Só para assinantesAssine UOL

Caso Bandeirantes: MP quer ouvir pais de estudante que cometeu suicídio

O Ministério Público de São Paulo convocou os pais do estudante do Colégio Bandeirantes que se suicidou em 14 de agosto deste ano para testemunharem sobre o caso.

A solicitação de oitiva foi feita pela promotora de Justiça Fernanda Peixoto Cassiano. O depoimento está marcado para o começo de novembro.

O depoimento vai servir de subsídio para o Procedimento Preparatório de Inquérito Civil, que antecede a instauração do inquérito.

Dano coletivo

O jovem era bolsista. Ele entrou no Bandeirantes por meio do Ismart, ONG que seleciona alunos de baixa renda para ingressar em escolas particulares.

Pouco antes de morrer, o jovem enviou uma mensagem de áudio para colegas afirmando que sofria perseguição de quatro colegas. Ele era negro e homossexual.

Os advogados que representam a família afirmam que o Colégio Bandeirantes promoveu "dano coletivo à população negra", nas palavras de Hédio Silva Júnior.

Ele trabalha no caso com o advogado Anivaldo dos Anjos Filho.

Procurado pelo UOL, o Colégio Bandeirantes informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não irá se pronunciar.

Continua após a publicidade
Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo
Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo Imagem: Google Street View/Reprodução

Ação histórica

Caso o inquérito seja instaurado, o Ministério Público pode, ao fim do processo, oferecer denúncia à Justiça.

A expectativa de Silva Júnior e Anjos Filho é a de que seja instaurada uma ação civil pública para responsabilizar os envolvidos na tragédia.

"Será uma ação histórica por dano moral coletivo e violação à honra e à dignidade da população negra", afirma o advogado Silva Júnior.

Ele diz que "o desprezo do Bandeirantes em relação à tortura a que o estudante foi submetido atinge um bem jurídico supraindividual".

Continua após a publicidade

Hédio Silva Júnior afirma que, ao longo das investigações, outros casos de racismo no colégio devem vir à tona.

Indenização

Nos próximos dias, os representantes dos pais do estudante devem entrar com uma ação cível contra o colégio, o Ismart e os pais dos quatro estudantes citados no áudio.

A tese é a de que o estudante foi alvo de racismo, homofobia e tortura racial.

Bandeirantes e Ismart também deverão ser alvo da ação na esfera cível.

Procurada pelo UOL, a ONG Ismart não se pronunciou sobre o caso e a ação do MP.

Continua após a publicidade

Fundação Casa

Se condenados, pais e instituições terão que pagar indenização pela tragédia. A defesa da família ainda não definiu o valor que será pedido.

O Código Civil prevê que pais de menores de 18 anos respondam por qualquer ato infracional dos filhos — nessa idade, os jovens são penalmente inimputáveis

Os quatro menores são citados na investigação pela prática de ato infracional análogo ao crime de injúria.

O inquérito corre na 23ª Delegacia de Polícia, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo.

Se confirmado o ato infracional, a legislação prevê a aplicação de medidas socioeducativas aos adolescentes, como prestação de serviço comunitário ou internação de até três anos na Fundação Casa.

Continua após a publicidade

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.

O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por email, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

Leia mais.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.