Relato de PM implicou Brennand num caso de tortura: 'Gravíssimo'
No fim de 2022, o policial militar Daniel Cossani relatou à Promotoria de Justiça de Porto Feliz (SP) que tentou ajudar a produtora pernambucana K.*, uma das mulheres que denunciou Thiago Brennand por estupro.
A história de K. é narrada no podcast semanal "Brennand", do UOL Prime, apresentado pelos jornalistas Mateus Araújo e Juliana Sayuri, com episódios toda quinta-feira.
O relato do PM pode ser ouvido no terceiro episódio, que vai ao ar nesta quinta-feira (21).
K. relatou nos autos aos quais o UOL teve acesso que foi agredida, estuprada e mantida em cárcere privado na casa de Brennand em Porto Feliz, entre fins de agosto e início de setembro de 2021. Lá, ela também teria sido tatuada à força — o tatuador é réu por tortura, conforme o UOL revelou.
Uma das testemunhas ouvidas no caso foi o PM Daniel Cossani, que buscou K. e a levou embora da casa de Brennand rumo ao aeroporto, onde ela pegou um voo São Paulo — Recife.
O inquérito do caso K. foi instaurado em março de 2022. Três meses depois, foi arquivado por falta de "justa causa". Entretanto, acabou reaberto em setembro de 2022, devido a novas provas — entre elas, um novo depoimento do PM.
'Isso é tortura'
Cossani foi ouvido duas vezes. Na primeira, em 16 de maio de 2022, contou à Delegacia de Porto Feliz que é "amigo" e que foi "assessor administrativo" de Brennand por cerca de sete anos.
Cossani disse que Brennand estava "apaixonado" por K., que não notou hematomas no corpo dela e que nunca lhe ofereceu ajuda.
Na segunda vez, na oitiva online à promotoria de Porto Feliz, em 3 de outubro de 2022, declarou que era "personal trainer" de Brennand. E mudou a versão: disse que ouviu o relato de K. e lhe ofereceu, sim, ajuda, enquanto estavam se dirigindo ao aeroporto.
"Se ele [Brennand] fez realmente o que você [K.] está falando para mim que ele fez, ele tem que ser é julgado por isso. E só você vai poder fazer isso", o PM narrou à promotoria.
"Não bastasse isso, tem a tatuagem e tal. Como assim ele te obrigou a fazer uma tatuagem? Isso é gravíssimo, isso é tortura."
O PM ponderou que não viu Brennand agredir K. com os próprios olhos. Disse que sabia o quanto Brennand era "difícil" e que queria ajudá-la por ser íntegro e policial na sua "outra profissão".
"Você quer ir pro DP? [Se] ele te agrediu", Cossani teria dito. Ela teria respondido que preferia viajar para o Recife e ficar perto da família.
Procurado, Cossani não atendeu as ligações do UOL. Via assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a PM informou que foi instaurado um inquérito para apurar "condutas de militares na prática de infração penal-militar, bem como correlação a prestação de serviço ao indiciado [Brennand]".
"Brennand" está disponível no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.
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