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Com lojas quase vazias, Black Friday decepciona comércio em Maceió

Supermercado em Maceió, durante a Black Friday - Gabriel Moreira/UOL
Supermercado em Maceió, durante a Black Friday
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

Jean Albuquerque

Colaboração para o TAB, de Maceió

27/11/2021 04h01

A Black Friday, data comercial importada dos EUA, foi ansiada pelo comércio em várias partes do país. Em Maceió, boa parte das promoções começou a valer a partir da 0h de sexta-feira (26) e a expectativa era de fila logo nas primeiras horas do dia, a exemplo do que tem acontecido nos últimos anos.

A reportagem de TAB escolheu o período da manhã para percorrer supermercados, um shopping center e uma das maiores áreas comerciais da cidade. Às 5h20, o sol estava começando a aparecer, as ruas ainda estavam vazias e com pouco fluxo de carros.

Em dois supermercados da parte alta da cidade, não houve registro maior de movimentação. Às 6h18, no Centro, algumas pessoas faziam uma pequena fila na frente de uma conhecida loja de departamentos. Os produtos mais procurados eram linha branca e celulares.

A pensionista Marinilde da Silva, 64, participava pela primeira vez da promoção e trouxe toda a família para aproveitar os descontos. Na lista de desejos, um micro-ondas. Contou ter feito economia nos meses anteriores para realizar a compra.

Marinilde da Silva, 64, foi às compras na Black Friday com a família, em Maceió - Gabriel Moreira/UOL - Gabriel Moreira/UOL
Marinilde da Silva, 64, foi às compras na Black Friday com a família
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

Descrédito e questionamentos

A cunhada de Marinilde, Poliane dos Santos, 25, é ambulante e vende churrasquinho no próprio Centro. Ela costuma aproveitar as promoções dessa época. Um dos questionamentos da vendedora ambulante, que pretende comprar uma geladeira e um fogão esse ano, é se os produtos realmente estão com desconto. "Esse ano o preço não está bom, é o mesmo preço normal do dia a dia", comentou. Santos iria percorrer outros locais na cidade antes de fazer a compra.

O também ambulante José Urtiga, 39, que vende sopa, mungunzá e café, disse que a Black Friday fazia com que suas vendas aumentassem. No ano passado, havia gente pela rua desde a meia meia-noite e ele conseguiu vender dois carrinhos cheios de mercadoria, já nas primeiras horas da manhã. "Esse ano tá devagar demais."

Ambulante José Urtiga, 39, reclamou do baixo movimento nas ruas de Maceió - Gabriel Moreira/UOL - Gabriel Moreira/UOL
Ambulante José Urtiga, 39, reclamou do baixo movimento nas ruas de Maceió
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

Pouco movimento

A mesma sensação de Urtiga tem o vendedor Carlos André Amorim, 56, ao lamentar o baixo movimento no estabelecimento em que trabalha. "Abrimos às 6h e temos uma oferta específica até às 9h, mas o movimento está frustrante."

Na loja, os produtos com maiores descontos são os refrigeradores, as máquinas de lavar e os eletroportáteis. "O brasileiro tem comprado somente o que é necessário, tem reduzido gastos. Ele não compra mais por consumismo. Na verdade, consome o que é necessário e se preocupa mais com a despensa dentro de casa, os alimentos, os produtos essenciais."

O vendedor atribui o pouco movimento à crise e ao menor poder de compra dos trabalhadores. Comenta sobre o aumento do combustível, a inflação, a alta no valor da energia. "O dinheiro está ficando escasso."

Loja de departamentos em Maceió durante a Black Friday - Gabriel Moreira/UOL - Gabriel Moreira/UOL
Loja de departamentos em Maceió, durante a promoção de Black Friday
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

Às 8h, no Jacintinho, bairro da periferia de Maceió, o mesmo cenário se repete: pouco movimento e baixa adesão à ação promocional. Algumas lojas de roupas, eletrodomésticos e farmácias ofereciam descontos nas compras.

A reportagem visitou quatro supermercados da parte baixa da cidade. Em um deles, com estacionamento quase todo ocupado por carros, um letreiro gigante na entrada indicava descontos de até 30%. Alguns poucos consumidores disputavam jogos de talheres e artigos para cama, mesa e banho. Alguns carrinhos passaram cheios de pacotes de papel higiênico.

Shopping em Maceió durante a Black Friday  - Gabriel Moreira/UOL - Gabriel Moreira/UOL
Corredores do Maceió Shopping, na manhã da Black Friday
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

Perto das 9h, na praça de alimentação de um dos shopping centers da cidade, havia pouca sinalização de descontos de Black Friday. Numa delas, havia promoções de lanches por R$ 0,90 ou R$ 1,90, mas só era possível acessar o desconto por meio do aplicativo de um banco digital. Havia pouca fila, e um grupo de jovens que comprava lanches com desconto conversou com a reportagem.

O estudante Sabino Coutinho, 20, foi com amigos aproveitar a Black Friday no Shopping Maceió - Gabriel Moreira/UOL - Gabriel Moreira/UOL
O estudante Sabino Coutinho, 20, foi com amigos aproveitar a Black Friday no Maceió Shopping
Imagem: Gabriel Moreira/UOL

O estudante Sabino Coutinho, 20, aproveitou a data para aproveitar os descontos em alimentos, e planejava visitar lojas de roupas e sapatos com amigos para tentar encontrar "alguma coisa mais acessível".