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Caso Cariani: polícia investiga elo com tráfico em novo inquérito

A Polícia Federal abriu um segundo inquérito para continuar investigando o que considera um esquema de desvio de produtos químicos para o tráfico de drogas envolvendo o influenciador Renato Cariani.

A investigação envolve Danilo Couto, apontado como subordinado ao influenciador e sócio da empresa Anid Labor, envolvida na denúncia contra Cariani.

Couto teve seu sigilo telemático quebrado pela PF.

As interceptações mostram conversas nas quais ele negocia a venda de produtos fabricados pela Anidrol e usados no processamento de cocaína com um homem chamado Zinho.

Zinho foi identificado pela autoridades como Tadeu Papa Júnior e apontado como um potencial elo do esquema com o tráfico de drogas. Ele e Couto negociaram produtos entre 2017 e 2023.

A conversa que mais chamou a atenção dos policiais aconteceu em 2021. Zinho não fazia pedidos há alguns meses, e Couto questiona sobre seu paradeiro.

Ele responde com um link para uma matéria sobre uma operação da Polícia Civil de São Paulo que resultou na prisão de um integrante do PCC.

Couto então comenta: "Então, é isso que me preocupo contigo aí". Zinho retruca que irá retomar as operações em breve.

Os produtos vendidos eram entregues a Zinho com os rótulos arrancados.

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As conversas mostram que Couto tinha ciência de que seu interlocutor não possuía licença para a compra dos produtos.

Em pelo menos uma ocasião foi dado um carro em pagamento pelos produtos. Zinho retirou pedidos na sede da Anidrol, empresa de Cariani.

O influenciador fitness Renato Cariani
O influenciador fitness Renato Cariani Imagem: Reprodução / Instagram

A reportagem teve acesso a uma contabilidade paralela mantida por Couto detalhando operações frequentes com Zinho.

Cariani diz não ter conhecimento das operações conduzidas por Couto. Ele fez uma petição à Justiça para obter acesso ao novo inquérito que investiga as conversas.

Ele afirma no pedido que pode haver indícios de que Couto o tenha enganado e desviado produtos.

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Procurado pelo reportagem três vezes por meio de seus advogados, Couto não respondeu aos questionamentos.

Entenda o caso

A Polícia Federal coloca o empresário e influenciador fitness Renato Cariani, 48, como um dos líderes de um esquema de desvio de produtos químicos para tráfico de drogas.

Cariani e Roseli viraram réus em fevereiro deste ano, acusados de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

Segundo a PF, a Anidrol, empresa comandada pelos dois, com auxilio de outras duas empresas controladas por ela, simulou vendas falsas de produtos usados no processamento de cocaína para farmacêuticas renomadas, e a mercadoria foi desviada para o tráfico.

Os produtos eram vendidos a um falso representante de farmacêutica — a maior parte das vendas é em nome da AstraZeneca.

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O pagamento pelos produtos era feito na própria data da venda, por meio de depósitos bancários à vista — procedimento fora do padrão, segundo a PF.

Quebras de sigilo bancário indicam que, em várias ocasiões, esses pagamentos foram feitos por CPFs de pessoas sem nenhuma relação com as farmacêuticas.

Também haveria fraudes na retirada dos produtos.

Os dados entregues por Cariani às autoridades relacionam placas de veículos e RGs de motoristas que não batiam com os modelos dos veículos e nome das pessoas.

O influenciador nega as acusações da Polícia Federal e diz que foi vítima de fraude.

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