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Após denúncia de Anielle, Silvio Almeida ainda não foi ouvido pela PF

Passados quase cinco meses das denúncias de importunação sexual feitas pela ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e de assédio sexual divulgadas pela ONG Me Too Brasil, o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida ainda não foi convocado pela Polícia Federal para prestar depoimento.

Ele nega as acusações.

Silvio Almeida foi demitido do comando do ministério em 6 de setembro, um dia após a publicação de uma reportagem no portal Metrópoles, em que era acusado de assédio e importunação sexual. Anielle seria uma das vítimas.

A ministra prestou depoimento à PF em outubro, e a defesa de Silvio Almeida afirma que até agora não teve acesso ao teor das acusações.

O caso corre no Supremo Tribunal Federal - Almeida era ministro à época dos acontecimentos.

Nélio Machado, advogado de Sílvio Almeida, disse ao UOL que vai pedir ao relator do caso, André Mendonça, "acesso pleno" ao inquérito - o que inclui saber o que Anielle Franco disse à polícia.

O pedido deverá ser feito em 3 de fevereiro, quando os ministros do STF retornam do recesso.

Inquérito em sigilo

Em nota enviada ao UOL, a ONG Me Too Brasil informou que as mulheres que afirmam ter sido assediadas por Silvio Almeida, "representadas por advogadas próprias, que não são da organização", prestaram depoimento à PF.

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"Elas seguem sendo apoiadas psicologicamente, com apoio jurídico e de assistência social pelo Me Too Brasil", diz a nota.

Nélio Machado disse desconhecer esses novos depoimentos.

A ONG não informa o número exato de mulheres que denunciam Almeida, segundo afirma, por "não ter autorização das vítimas".

Uma outra mulher que se apresentou como vítima de Almeida também foi ouvida pela PF. A defesa de Silvio Almeida teve acesso ao depoimento.

Procurada pela reportagem, a Polícia Federal não respondeu aos pedidos de informações sobre o caso. O inquérito corre em sigilo.

Informações sobre Almeida

O UOL apurou que, como parte das investigações, a PF solicitou informações sobre Silvio Almeida às instituições onde ele deu aula em São Paulo - Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade São Judas Tadeu e FGV (Fundação Getulio Vargas).

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Por meio da assessoria de imprensa, a Universidade Mackenzie disse ao UOL que, como o inquérito é sigiloso, não pode dar informações sobre o pedido da PF.

Informou, no entanto, que não há registro de denúncias contra Almeida na universidade. Ele ingressou como professor em 2013 e está licenciado do cargo.

A Universidade São Judas Tadeu não quis prestar informações sobre o pedido da polícia, mas afirmou que a instituição nunca recebeu denúncias formais contra Silvio Almeida enquanto ele deu aulas lá, entre 2005 e 2019.

A Fundação Getúlio Vargas informou, por email, que "não comenta procedimento investigativo em curso". Ele entrou na FGV em 2018 e está licenciado.

Pierpaolo Bottini, advogado de Anielle Franco, disse ao UOL que acompanhou a ministra no depoimento, mas não tem "mais informações sobre o inquérito".

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