Terceiro bebê com DNA editado por cientista chinês pode ter nascido

O terceiro bebê com o DNA editado pode ter nascido ou nascer a qualquer momento. Assim como as duas gêmeas que ficaram conhecidas no final de 2018, a criança teve seu código genético editado pelo biofísico chinês He Jiankui.
Em novembro de 2018, Jiankui chocou o mundo ao anunciar que havia utilizado o CRISPR, técnica de modificação genética, em uma mãe - mesmo sem aprovações da comunidade científica. Confrontado, confessou que havia outra mulher que também estava gestando um bebê geneticamente modificado por ele.
De acordo com o físico William Hurlbut, da Stanford University, que estava em contato com Jiankui, a criança provavelmente nasceu. À revista MIT Technology Review, ele afirma saber a data exata do nascimento, mas prefere não compartilhar para não expor mãe e filho.
Agora a questão é saber se o governo chinês e a comunidade científica saberão o paradeiro da nova criança. Para Rosario Isasi, bioética da Universidade Miami, é necessário "se posicionar e fazer controle de danos". Apesar das controvérsias, cientistas defendem que é importante acompanhar as crianças para que outros estudiosos possam acompanhar de perto sua evolução e as consequências da edição genética.
Na avaliação da pesquisadora, embora o governo chinês esteja monitorando redes sociais para saber onde está o bebê, é improvável que eles se pronunciem sobre o assunto. "Os chineses sabem que há necessidade de privacidade, para não transformar isso em um circo", diz Isasi.
A controvérsias edição genética
Em novembro de 2018, Hong Kong recebeu o Segundo Encontro Internacional sobre Edição de Genoma Humano. Até então, editar genes de embriões era apenas teoricamente possível. Tudo mudou quando He Jiankui, um cientista até então relativamente desconhecido, anunciou ter editado o gene das gêmeas "Lulu" e "Nana" para danificar um gene chamado CCR5 e torna-las imunes à infecção por HIV.
A alteração no gene, no entanto, pode ter outras consequências, como alterar as funções cognitivas das crianças. Em ratos, a eliminação do CCR5 os deixa mais inteligentes. Em humanos, ninguém sabe quais serão os resultados da modificação. Caso as pessoas alteradas tenham filhos no futuro, as mutações podem se alastrar por gerações.
Jiankui foi duramente criticado por sua empreitada. Ele foi acusado de violar consensos de ética da comunidade científica, trabalhou secretamente, não soube prever as consequências de suas mutações e, ao que tudo indica, fez a edição de forma incompleta.
Jennifer Doudna, cientista pioneira no CRISPR, por exemplo, afirmou que estava horrorizada; Francis Collins, o diretor de uma das principais associações americanas de saúde, disse que era "profundamente pertubador", enquanto Julian Savulescu, um defensor da técnica, chamou o processo de "monstruoso".
Uma questão importante é se haverá outras crianças sendo editadas no futuro. Como o CRISPR é uma técnica relativamente simples, é difícil de controlar iniciativas semelhantes. No Festival Path, os cientistas Eduardo Padilha e Erika Molina debateram sobre o tema. Assista aqui.
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