Câmeras corporais: acusações contra policiais caem 80% em presídios do CE
O estado do Ceará tem, até o momento, duas políticas públicas diferentes em relação ao uso de câmeras corporais acopladas em fardas de policiais.
A PM não utiliza os equipamentos nas ruas. Já policiais penais, que atuam em presídios, usam a tecnologia há mais de um ano.
Policiais penais entrevistados pelo UOL disseram aprovar as "bodycams".
O número de acusações de presos contra policiais penais caiu quase 80% após implementação da tecnologia, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do estado.
O governo estadual e a Polícia Militar não quiseram dar entrevistas. Segundo integrantes do governo e policiais militares da ativa ouvidos pela reportagem, um estudo sobre o tema está em desenvolvimento.
Em breve e aos poucos, as "bodycams" poderão ser testadas nas fardas dos PMs.
Dentro da corporação há uma certa resistência à tecnologia. O Ceará é um estado com quatro facções criminosas disputando territórios.
São elas o Comando Vermelho, o PCC (Primeiro Comando da Capital), os Guardiões do Estado e a Massa Carcerária, ou Neutros, recém-criada.
Policiais militares dizem que as câmeras poderiam inibir o trabalho ostensivo feito contra facções.
Atualmente, as facções dominam bairros inteiros de Fortaleza e, em paralelo, há relatos de violência policial — sobretudo em favelas e bairros periféricos.
Dentro dos presídios, policiais penais comemoram a existência da tecnologia.
Por ser um estado dividido por facções criminosas, os presos se agrediam e, depois, acusavam os policiais penais.
O policial que trabalha correto está amando a câmera, porque ele tem um instrumento que auxilia sua legitimidade, sua integridade e também o trabalho jurídico.
Luis Mauro Albuquerque Araújo secretário de administração penitenciária
Esta reportagem é uma parceria do UOL com a ONG Conectas Direitos Humanos e apoio do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo. Assista acima ao documentário produzido por UOL Prime sobre câmeras corporais.
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