General aconselhou Cid a se afastar de Bolsonaro: 'Sua missão acabou'

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Após o fim do governo de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid foi aconselhado a se afastar do ex-presidente, inclusive por meio da contratação de advogados sem vinculação com o ex-chefe.
Um desses conselhos foi dado por um militar que obteve cargo de comando na gestão Lula (PT), o general Luiz Fernando Estorilho Baganha, atual chefe do Comando Militar do Oeste.
O ex-ajudante de ordens buscou o general para tentar minimizar o desgaste que as investigações da Polícia Federal já acarretavam à imagem dele.
No final de janeiro de 2023, o tenente-coronel havia sido vetado pelo comandante do Exército, Tomás Paiva, para assumir o Batalhão de Ações e Comandos de Goiânia.
Por isso, ele buscava apoio de outros generais para continuar progredindo na carreira militar.
Cid fez uma defesa de seu trabalho, dizendo que se restringiu à função de ajudante de ordens.
Após ouvir os lamentos, o general Baganha confirmou que havia um desgaste de sua figura no Exército, porque militares entendiam que o tenente-coronel havia extrapolado as funções de ajudante de ordens.
Citou, como exemplo, o fato de Cid aparecer tirando fotos de Bolsonaro, o que não fora bem recebido pelos militares.
O general Baganha o aconselhou a não defender Bolsonaro e seguir sua carreira militar. "Sua missão acabou", disse o general. Em seguida, afirmou: "E isso não é trair".
Meses depois, em setembro de 2023, o tenente-coronel fez um acordo de delação premiada com a PF, no qual indicou o envolvimento de Bolsonaro e militares em um plano de golpe de Estado.
Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023. Após a delação, foi solto com tornozeleira eletrônica.
Leia os trechos da conversa de Cid com o general:


Procurado, o general Baganha afirmou que não iria comentar o caso.
Em outro diálogo, Cid foi aconselhado por sua esposa, Gabriela, a adotar uma estratégia jurídica desvinculada à de Bolsonaro.
Gabriela encaminhou ao marido um conselho dado por uma amiga em comum para que ele contratasse um advogado que não fosse o mesmo do ex-presidente.
De início, Cid de fato contratou um advogado alinhado à equipe de Bolsonaro, o criminalista Rodrigo Roca, que havia defendido o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas.
O tenente-coronel decidiu mudar de defesa depois que Roca deu declarações públicas indicando estar alinhado a Bolsonaro. Quando contratou o advogado criminalista Cezar Bitencourt, Cid acabou optando pelo caminho da delação premiada, que o permitiu deixar a prisão.
Leia um trecho da conversa:

Série "O Zap do Cid"
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