Foram precisos poucos segundos para que a estátua do traficante de escravos Edward Colston em Bristol, no Reino Unido, fosse laçada por uma corda e derrubada de seu pedestal, em 9 de junho de 2020. "Bristol deveria se orgulhar. Foi a coisa certa a fazer", declarou um superintendente da polícia da cidade britânica, que assistiu à ação que reuniu cerca de dez mil manifestantes.
Colston foi apenas um dos muitos que tombaram. Movimentos antirracistas tomaram as ruas pedindo justiça a George Floyd, o afro-americano que morreu asfixiado por um policial branco em Mineápolis (EUA), em 25 de maio de 2020. O Black Lives Matter, criado em 2013, voltou às ruas depois da morte de Floyd. Estátuas do navegador Cristóvão Colombo, o "descobridor das Américas", foram desmanteladas de Baltimore a São Francisco, de Boston a Richmond. Em Baltimore, aliás, discute-se rebatizar o Dia de Cristóvão Colombo (12 de outubro) de "Dia dos Povos Indígenas". Como um dominó, monumentos de colonizadores caíram em Londres, Paris, Bruxelas.
Uns foram simbolicamente decapitados; outros, grafitados e banhados em tinta vermelha, para lembrar a violência da escravidão e o genocídio dos povos originários das terras colonizadas. Em Lisboa, a palavra "descoloniza" foi pichada na estátua do padre português Antonio Vieira, da Companhia de Jesus, que catequizou os indígenas no Brasil colonial (1530-1822). Em São Paulo, a estátua do bandeirante Borba Gato balançou a internet, mas não desmoronou: reacendeu discussões sobre o destino desses marcos, símbolos de um passado colonial que continua vivo até hoje.