Natalia Becker, ré no caso do peeling de fenol, pode ir a júri popular
Cinco meses após a morte do empresário Henrique Chagas da Silva, a Justiça colhe depoimentos de testemunhas para constatar se há indícios suficientes para julgar a influenciadora digital Natalia Fabiana de Freitas Antonio, conhecida como Natalia Becker, por homicídio doloso.
Henrique morreu durante uma intervenção estética chamada peeling de fenol em São Paulo, em maio. Além de sócia-proprietária da clínica onde Henrique estava, Natalia foi a responsável pela realização do procedimento.
No começo de setembro, ela virou ré depois que a denúncia do Ministério Público de São Paulo foi aceita.
Caso a Justiça entenda que há materialidade, seguindo o pedido do MP-SP, Natalia será levada a júri popular.
O pai de Henrique, João Batista Bianchini Chagas, será assistente de acusação.
Natalia não está presa, mas precisa seguir medidas cautelares. Não pode ficar fora de São Paulo por mais de oito dias sem autorização judicial, nem pode frequentar sua clínica ou exercer a atividade de esteticista.
A reportagem foi até o endereço de sua empresa, o Studio Natalia Becker, na zona sul de São Paulo, no início de outubro. O estabelecimento estava vazio e fechado.
Além de ouvir testemunhas, a Justiça também aguarda um laudo pericial de cinco frascos encontrados na clínica da influenciadora para saber qual a procedência e a legalidade das substâncias.
O UOL procurou a advogada da família de Henrique, Gracy Kelly Matoso, mas não recebeu resposta ao pedido de entrevista.
Farmacêutica que deu curso é proibida de dar aulas
Outra profissional envolvida no caso também está na mira da Justiça.
A farmacêutica Daniele Stuart, que deu o curso "peeling de fenol atenuado" para a influenciadora Natalia Becker, foi proibida de dar novas aulas e de realizar procedimentos estéticos.
O Conselho Federal de Farmácia a defende, dizendo que ela tem pós-graduação em saúde estética e especialização registrada no conselho, "conforme as exigências legais para o exercício profissional na especialidade".
Mas o de CFM, o Conselho Federal de Medicina, considera o peeling de fenol um procedimento de aplicação restrita a médicos, invasivo e agressivo, e a processou.
A ação civil pública do CFM contra Daniele levou à recente proibição de suas atividades. Ela obedeceu a Justiça e tirou seus cursos do ar.
Mas foi preciso uma morte de repercussão nacional para que medidas fossem tomadas.
As aulas do curso "peeling de fenol atenuado" foram ministradas de maneira remota. Tinham duração de seis horas e custavam R$ 500.
A reportagem procurou Daniele pelo contato de sua empresa, a Neo Stuart Estética Avançada, por telefone e mensagem no WhatsApp. A ligação não foi atendida e não houve resposta. Caso haja manifestação, a reportagem será atualizada.
A farmacêutica chegou a ser investigada pela Polícia Civil do Paraná, onde atua, mas o inquérito foi arquivado.
Em suas redes, Daniele tem postado vídeos e votos durante viagem ao Uruguai. Ela diz ter ouvido questionamento sobre viajar "no meio de mais um furacão", mas responde que é "melhor sofrer tomando vinho no Uruguai do que ficar chorando as pitangas por aqui sem forças para fazer nada".
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