça. Como assim? E ele nem gosta de mulher". Amizade, sempre foi. "E como assim ele foi convidado para ir não sei aonde? Sabe? Como?" E aí eu só sei que Stanley pediu pro Jair, que fazia o RH na época, me ligar e me dispensar. Stanley estava viajando premeditadamente, ele estava fora do Brasil, para não conversar comigo. E eu fui dispensado da Buttman. Mas foi muito? Eu fiquei muito chateado, eu não via. Era quase que uma morte por acidente. Não era esperado.
Marie: Com a demissão, Edson entrou na justiça contra a Buttman para cobrar o que tinha direito. Ele ganhou a ação, mas não recebeu nenhum valor ainda.
Pro Stanlay, parece que tudo foi uma fase esquisita que ele tem que se esforçar muito para lembrar de certos detalhes. E tudo ainda parece meio borrado, como se ele estivesse atrás de uma névoa de negação.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Ainda hoje eu tenho uns esquecimentos, mas eu não sabia nada. Eu não conseguia falar o que tô falando para você agora. Não conseguia falar do que aconteceu. Eu ver aquele momento, né?
Tiago: Da vida pessoal você tá dizendo?
Stanlay: É, da... de tudo, né? Da Buttman também. Porque eu vivi a Buttman, né?
Marie: Depois da separação, e o fim definitivo da Buttman, Stanlay saiu de São Paulo, foi morar no interior, virou evangélico e até casou de novo com uma mulher da igreja. Mas o novo casamento não durou muito tempo.
Hoje, aos 64 anos, Stanlay tem uma suspeita do motivo.
[Áudio da entrevista com Stanlay Miranda]
Stanlay: Você sabe o que eu já ouvi de uma psicóloga? Falou pra mim parar de procurar a minha mãe nas mulheres que eu tenho. Isso foi um erro muito grande meu.
Marie: Da era dourada da Buttman, restaram apenas dezenas de processos trabalhistas e as memórias de quem ergueu e ruiu uma das maiores produtoras pornográficas do Brasil.
Por ironia do destino, os filmes, o orgulho de Stanlay, pararam na mão da principal concorrente: a Brasileirinhas.
Tiago: O Valter José, diretor que tentava colocar Godard nos filmes pornôs também colocou a Buttman no pau.
Hoje, ele tem uma teoria para explicar a derrocada da produtora e, mais pra frente, de quase toda uma cadeia produtiva do pornô brasileiro.
[Áudio da entrevista com Valter José]
Valter: E outra coisa também que a maioria dos empresários não sabem, como eu te falei, o que que ele faz? Ele pega em vez de ele pegar e investir na empresa, fazer a empresa crescer, não. Ele aumenta o patrimônio dele. E aí a empresa vai minguando, porque ela começa a ter dívidas. Aí que que ele faz? Pum, derruba a empresa e vai embora, deixa o resto aí na correria, entendeu? O que aconteceu com as produtoras foi isso, não tiveram inteligência. Por exemplo, hoje eu fiquei sabendo que um produtor aí tá fazendo Uber porque a empresa fechou. "Ah, não, culpa da pirataria". Não, não é só culpa da pirataria, é culpa da falta de gestão.
Tiago: Com um tom de voz melancólico e um olhar distante, Stanlay guarda uma esperança de voltar, de alguma forma, a trabalhar com pornografia.
Mas ele mesmo sente que perdeu o timing para embarcar nessa nova geração de produção pornográfica.
Ele parece preso a um passado que só existe nas memórias distantes de quem alugava as fitas da Buttman. As mesmas memórias espalhadas na sala empoeirada que a gente abriu sem querer.
Assim como aconteceu com a Buttman, a fase de ouro da pornografia nos anos 2000 também não demoraria a ruir.
Marie: No próximo episódio, a gente vai contar sobre a última grande celebridade a entrar no pornô e o final trágico que marcou o fim de uma era.
[Créditos]
O podcast "Brasil para Maiores" tem apresentação, roteiro e pesquisa de Marie Declercq e Tiago Dias. O roteiro também foi feito por Fernando Cespedes que adaptou o projeto para podcast. O desenho de som e a montagem são do João Pedro Pinheiro. A produção é da Marie Declercq, da Natália Mota e do Tiago Dias. O design é do Marcos Antonio Alves de Lima Júnior. A direção de arte é da Gisele Pungan e do René Cardillo. A coordenação é da Juliana Carpanez e da Olívia Fraga. O projeto também conta com Alexandre Gimenez e Antoine Morel, gerentes de conteúdo, e Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.
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