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Podcast sobre sons, música e o mundo da escuta


Ser Sonoro #9: como o rádio invadiu os ares, misturou sons e mudou a música

A cantora Donna Summer (1948-2012), em show de 1975 - GAB Archive/Redferns
A cantora Donna Summer (1948-2012), em show de 1975 Imagem: GAB Archive/Redferns

Do TAB

24/04/2021 04h01

O que une o anúncio da morte de Hitler no Repórter Esso, em 1945, o quinto gol do Brasil na final da Copa de 1958, a radionovela "Direito de Nascer" em 1964 e o som dos Mutantes, que começaram em 1966? Tudo isso chegou aos ouvidos dos brasileiros recheado de estática.

O som do ar tornou-se parte da nossa escuta, misturado no rádio com acontecimentos importantíssimos e música. É sobre a influência dele que Fernando Cespedes fala no novo episódio do Ser Sonoro distribuído em TAB. Ouça o episódio completo abaixo.

No podcast, somos transportados ao festival de Woodstock para ouvir o momento histórico em que Jimi Hendrix fez uma grande performance com colagens sonoras, ao tocar o hino nacional norte-americano misturado aos sons de bombas, alarmes, sirenes e gritos, em referência à Guerra do Vietnã.

Em uma entrevista de TV sobre aquele momento, o apresentador reclama da estática produzida pelo amplificador de Hendrix no estúdio. "Além da estática, Hendrix falou dos barulhos do ar e das ruas em Nova York", relata Cespedes. "As buzinas dos carros e o barulho dos trens reverberam nas paredes dos arranha-céus e deixam tudo mais alto. Isso vale pra Londres, São Paulo ou qualquer metrópole moderna: quanto mais alto o volume da cidade, mais alto o volume da música. Em Nova York, o jazz ficou mais barulhento com o bebop e o rock soou mais alto com o punk rock" (ouça a partir de 12:29).

As interferências sonoras chegaram para ficar na música. "Era como se a partir daí toda banda tivesse, além dos instrumentos convencionais, uma antena que capta no ar os sons do ambiente e os incorpora na música. Não só os sons ao redor, mas todos os sons do mundo", conta Cespedes (a partir de 13:51).

Essas colagens foram possíveis com o avanço da tecnologia. Até que os produtores perceberam que, além de brincar de recortar e colar sons, eles poderiam também colar músicas nelas mesmas.

Se antes os DJs precisavam usar dois toca-discos para não deixar a pista de dança em silêncio, "I Feel Love", de Donna Summer, marcou a transição para a música eletrônica "infinita". "'I Feel Love' passou de 3:45 pra mais de 8 minutos de duração sem que nenhum segundo de música a mais fosse criado. Isso só foi possível porque ela não nasceu da mesma forma que as outras músicas da época" (a partir de 16:28). O segredo foi o sintetizador, que acabou marcando o som pós-anos 1970.

E enquanto as discotecas de Manhattan reproduziam o som infinito, os DJs levavam a técnica do seu jeito para a periferia de Nova York. Da música que não parava nunca ao break, tem muito chão.

Você ouve o episódio completo do Ser Sonoro no player acima, como sempre recheado de sons históricos e muitas curiosidades sobre a escuta.

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