O FUTURO DO SEXO
PARTE 1
Dividida em quatro partes, história em quadrinhos narra uma jornada em busca do prazer a partir da tecnologia
Dividida em quatro partes, história em quadrinhos narra uma jornada em busca do prazer a partir da tecnologia
Para navegar pelo especial, use os links abaixo:
Parte 1
"Solidão, tédio & tesão": carência no isolamento
"Acaba quando?": vibradores e bonecos sexuais
Parte 2
"Oi sumida & tédio": sexting vem com tudo
"Bloco do Zoom sozinho": a febre das festas virtuais
Parte 3
"Mexe pra cam": a procura por trabalho sexual virtual
"Deslize para a direita": a volta dos webnamoros
Parte 4
"Perdão pelo vacilo": furões de quarentena
"Solidão & tesão... ainda": dá pra pensar em Carnaval?
Nos últimos meses, muita gente se trancou em casa em nome de um bem coletivo: praticar o distanciamento social e evitar aglomerações para impedir a disseminação da Covid-19. Com o mundo inteiro recolhido, alguns até tentaram falar em quarentena produtiva, de um "tempo para nós mesmos" e de "novas descobertas" -- incluindo as sexuais.
A verdade é que não há nada de romântico e sensual para a maioria das pessoas que estão trancadas em apartamentos de 40m² ou dividindo um espaço com a família. A quarentena é puro tédio, por mais festas e reuniões online que você faça. Nessa incerteza de quando será seguro sair de casa, será que ainda é possível pensar em prazer?
A pandemia conseguiu antecipar a tendência do pouco contato, já prevista na era das novas tecnologias. E não faltam novidades, como vibradores que funcionam com a força do pensamento e robôs sexuais. Ainda que a urgência da quarentena se dilua e que muitos estejam levando uma vida como se não houvesse risco, mudanças profundas devem impactar a maneira com que a gente se relaciona -- e goza.
Para o antropólogo Michel Alcoforado, colunista de TAB, esse momento vai cristalizar comportamentos que não devem passar, mesmo com a chegada da vacina. Agora, entramos de vez no mundo digital que há anos vem sendo criado. E não há o que temer. "O futuro do sexo é uma expansão da sexualidade."
O jeito é mergulhar nesse novo desconhecido.
A vida privada na pandemia -- da saúde mental à sexual -- tem sido objeto de pesquisa do Instituto Kinsey, referência quando o assunto é sexualidade e gênero. E ela não parece tão deserta quanto parece. Além do aumento (esperado) nas vendas de vibradores e sex toys, pesquisadores do instituto também detectaram que uma em cada cinco pessoas introduziu algo novo em sua vida sexual.
Ao incorporar essa diversidade, as pessoas podem descobrir coisas de que gostam e que as trazem para mais perto de seu parceiro"
Justin Lehmiller, psicólogo social e pesquisador associado da Universidade de Indiana (EUA) que ajudou a coordenar o estudo
Um gadget em especial ainda não está à venda, mas indica que nosso prazer pode estar mais próximo da ficção científica do que imaginamos.
É o Neurodildo, que articula duas tecnologias: a interface cérebro-computador e a inteligência artificial. Assim, à distância, é possível que uma pessoa, apenas com o pensamento, acione e controle a velocidade e o movimento desse vibrador em outra pessoa. E receba, de volta, o quanto de prazer o parceiro estiver sentindo.
"As tecnologias estão deixando a relação sexual de lado e isso agora está sendo acelerado, porque significa contágio. Por mais que a gente saia desse momento de pandemia, é algo que veio para ficar", observa a pesquisadora e maker Rita Wu.
Se o aparato for muito "sexo por telepatia" para você, há opções mais materiais, já à venda no mercado. A RealDoll, que fabrica robôs sexuais, teve um crescimento de 40% nas vendas durante a pandemia. "As pessoas estão se sentindo mais sozinhas e buscando companhia", explica Gustavo Hernandes. Ele é um dos brasileiros responsáveis pela mente desses bonecos humanoides.
Mas calma, não estamos perto de vivenciar algo parecido a "Barbarella", filme onde o sexo físico é trocado por máquinas. "A realidade aumentada e virtual tem potencial de ser usada para satisfação sexual, assim como a robótica. No entanto, estamos longe de máquinas ou algoritmos que possam replicar interações sociais ao longo do tempo", diz a alemã Jessica Szczuka, que pesquisa a digitalização do sexo e leciona na Universidade de Duisburg-Essen.
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Parte 1
"Solidão, tédio & tesão": carência no isolamento
"Acaba quando?": vibradores e bonecos sexuais
Parte 2
"Oi sumida & tédio": sexting vem com tudo
"Bloco do Zoom sozinho": a febre das festas virtuais
Parte 3
"Mexe pra cam": a procura por trabalho sexual virtual
"Deslize para a direita": a volta dos webnamoros
Parte 4
"Perdão pelo vacilo": furões de quarentena
"Solidão & tesão... ainda": dá pra pensar em Carnaval?
Reportagem e texto: Marie Declercq e Tiago Dias
Edição: Olívia Fraga
Adaptação de roteiro e direção criativa da HQ: Carlos Farinha
Ilustração: Rodrigo Rosa
Edição de vídeo: Mariah Kay
Animação da capa: Leonardo Rodrigues
Direção de arte: René Cardillo
Publicado em 03 de agosto de 2020