A Kim Kardashian do samba: 'Ilha do Governador ficou pequena pra mim'
Quando a atriz global Juliana Paes a chamou de "Kim" pela primeira vez, por sua semelhança com a socialite norte-americana Kim Kardashian, a empresária e sambista carioca Ana Paula Larry achou divertido. Mas ela só viu que a coisa ficou séria durante uma viagem para Nova York, em que um casal local a abordou pedindo autógrafo. "Apesar de falar um pouco de inglês, fiquei chocada", conta ela. "Até podia, mas não tive coragem de levar a brincadeira adiante", ri, dizendo que fez questão de esclarecer a confusão.
Conformada com o título de "Kim Kardashian do samba", Ana Paula há muito exibe os atributos físicos que lembram a celebridade internacional nos 700 metros de avenida da Marquês de Sapucaí. Diferentemente da original, a Kim brasileira não foi catapultada à fama por um reality show — mas sua história bem daria um samba-enredo.
Nascida na Ilha do Governador, uma região administrativa da zona norte do Rio, numa família de baixa renda, ela brincava desde pequena o Carnaval de rua da Cacuia, região famosa pela animação da festa. Levada pelo pai, o policial militar Larry Nascimento, já falecido, foi na Ilha que ela começou a dar seus primeiros passinhos de samba.
Tino de vendedora
Aos 16, conheceu o namorado com quem se casaria poucos anos depois. Foram morar no Morro do Dendê, favela do bairro que figura sempre nos noticiários pelos confrontos entre facções criminosas. "Foram anos difíceis, chegamos a dormir no chão e eu perdi a minha primeira gravidez", lembra ela.
Enquanto o marido trabalhava na padaria do pai, Ana Paula ganhava seu sustento como vendedora da Gang no NorteShopping. Na época, a marca era febre tanto entre patricinhas quanto entre princesas do baile — tinha as calças jeans de cintura baixa mais desejadas pelas cariocas. "Calça da Gang / toda mulher quer, / duzentos reais / pra botar a bunda em pé", dizia a letra do famoso funk tocado em looping pela rádio Furacão 2000.
Quando o primeiro filho de Ana Paula nasceu — João Victor, hoje com 24 anos —, ela e o marido decidiram empreender para ganhar mais dinheiro. Era o boom das máquinas de bichinhos de pelúcia, que se espalharam por todas as favelas da cidade: qualquer boteco ou loja tinha uma instalada na entrada.
O casal teve a ideia de comprar os bichos de pelúcia no centro da cidade e revender aos donos das máquinas: pagavam entre R$ 0,50 e R$ 0,60 por unidade e vendiam a R$ 1,50 a R$ 1,80 cada um. A procura foi tanta que, em um ano, compraram um apartamento pequeno no Jardim Guanabara, região de classe média na Ilha. Poucos tempo depois, mudaram-se para uma casa de quatro andares na mesma região.
A União faz a força
Nesse período, o casal se aproximou da União da Ilha e de seu presidente à época, Ney Filardi. O marido de Ana Paula passou a investir na escola de samba, que vivia seu apogeu e figurava entre as principais do Grupo Especial. Foi naquele cenário que Ana Paula começou a viver o seu conto de fadas, como uma das principais musas da agremiação — ela não diz qual é a profissão do marido.
"Foi uma fase muito emocionante. Entrar na avenida, como destaque, e poder sambar do início ao fim é um privilégio", conta. O 1,66m de altura, os 112 cm de quadril e 430 ml de silicone, aliados aos cabelos pretos e escorridos até a cintura, paravam a avenida.
Hoje, aos 50 anos — oito a mais do que a socialite norte-americana —, a Kim Kardashian do samba bate ponto na academia e no dermatologista. "Ana é minha paciente há mais de 20 anos e mantém, com regularidade, os cuidados com a pele. Faz tratamentos minimamente invasivos, como botox, ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno", explica o dermatologista Antônio Figueira, responsável pela cútis da beldade carioca.
Na musculação, divide o mesmo personal trainer com a musa fitness Gracyanne Barbosa, amiga de outros carnavais — a esposa do cantor Belo foi rainha de bateria da tricolor insulana por três anos. "Se eu não malhar, minha coxa não fica bonita. Todos os dias, bato ponto na academia. No início do ano, fiquei algumas semanas sem ir, porque fui descansar na Região dos Lagos", lamenta Ana, que segue uma dieta à base de proteínas, mas diz comer de tudo.
Ana também não abre mão de maquiagem. Amigos brincam que ela acorda e vai dormir maquiada. Até para enterros, ela não abre mão do trio rímel, blush e base — leva tudo na bolsa para retocar, entre uma lágrima e outra. São esses mesmos amigos de décadas que contam que maquiá-la é muito simples: basta seguir o padrão Kim Kardashian — paleta de cores, iluminador e contorno no rosto —, que é referência mundial no quesito embelezamento.
Do Dendê à Barra
"A Ilha do Governador ficou pequena pra mim", explica Ana Paula sobre sua mudança para a Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Não foi qualquer mudança: o casal comprou uma mansão em um dos condomínios mais luxuosos da cidade. Foi ali que ela virou vizinha de personalidades como a popstar Anitta, o cantor Nego do Borel e a atriz Juliana Paes — que pespegou-lhe o apelido.
"Um dia, ela me parou na rua do condomínio e perguntou se podia me chamar de Kim", conta. Enquanto ela vivia uma vida de requintes, com idas diárias ao Village Mall, shopping de luxo no mesmo bairro, e roupas grifadas dos pés à cabeça, o apelido se espalhou.
No fim de 2022, após a eliminação da Seleção brasileira na Copa, Ana recebeu em casa o amigo Vini Jr. O craque do Real Madrid passou as festas em sua propriedade barrense e fez a alegria dos moradores batendo bola nas quadras do condomínio. Pouco antes, em novembro, Ana havia promovido uma festança de Halloween, com a presença de famosos.
Só love? Ilusão
Após 31 anos de casamento e três filhos, Ana descobriu uma série de traições e, em uma noite de Carnaval, há exatos 3 anos, dentro de um camarote, pediu a separação. O processo de divórcio — um imbróglio envolvendo muitos bens e imóveis — continua na Justiça até hoje.
Por isso, ela recebeu a reportagem do TAB na casa de uma vizinha e amiga do mesmo condomínio, onde está passando alguns dias. Assim como sua mansão, a da amiga também é cinematográfica: piscina natural, academia, espaço gourmet e muitos quartos. Ao abrir a porta, é a própria Kim tropical: cabelos longos, biquíni dourado, saia curta rendada e um chinelinho Fendi.
Devido ao momento afetivo conturbado, a musa preferiu se ausentar da avenida, apesar dos convites da Império Serrano e da Beija-Flor que fizeram seu coração vibrar. Por enquanto, é certa ao menos a sua presença no camarote Brahma e no Camarote do King. "Sempre que estou nos camarotes, aparecem fãs que me conhecem da época da Ilha e é muito gratificante", diz.
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