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Empresário diz que transportou mala de joias de Bolsonaro sem ver conteúdo

O empresário Cristiano Piquet prestou depoimento à Polícia Federal e confirmou ter transportado uma mala de joias do ex-presidente Jair Bolsonaro de Orlando para Miami (EUA), mas disse não saber qual era o seu conteúdo.

Brasileiro, ele atua há 20 anos como corretor imobiliário no estado da Flórida e vive em Miami.

Piquet foi ouvido pela PF na condição de testemunha durante as diligências feitas nos EUA.

A PF concluiu o caso nesta quinta-feira (4) e indiciou Bolsonaro e outros sob acusação de crimes como peculato e lavagem de dinheiro.

O depoimento de Piquet é um dos elementos do inquérito.

Dentro da mala transportada por Piquet estava um kit composto por um barco e uma palmeira, ambos supostamente de ouro, dados de presente a Jair Bolsonaro no Bahrein.

O material foi levado do Brasil para os Estados Unidos pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, no avião presidencial que partiu de Brasília no dia 30 de dezembro.

Bolsonaro viajou aos EUA para não passar a faixa presidencial para o presidente Lula.

De Orlando, Mauro Cid queria levar a mala até Miami, onde seria recebida por seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para negociar a venda em lojas de joias. Para isso, ele precisava providenciar o transporte por uma distância de 380 quilômetros.

O empresário Cristiano Piquet relatou o episódio ao UOL.

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Sua entrevista faz parte do terceiro episódio do podcast "Cid: A Sombra de Bolsonaro", produzido pelo UOL Prime, que você ouve acima.

Você pode ouvir o podcast no YouTube do UOL Prime, Spotify e em outras plataformas de áudio.

Questionado sobre o caso, Piquet contou que foi procurado pela equipe do então presidente para intermediar o aluguel de um imóvel, que seria usado por Bolsonaro no período em que estaria nos EUA.

Bolsonaro viajou aos EUA no dia 30 de dezembro para não passar a faixa presidencial para Lula.

Ele se hospedou na casa do lutador de MMA José Aldo, em um condomínio em Orlando. Responsável por intermediar essa hospedagem, Piquet disse que foi de carro de Miami até Orlando apenas para acomodar Bolsonaro na casa.

Quando estava para retornar a Miami, recebeu o pedido para transportar a mala.

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"Eu tava em Orlando, né, fui lá só pra atender eles de carro. Aí na volta o segurança me fala: 'Piquet, você tá voltando pra Miami?'. Eu falei: 'tô'. 'Pode levar essa mala?' 'Posso.' 'Alguém vai pegar com você lá.' Eu falei 'beleza'. Nem mexi na mala, por respeito ao presidente. Cheguei e coloquei. No dia seguinte me liga o Cid: 'ó, tem que pegar a mala. Tá aqui, vem cá.' Pego a mala, beleza, morreu o assunto. Um mês depois é que eu fui saber na mídia", contou Cristiano Piquet.

Piquet ainda disse que a própria Polícia Federal, que está investigando o caso, "entendeu" que ele não teve culpa.

"Ainda fiquei preocupado, porque às vezes você faz um negócio e não pode alegar que não sabia. Eu perguntei pra eles. Eles falaram assim: 'não, nisso você tá de gaiato nessa história'. E aí me liberaram da investigação. Eu não sou nem investigado, só entrei como testemunha, dei minha versão", disse Piquet.

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