Mãe tentou resgatar filho refém e acabou baleada por PMs em Ourinhos (SP)
Era começo de madrugada em maio de 2020 quando o microempresário Igor Bernardo saiu da casa da mãe, em Ourinhos (SP), após comer uma pizza em família.
Ele voltava dirigindo quando foi parado por criminosos fortemente armados no centro da cidade, em frente a uma agência do Banco do Brasil, e feito refém.
Sem saber o que acontecia, a fisioterapeuta Maria Rita Bernardo, mãe de Igor, viu que seu filho tinha esquecido o cartão do banco na mesa e decidiu levá-lo pessoalmente.
Fez o mesmo caminho de carro e, ao vê-lo refém, pulou e tentou resgatá-lo. Não deu certo: mãe e filho foram dominados por assaltantes.
O que acontecia em Ourinhos era mais um "domínio de cidade", como são conhecidos os mega-assaltos a banco em que criminosos paralisam bairros inteiros. Os ladrões conseguiram levar R$ 52 milhões em espécie, segundo a polícia.
Enquanto alguns ladrões entravam no cofre da agência para retirar o dinheiro, outros ordenaram para Maria Rita ficar de mãos dadas com outro refém no meio da rua, em um cruzamento.
Eles foram usados como escudo humano.
Não deu certo. Houve troca de tiros assim que policiais militares chegaram no local. Um dos tiros disparados pelos PMs atingiu de raspão a perna de Maria Rita.
"Nós com a mão levantada e eles [PMs] continuaram atirando. Até os bandidos falaram assim: 'nossa, mas eles deveriam parar, tem refém'", lembra. PMs disseram que não havia registros de feridos no caso.
Ela disse que, ao avisar que tinha sido baleada, ordenaram que ela se abaixasse e se arrastasse até uma esquina. "Dali eu tive outra visão mais triste ainda: pegaram meu filho para entrar no banco. Entrei em desespero."
Igor conta que havia muita fumaça de explosões na hora que entrou no banco arrastado pelos criminosos.
"Tinha bastante bandido dentro do banco. Mandaram eu pegar o malote e colocar dentro do carro. Tinha cerca de 10 carros lá dentro do estacionamento do banco. Tive que ajudei a levar."
Durante a fuga, ele foi obrigado a se pendurar no teto de um dos carros, como escudo humano. O liberaram três quarteirões adiante.
Como se não bastasse o abalo psicológico, a família ainda teve de conviver com informações falsas sobre o crime disseminadas pela cidade. Diziam que Igor era morador de rua e que apoiou os criminosos. Nada disso é verdadeiro
Assista acima à íntegra do documentário "Cidade Dominada" parte 2.
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