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Acusada de elo com PCC, Transwolff tem prejuízo acumulado de R$ 94 milhões

Suspeita de lavar dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), a empresa de ônibus Transwolff vive um processo de "deterioração financeira".

A companhia amarga prejuízo acumulado de R$ 94 milhões entre os anos de 2019 e 2022.

Os dados constam em um relatório de interventores nomeados pela Prefeitura de São Paulo. O UOL teve acesso ao documento.

A Transwolff opera sob intervenção desde abril, quando foi deflagrada a Operação Fim da Linha. O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) apura a infiltração do crime organizado no transporte coletivo da capital paulista.

O presidente da empresa, Luiz Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora, é acusado pelos promotores de ser integrante do PCC.

Ele foi afastado do cargo e chegou a ser preso, mas saiu da prisão graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Procurada pela reportagem, a defesa de Pandora afirmou que uma ordem judicial o impede de dar declarações públicas.

O MP investiga também as relações entre a cúpula da Transwolff e o presidente da Câmara Municipal, o vereador Milton Leite (União Brasil).

Dinheiro insuficiente

Uma das conclusões dos interventores é que a empresa tem "recursos monetários insuficientes para cobrir as despesas operacionais correntes e contemplar compromissos contratuais assumidos anteriormente à intervenção".

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O relatório aponta ainda que a auditoria fez ressalvas à gestão da empresa. Há casos de atraso de informações do setor financeiro.

As transações financeiras eram feitas de maneira "informal", às vezes apenas com registro verbal e sem contrato, e diretamente pelos sócios.

"Verificamos atrasos no cumprimento de obrigações acessórias frente aos fiscos, como atraso na emissão de notas e outras declarações obrigatórias."

De acordo com os interventores, a Transwolff precisa renegociar suas dívidas bancárias.

O Banco Luso Brasileiro está entre os credores — tem cerca de R$ 7,5 milhões a receber.

A conduta da instituição financeira, inclusive, está sob apuração do Banco Central do Brasil, a pedido do MP-SP, conforme revelou o UOL.

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Os promotores do MP-SP afirmam que o banco participou do esquema de lavagem de dinheiro para o PCC.

Em nota, o Banco Luso Brasileiro afirma "que desconhece a existência de qualquer investigação a respeito de suas atividades por parte de autoridades regulatórias.A atitude do banco em seu relacionamento corrente com órgãos reguladores é de cooperação ativa e transparência total. Respeitamos e valorizamos a missão das autoridades na promoção de um mercado financeiro cada vez mais eficiente e seguro para a sociedade que servimos. (veja a resposta completa mais abaixo).

Usuários sofrem com o serviço

Quem sofre com o estado precário das finanças da Transwolff é o usuário de transporte público.

A intervenção afirma na relatório que a empresa "já vinha demonstrando desempenho operacional insatisfatório, gerando inúmeras reclamações dos usuários desde os últimos meses do ano de 2023".

A Transwolff opera linhas de ônibus na região sudoeste, que abrange 37% da área da capital. A empresa tem um total de 1.361 ônibus, mas vários estão parados esperando manutenção.

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De acordo com os interventores, falta mão de obra especializada na área de manutenção, o que resulta em acúmulo de veículos parados nas oficinas.

A empresa também apresenta um déficit de motoristas, situação agravada pelo surto de dengue em São Paulo, entre os meses de março e maio deste ano.

Resposta do Banco Luso Brasileiro

O Banco Luso Brasileiro esclarece que desconhece a existência de qualquer investigação a respeito de suas atividades por parte de autoridades regulatórias.

A atitude do banco em seu relacionamento corrente com órgãos reguladores é de cooperação ativa e transparência total. Respeitamos e valorizamos a missão das autoridades na promoção de um mercado financeiro cada vez mais eficiente e seguro para a sociedade que servimos.

Com todo nosso rigor elevado com padrões éticos e nossa alta exigência com a qualidade dos processos, ainda assim sofremos um questionamento pontual da imprensa por conta de uma operação comercial de crédito absolutamente trivial e regular.

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Temos registro detalhado de todos os eventos que geraram questionamentos e já concluímos auditoria interna que atestou a qualidade e a regularidade de cada um dos contratos. Trata-se de uma série de operações de financiamento triviais a pequenos operadores de ônibus que atuam em regiões periféricas do município de São Paulo como subcontratados de uma empresa licitada pela prefeitura. Por esse motivo, a empresa licitada contratada constava nos contratos como anuente. São operações simples, com tomadores de crédito conhecidos e com os próprios ônibus listados como garantia real. Todos esses dados são de conhecimento das autoridades.

O Banco segue empenhado na missão de viabilizar a mobilidade pública no Brasil, tendo aproximadamente 70% de suas operações de créditos destinadas à contratação de bens que viabilizam o transporte público no país. Somos também um ator importante no apoio à substituição das frotas tradicionais por ônibus elétricos no país.

Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e seguimos à disposição para prestar esclarecimentos sempre que necessário.

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