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Defesas dos Brazão negam crimes e não comentam evolução patrimonial

Procurados desde a última segunda-feira (24), os advogados de Domingos e Chiquinho Brazão não quiseram se pronunciar sobre o crescimento patrimonial dos dois revelado pelo UOL.

Roberto Brzezinski, que defende Domingos Brazão, também nega as acusações feitas contra seu cliente e afirma que a denúncia da PGR se baseou apenas na delação de Ronnie Lessa.

O advogado afirma que a acusação "sustenta uma vendeta falaciosa entre os irmãos Brazão e Marielle" que nunca existiu.

"Não há nos autos prova de contato entre Macalé [apontado por Lessa como interlocutor com os mandantes, que morreu em 2021] e qualquer um dos irmãos Brazão, não há registro telefônico, não há mensagem, não há localização, não há quem tenha presenciado", escreveu a defesa de Domingos, na resposta à denúncia.

"O que se faz presente é, apenas, a narrativa do colaborador, despida de elemento que a ampare. Quanto ao ponto, vale dizer, atribui-se a alguém morto a intermediação do crime em análise, de forma que tal circunstância não pode ser comprovada", concluiu.

O advogado Cléber Lopes de Oliveira, que defende Chiquinho Brazão, disse que a evolução patrimonial do deputado não tem relação com as acusações feitas a ele no STF, e por isso não comentaria o assunto.

Em resposta à acusação da PGR enviada ao Supremo no início de junho, o advogado do deputado disse que a investigação não conseguiu comprovar as alegações de Ronnie Lessa sobre o envolvimento de Chiquinho no crime e chamou a denúncia de "frágil narrativa".

Segundo a defesa de Chiquinho, nunca houve "hostilidade" entre Brazão e Marielle.

Os advogados afirmam que a vereadora só apresentou um projeto de lei na Câmara sobre regularização fundiária e votou no mesmo sentido que Chiquinho em 60 outras votações — discordou dele em apenas 12 casos.

Além disso, Marielle também já atendeu a pelo menos um pedido de Chiquinho, para votar contra um projeto que pretendia facilitar a verticalização das moradias em Rio das Pedras.

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"A votação contrária a um projeto não significa rivalidade", escreveu o advogado de Chiquinho, na resposta à denúncia.

"A denúncia é manifestamente rasa e desconsiderou todo o contexto da atuação política de ambos os vereadores. Não havia e jamais houve rivalidade entre ambos. Marielle e Chiquinho tinham pautas partidárias, legislativas e políticas que não se confundiam e raramente divergiam. Marielle e Chiquinho não tinham reduto político na mesma região. Marielle e Chiquinho se apoiavam mutuamente em projetos de lei e coincidiam votos na maioria dos casos".

A defesa também contesta a afirmação de que os Brazão dariam um terreno para Lessa "explorar" em Jacarepaguá.

"É absolutamente falsa a afirmativa de que Chiquinho teria proposto ou defendido projetos de lei com o fim de providenciar a regularização de um suposto empreendimento imobiliário que, a um só tempo, seria a motivação e a recompensa para a execução de Marielle. Os imóveis não pertencem e nunca pertenceram a Chiquinho; jamais houve qualquer movimentação no sentido de erguer um empreendimento imobiliário naquela localidade", escreveu o advogado.

A reportagem também procurou, através de assessoria de imprensa, o deputado Manoel Inácio Brazão, conhecido como Pedro. Ele não é réu

O gabinete do deputado requereu que as questões fossem encaminhadas por escrito — no que foi atendido pelo UOL, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

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A defesa do delegado Rivaldo, conduzida pelos advogados Felipe Dalleprane e Marcelo Ferreira de Souza, também nega o envolvimento do cliente no caso.

Em petição enviada ao STF em resposta à denúncia da PGR, os advogados afirmam que a PF encerrou as investigações "de forma açodada" sem apontar "qualquer tipo de vínculo entre as pessoas presas; uma motivação plausível de compreensão que justificasse a prática dos referidos crimes; e como Marielle Franco poderia interferir no suposto negócio".

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