Me Too Brasil e Anielle alinham estratégia jurídica contra Silvio Almeida
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A direção da ONG Me Too Brasil orientou suas conselheiras a manterem silêncio sobre o caso Silvio Almeida ao mesmo tempo em que traça uma estratégia jurídica alinhada à de Anielle Franco.
Almeida foi demitido em 6 de setembro do cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania por acusações de importunação sexual contra Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.
No dia anterior, o Me Too Brasil confirmou em nota ter recebido denúncias de assédio sexual contra Almeida. O ex-ministro nega as acusações.
O UOL teve acesso a informações de que as conselheiras têm sido orientadas a recusar pedidos de entrevistas e a não reagir às notificações extrajudiciais enviadas pela defesa de Almeida.
O argumento apresentado internamente pelo Me Too é que a ONG e Anielle Franco serão defendidas por uma banca de advogados de primeira linha, que vão atuar conjuntamente nas áreas criminal e administrativa.
Anielle Franco tem conversado com os advogados criminalistas Pierpaolo Bottini e Priscila Pamela sobre o caso.
A reportagem questionou Bottini sobre o trabalho com Anielle. "Mas não é defesa, porque ela não precisa de defesa. Ela é vítima", disse Bottini ao UOL. Ele afirmou que, a pedido da ministra, não irá tratar do tema com jornalistas.
O advogado também disse não ter informações de que haja uma atuação conjunta entre Anielle Franco e o Me Too.
A assessoria de imprensa do Ministério da Igualdade Racial negou que haja uma estratégia conjunta entre a ONG e a titular da pasta.
O UOL procurou o Me Too, mas não obteve retorno.
A Polícia Federal confirmou que Anielle Franco irá prestar depoimento nesta quarta-feira (2).

Cadeia de custódia
A defesa de Silvio Almeida enviou pedidos de informações para a ONG e para cada conselheira, individualmente.
Os advogados querem saber como se deu o "vazamento de dados", já que as denúncias contra Almeida foram publicadas pela imprensa antes de a ONG confirmá-las, por meio de nota.
A defesa de Almeida afirma que o Me Too contrariou a Lei Geral de Proteção de Dados. Argumenta que a ONG quebrou a "cadeia de custódia dos dados pessoais relativos às identidades das pessoas envolvidas, bem como dos relatos prestados".
"O consentimento das [supostas] vítimas não dispensa a manutenção do sigilo relativo aos dados, uma vez que envolvem denúncias passíveis de tratamento por parte de autoridades do poder público", lê-se nas notificações.
A assessoria de imprensa do Me Too também tem se recusado a dar detalhes sobre as denúncias - quantas são e se foram feitas quando Silvio Almeida era ministro, sob a justificativa de proteção às vítimas.
A ONG também se nega a informar se esclarecimentos sobre o caso foram prestados à Polícia Federal, que abriu inquérito para apurar o caso.
A PF ainda não definiu uma data para interrogar Silvio Almeida.
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