Existe uma elite de criminosos por trás dos grandes assaltos a banco no Brasil. Eles formam um grupo especializado em planejamento meticuloso e ações de extrema violência, paralisando cidades inteiras durante as ações, num tipo de crime conhecido pelos policiais como "domínio de cidade".
Chamados de "os estrelas" por outros bandidos, eles operam com alto nível de sofisticação, utilizando capacetes balísticos, roupas táticas de última geração, botas, drones e outros equipamentos caros.
O documentário "Cidade Dominada 2", lançado hoje pelo UOL, destaca quatro dos principais assaltantes do país (leia abaixo sobre cada um deles).
A Justiça afirma que eles estiveram envolvidos nos assaltos nas cidades paulistas de Ourinhos (2 de maio de 2020), Botucatu (30 de julho de 2020) e Araçatuba (30 de agosto de 2021) — o roubo cinematográfico nesta última cidade é tema do primeiro episódio da série produzida pelo UOL.
Pedro Ivo Corrêa dos Santos, delegado que investiga esses casos, destaca a complexidade e o impacto devastador desses crimes.
"Há uma certa hierarquia entre ladrões e traficantes no mundo do crime. Nela, o ladrão está acima do traficante. E o ladrão de banco está no topo da cadeia alimentar de todos eles", diz.
QUEM SÃO OS 'ESTRELAS' DO CRIME
O paulistano Tiago Ciro Tadeu Faria, o "Gianecchini do Crime", ficou conhecido em rede nacional quando rasgou as notas da apuração do Carnaval de São Paulo de 2012.
Anos mais tarde, a polícia o relacionou a vários roubos a bancos.
Sua participação foi comprovada por exames de DNA em crimes como os de Lajes (RN), Bauru (SP) e Botucatu (SP), locais onde aconteceu o "domínio de cidade", segundo a Polícia Civil.
Tiago deixa um rastro particular nas cenas de crime: o nó que usa para amarrar artefatos explosivos é tido pelas autoridades como único.
Condenado a 51 anos de prisão pelos assaltos, ele cumpre pena no presídio federal de Catanduvas (PR). A defesa recorre e afirma que ele será inocentado de todos os crimes.
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Os irmãos gêmeos Carlos Willian e Carlos Wellington Marques de Jesus, vulgos "Grandão" e "Irmão do Grandão", respectivamente, foram condenados a mais de 50 anos de prisão cada um, por envolvimento no mega-assalto de Botucatu (SP), em julho de 2020.
Há mais evidências e provas da participação de Carlos Willian, mas, segundo a Polícia Civil, ambos atuavam junto ao grupo que agiu em Botucatu. Ambos fariam parte da célula criminosa cuja função era executar o crime propriamente dito: quando a cidade já está dominada, eles explodem o banco e retiram o dinheiro.
Por meio do seu advogado, tanto Carlos Willian quanto Carlos Wellington toparam ceder entrevistas ao UOL, direto da Penitenciária Presidente Venceslau 2 (SP). A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) não autorizou a entrada da equipe e as entrevistas não aconteceram.
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Ademir Luis Rondon, conhecido como Sargento e Tio Demis, é natural de Cianorte (PR) e ex-militar do Exército Brasileiro. Foi preso em outubro de 2021 após uma perícia da Polícia Civil de São Paulo localizar seu DNA em uma balaclava encontrada na cena de um roubo a carro-forte em São Carlos (SP).
Em outra frente, a Polícia Federal localizou o perfil genético dele no volante de um dos carros deixados pelos criminosos no domínio da cidade de Araçatuba (SP), no mesmo ano.
Um delegado que participou de sua acareação afirmou que a voz capturada na radiofrequência durante o assalto é justamente a de Rondon.
Ele foi condenado pelo crime a 9 anos e 4 meses de prisão. À Justiça a defesa de Ademir cita ausência de provas e afirma que o ex-militar não estava presente nos crimes a ele imputados.
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