O FUTURO DO SEXO

Desde que foi decretada a quarentena no Brasil, ficar em casa é uma atitude não só de segurança sanitária, mas um ato coletivo de proteção. Com a incerteza sobre o futuro, a abertura precoce de estabelecimentos comerciais no país gerou discussões e patrulha dos "furadores" de quarentena -- isto é, aqueles que saem de casa por motivo fútil (sim, quase um crime) e se reúnem em em atividades não-essenciais. O TAB observou esse comportamento nos fiscais de quarentena, entre os jovens saindo para transar e a controversa abertura de uma sauna gay em São Paulo.

Furar a quarentena para transar, vale dizer, não é apoiado por quem entende.

Até agora não temos vacina nem medicação, então a recomendação é que temos que nos cuidar e evitar encontros com outras pessoas. Não tem jeito"
Carmita Adbo, psiquiatra, fundadora e coordenadora geral do ProSex do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Jairo Bouer, médico psiquiatra especialista em sexualidade, reafirma que a furada de quarentena não é recomendada, mas questiona até que ponto as pessoas vão se satisfazer com o "toque" virtual. "Ok, você vai se preservar, ficar à distância, mas será que as pessoas aguentam ficar? Já vemos isso nos aplicativos, com gente chutando o pau da barraca e indo se encontrar. Será que a gente vai aguentar? Será que vai ter menos traição? Eu duvido."

Para o antropólogo Michel Alcoforado, a pandemia veio bagunçar nossa relação com sexo pra valer. Mas, e o Carnaval? "Todo mundo está acreditando que, quando passar essa pandemia, a gente vai ter um grande carnaval, cheio de luxuria, como teve na gripe espanhola. Eu acho que não. A gente já está vivendo o novo normal. Estamos só nos adaptando a ele."

Reportagem e texto: Marie Declercq e Tiago Dias
Edição: Olívia Fraga
Adaptação de roteiro e direção criativa da HQ: Carlos Farinha
Ilustração: Rodrigo Rosa
Edição de vídeo: Mariah Kay
Animação da capa: Leonardo Rodrigues
Direção de arte: René Cardillo

Publicado em 03 de agosto de 2020