"Ser Sonoro #7: o som 'sujo' do rock e o acorde 'com a bunda' de Sting
Você curte Beatles? Mas curte mesmo? A ponto de ter escutado "Hey Jude" tantas vezes que já decorou o segundo exato em que dá para ouvir Paul McCartney soltando um palavrão?
Erros de gravação como esse (por volta dos 2:58 de música, caso você esteja curioso) passaram em várias músicas, principalmente antes dos anos 2000, e principalmente no rock. Mick Jagger foi outro que soltou um grito no estúdio, durante a gravação de "Gimme Shelter", (por volta de 3:02), ao se surpreender com o vocal gritado e espetacular de Merry Clayton.
Em ambos, "limpar" o som poderia ser um trabalho complicado. Mas outros deslizes foram incorporados de propósito pelos músicos, e é dessas imperfeições que trata o 7° episódio de Ser Sonoro veiculado aqui em TAB.
"Para existir, a música depende sempre de um acordo. Esse acordo envolve, entre outras coisas, quais sons podem fazer parte da música, e quais não. Para a música funcionar, esse acordo — ou pelo menos algumas partes dele — tem que ser conhecido pelos músicos e pela audiência", define o apresentador Fernando Cespedes (ouça acima partir de 0:09).
Até mesmo para quebrar esse acordo, ele precisa ser entendido. Até os anos 1990, a edição de som não era tão fácil como é hoje, quando podemos usar softwares que permitem ajustar ritmos, mudar a voz e corrigir afinação, entre outras ferramentas. Erros na hora da gravação passavam muitas vezes despercebidos no calor do momento e não podiam ser corrigidos depois.
Outro exemplo de descuido que passou batido foi o pigarro do guitarrista David Gilmour em "Wish You Were Here", do Pink Floyd. "Diz a lenda que o Gilmour, que é um cara super perfeccionista, ficou tão mal por causa daquilo que parou de fumar logo depois da gravação", conta Cespedes (a partir de 9:09).
Não se sabe o que McCartney e Jagger acharam de seus deslizes, mas é fato que alguns músicos gostaram tanto de quebrar o acordo de quais sons faziam parte ou não da música que os ostentaram com orgulho, até como forma imprimir personalidade a uma canção.
Sting foi um deles. O líder do The Police sentou em cima de um piano dentro do estúdio de gravação enquanto a banda começava a tocar "Roxanne", e deu risada do som doido que saiu. O acorde ficou ali e rendeu publicidade. "Isso mostra que o acordo sobre quais sons podem e quais não podem fazer parte da música nunca está totalmente fechado. O que pode parecer um erro, algo que soa mal para uns, para outros pode soar bem, como o acorde que Sting tocou com a bunda", diz Cespedes no podcast (a partir de 14:16).
Para ouvir outras quebras de acordo e sons acidentais eternizados em músicas, ouça o episódio de Ser Sonoro acima — de fones, é claro!
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