A ficção científica morre de medo de robô. Em "Blade Runner" (1982), os replicantes querem acabar com os humanos para ter uma vida mais longa. Em "Exterminador do Futuro" (1984), um descontrole na Skynet gera robôs que querem acabar com a nossa raça. Em "Battlestar Galactica", série que teve duas versões para a TV, humanos em naves espaciais fugiam da destruição do planeta causada por robôs infiltrados — que também embarcaram nas naves e ninguém sabe quem são.
Por que achar que robôs necessariamente são assassinos e querem nosso mal? Ao projetar desejos humanos — como consciência, liberdade ou soberba —, acabamos revelando mais sobre a natureza humana que sobre os robôs em si. No fundo, o pavor do criador é perder o controle sobre a criatura. A história da civilização ocidental é farta em precedentes: pense na desobediência de Adão e Eva do Gênesis, ou no castigo de Prometeu imposto por Zeus, na mitologia grega, depois de o titã querer dar aos humanos uma fagulha divina.
A suposta insubordinação das máquinas costuma estar no centro de toda a discussão envolvendo robôs ou inteligência artificial. Ainda que o debate possa tomar rumos fatalistas, o fato é que essa tecnologia vem vindo aí, seja por meio da Siri ou do Google Assistente, dos smartphones ou robôs físicos com formato humano. Há pensadores de calibre, como o físico Stephen Hawking (1942-2018), que pensavam nas máquinas no sentido hollywoodiano (que poderão se rebelar e nos destruirão), e outra corrente que acredita que os robôs vão melhorar a convivência e nos ajudar com uma série de questões profundas. Como deve ser isso?