Ser Sonoro #2: por que a gente treme com a vinheta de plantão da TV Globo?

Se você nunca ouviu um tigre rugindo ao seu lado, por que seu corpo reage (mesmo que só com um leve susto) a esse barulho ameaçador quando você está assistindo a um filme? E por que todo mundo fica atento assim que ouve o comecinho da vinheta do plantão da TV Globo?
No segundo episódio de "Ser Sonoro", podcast distribuído por TAB aos sábados, Fernando Cespedes nos leva ao Congo, à Nova Zelândia e à infância do músico Pixinguinha para explicar tudo isso.
"A coisa funciona assim: muitas das memórias que nós temos não são só lembranças guardadas no nosso cérebro. Elas estão conectadas a sensações corporais, ou emoções específicas. Sejam memórias de experiências que nós mesmos vivemos, sejam de histórias que os outros nos contaram. Como num filme de terror, por exemplo. O medo que o filme provoca é real. Você sente ele na pele, mesmo que a história por trás dele não seja. Só que a memória (...) pode ser codificada em sons. Isso que dizer que, quando a gente escuta um som, acontece uma reação em cadeia: o som ativa a memória e a memória ativa as emoções e as sensações do corpo" (ouça acima a partir de 1:15).
Essas memórias podem ser ancestrais, de correlações desenvolvidas há centenas e milhares de anos pelos nossos antepassados — aqueles que sabiam identificar o rugido de um tigre como algo perigoso fugiam, sobreviviam e deixavam descendentes — ou simplesmente a partir de sons que estamos acostumados a ouvir em determinados contextos, como o anúncio de uma notícia de última hora na Globo.
Hoje, quase tudo que ouvimos é um som transportado, seja uma gravação, uma ligação telefônica ou a amplificação de um anúncio no metrô, por exemplo. Desde a invenção do telégrafo em 1877, lembra Cespedes, é possível tirar os sons de onde eles vinham e reproduzi-los em outros locais.
"Foi nesse tipo de brincadeira, de deslocar os sons de seu contexto original, que a música nasceu. Nesse jogo, quando o som é transportado, alguns dos sentidos que ele carrega seguem junto para o novo contexto. Mas outros acabam ficando pelo caminho, e isso vai abrir espaço para outros sentidos entrarem no lugar" (a partir de 5:50).
E não é porque a gente conhece a tecnologia por trás disso tudo que nosso corpo não vai reagir ao ouvir algo que nos coloque em alerta. Como um tigre na televisão. A gente reage mesmo assim — eis a magia da audição.
Se você ficou curioso e quer entender melhor como os sons ativam nossas memórias, pegue os fones de ouvido e curta o episódio acima.
Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Ser Sonoro, distribuído por TAB, em plataformas como Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts, entre outras.
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