Zé Celso: 'Todas as religiões são maravilhosas, mas bruxaria é que resolve'
Morreu nesta quinta-feira (6) o ator e diretor Zé Celso Martinez Correa. Vítima de um incêndio em seu apartamento, no bairro do Paraíso, onde vivia com seu marido, o ator Marcelo Drummond, ele estava internado na UTI do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Uma das maiores potências criativas do país, Zé Celso criou o grupo de teatro Oficina nos anos 1960, junto de Amir Haddad e Renato Borghi. "O Rei da Vela", peça de Oswald de Andrade levada aos palcos em 1967, detonou revoluções na música e no cinema. Logo na sequência, Zé Celso fez a estreia incendiária de "Roda Viva", texto teatral de Chico Buarque, então um jovem compositor. Até o fim da vida, suas montagens fizeram história e formaram gerações de atores, influenciando expressões artísticas para além da dramaturgia.
Em 2018, TAB entrevistou Zé Celso no Teatro Oficina, em São Paulo. Você pode conferir a íntegra no vídeo acima. Sobre a conversa, o repórter Rodrigo Bertolotto conta:
"Zé Celso chegou andando devagar e falando baixo, como se espera de um senhor octogenário. Mas tudo se transformou quando a câmera foi ligada, e ele estava em cena. Gestos longos e enfáticos. Frases cortantes e análises precisas e esperançosas, de quem foi torturado na ditadura militar e que sabia como enfrentar os tempos obscuros para a cultura que representava o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Seu aspecto inicial muito frágil me fez pensar que aquela poderia ser sua última entrevista — pretensão que todo jornalista espera do destino, como se a derradeira fala fosse a mais significativa, como nas peças ou nos filmes. Felizmente, Zé Celso viveu e encenou quatro anos mais. Por sua força interior, poderia viver muitos mais."
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