Só para assinantesAssine UOL

'Sou como cachorro que apanhou de marreta', diz Cariani sobre acusações

"Lembro que eles [Polícia Federal] utilizaram um acessório para arrombar a porta. Moro em apartamento. Vizinhos acordaram pelo barulho. Minha filha estava doente, começou a chorar. Minha esposa estava com traje pra dormir. Eu e ela meio despidos no sofá, sem entender nada. Foi o pior dia da minha vida."

O relato é do influenciador fitness e empresário Renato Cariani sobre a operação da Polícia Federal em sua casa no dia 12 de dezembro de 2023.

Desde então, se tornou réu e é apontado pela PF como um dos líderes de um esquema de desvio de produtos químicos fabricados pela Anidrol, empresa da qual é sócio, para o tráfico de drogas.

Ele afirma ser inocente e diz ter sido vítima das pessoas que desviaram os produtos.

Na segunda parte da entrevista exclusiva ao UOL, Cariani conta os detalhes do dia em que a Polícia Federal deflagrou a operação na sua casa.

O influenciador também fala sobre como tem sido conviver com a cobertura nacional do caso e sobre os impactos da acusação na sua vida e no dia a dia da sua empresa.

UOL - Como foram os momentos seguintes à entrada da polícia na sua casa no dia 12 de dezembro?

Renato Cariani - Eles revirando a minha casa, pedindo a senha do meu telefone. Eu prontamente dei a senha, só depois fiquei sabendo, (legalmente), você não precisa dar a senha. Dei a senha do meu computador, dei a senha do meu celular. Foi o pior dia da minha vida. São 41 anos de empresa. Minha sócia de 73 anos que fundou essa empresa.

Daquele dia pra cá acho que tudo foi se acalmando. Hoje eu estou mais calmo e eu continuo meu trabalho em rede social, porque essa é a minha missão, minha tarefa e agora é o meu sustento. Mas eu garanto que foi o pior dia da minha vida. Eu não imaginava que ia passar por isso um dia

Continua após a publicidade

Você disse que as coisas se acalmaram, mas de repente, por ter relação com o Pablo Marçal, você aparece numa peça de campanha da Tabata Amaral (PSB), do lado de pessoas apontadas como ligadas ao PCC. Como você recebeu isso?

Não fui eu que escolhi isso né [entrar na política]. E tô eu lá. Volta tudo de novo, né? Me vejo no meio de uma campanha política. Meu Deus do céu, cara. Minha sócia criou a empresa do zero, eu fui funcionário durante oito anos, fiquei sócio pagando 25 prestações.

Eu não tenho filiação partidária nenhuma. Eu não entendo nada de política. Eu trato de saúde das pessoas. Aí de repente me vejo lá, o termo que foi usado, "abastecendo o PCC".

UOL - Como você se tornou sócio da Anidrol?

Trabalhei como químico responsável da empresa de 2001 a 2008, quando me tornei sócio. Eu dei um sinal relativamente pequeno e tive a oportunidade de ir pagando prestações com o próprio pró-labore da empresa, com a própria distribuição de lucro.

UOL - Como tem sido a rotina na empresa desde que o processo começou?

Continua após a publicidade

Nós estamos passando por uma crise sem precedentes. Todos os dias nós lamentamos alguma dor, lamentamos alguma perda. Estamos mantendo todos os funcionários, mantendo todos os nossos compromissos.

Muitos clientes falam 'olha, a gente ama vocês, o trabalho de vocês é incrível, o produto de vocês é maravilhoso, mas me procura quando vocês forem inocentados'. Então a gente não vê a hora de passar a mão no telefone e ligar para eles. 'Está aqui ó, nós enfim provamos que nós somos inocentes. Por favor, nos permita fornecer para vocês novamente.'

UOL - Você diz que você e sua sócia Roseli são vítimas. Todas as pessoas envolvidas na investigação foram um dia seus amigos ou funcionários. Se for inocentado, pensa em pedir indenização?

Eu nunca pensei em indenização, porque quando acontece algo como aconteceu comigo, você fica tão machucado, tão destruído que é como se você fosse um cachorro que apanhou de marreta, está no chão.

Você não pensa em vingança, em justiça. Você só pensa em sair daquele pesadelo e provar que você não tem nada a ver com isso. Minha única ansiedade é ser julgado, ter justiça, receber a minha honra de volta, devolver meu nome e ter paz.

Deixe seu comentário

Só para assinantes