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Votos de petista irão definir vitória de Bolsonaro ou Caiado em Goiânia

O segundo turno em Goiânia (GO) será uma disputa de força entre duas lideranças nacionais da direita - Ronaldo Caiado (União Brasil), governador do estado, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Vai vencer quem conquistar os votos que, no primeiro turno, foram para uma petista que trocou o vermelho pelo lilás - a delegada Adriana Accorsi.

Ela teve 168 mil votos (24,5% dos votos válidos) e ficou em terceiro lugar.

O ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) teve 214 mil votos (31%), e o empresário Sandro Mabel (União Brasil), 190 mil (27,6%).

Após o resultado das urnas, Fred disse que não tomará a iniciativa de pedir apoio da petista, mas "todos são muito bem-vindos", desde que passem a concordar com suas propostas.

Fred aparecia nas pesquisas em terceiro lugar, atrás de Adriana. Ganhou tração na semana anterior à eleição com reforço de Bolsonaro, que gravou vídeo para a campanha.

Fred Rodrigues, candidato do PL: socorro de Bolsonaro na reta final
Fred Rodrigues, candidato do PL: socorro de Bolsonaro na reta final Imagem: Alesp Goiás/Divulgação

Voto útil

Para tentar neutralizar o cabo eleitoral do adversário, Sandro Mabel tem repetido em pronunciamentos que a eleição é para prefeito. "Bolsonaro não vai governar Goiânia", diz.

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Também tenta convencer o eleitor de que ser apoiado pelo governador é mais importante do que por um ex-presidente. A parceria entre ele e Caiado, afirma, será benéfica para Goiânia.

Sandro Mabel tem expectativa de herdar os votos de Adriana Accorsi. "Vão votar em mim para que o Fred não seja eleito", afirmou ao UOL.

Ser apoiado por uma petista pode parecer um problema numa cidade fortemente inclinada à direita.

No segundo turno das eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro teve 63,95% dos votos na capital; Lula, 36,05%.

Mas nesta eleição Adriana não se associou aos símbolos do PT.

Além de abolir o vermelho, adotando o lilás e o rosa como cores da campanha - votou de camisa branca e, nos debates, optou por tons como azul e marrom -, não fez alarde com o número 13.

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O jingle da campanha dizia "digite o um/ digite o três".

Caiado (centro.) em campanha com Mabel (esq.): 2026 já chegou em Goiânia
Caiado (centro.) em campanha com Mabel (esq.): 2026 já chegou em Goiânia Imagem: Wildes Barbosa/Divulgação

Carreatas

Assim como Bolsonaro intensificou a presença - ainda que digital - na campanha de Rodrigues, Caiado colou em Mabel às vésperas das eleições.

O governador participou de caminhadas, carreatas e esteve junto de Mabel na hora do voto e durante a entrevista coletiva para comentar a ida para o segundo turno.

Ronaldo Caiado já está em campanha para a Presidência da República em 2026. Não gosta quando é chamado de "potencial" candidato, como fez a reportagem do UOL.

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"Você não é obrigada a saber, mas estou caminhando por vários estados. Já levei ao conhecimento do meu partido que serei candidato a presidente", disse, em entrevista na véspera da eleição do último domingo.

Para isso, quer tirar de Bolsonaro o posto de opositor clássico de Lula, estratégia que também favorece Mabel. "Quem é o mais tradicional rival de Lula nos últimos 40 anos? Ronaldo Caiado", disse.

Ele lembra que concorreu à presidência contra o petista em 1989 e, antes, já era opositor dele como líder do movimento ruralista.

Sem Lula e Janja

Ao contrário dos concorrentes, que se beneficiaram com a participação dos cabos eleitorais ilustres, Adriana Accorsi não contou com a presença de Lula durante a campanha.

O presidente não participou de nenhum ato em apoio à candidata. Encontrou-a uma única vez, no aeroporto, no começo de setembro.

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A primeira-dama, Janja, também não. "Ela vinha, mas teve que ir para Doha", disse Adriana ao UOL.

Bolsonaro, por sua vez, foi a Goiânia duas vezes. Em junho, para o anúncio da candidatura de Fred. Em setembro, para comício no qual chamou o governador do estado de "covarde".

Caiado e Bolsonaro, que eram aliados, se desentenderam durante a pandemia, quando o governador defendeu o confinamento criticado pelo então presidente.

Michelle Bolsonaro também esteve em Goiânia apoiando Fred. O "respeito às mulheres" é uma das bandeiras de campanha do candidato do PL.

Adriana Accorsi abriu mão dos símbolos do PT, mas ficou fora do segundo turno
Adriana Accorsi abriu mão dos símbolos do PT, mas ficou fora do segundo turno Imagem: Fotoshows

Celular na rua

Adriana Accorsi é uma figura singular na política local e na esquerda. Fez carreira na segurança pública, tradicional reduto da direita.

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Ela chefiou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente entre 2003 e 2011, nos governos de Marconi Perillo (PSDB) e Alcides Rodrigues Filho (PP), e a Polícia Civil de Goiás, em 2011 e 2012, no terceiro mandato de Perillo.

Quando Flávio Dino foi indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), ela foi cotada para assumir o lugar dele no Ministério da Justiça.

Adriana aprecia o trabalho do governador Ronaldo Caiado à frente da segurança pública. "Melhorou muito com os investimentos estaduais", afirma. A frase ajuda no discurso dele de que Goiás "tem a melhor segurança" do Brasil.

"Você, que está vindo de São Paulo, pode ficar tranquila. Se quiser, pode andar com o celular na rua, a qualquer hora", disse Caiado ao UOL.

"Ele é um governador com quem tenho relacionamento respeitoso e positivo, um diálogo aberto e tranquilo", afirmou Adriana.

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