Olá, tabbers, como vão? Bora assumir o arquétipo de leitor? Chegou ao seu e-mail a melhor newsletter do Brasil, prontinha para ser devorada. Talvez hoje eu esteja muito convencida com a edição dessa semana? Talvez, mas se a gente não se valorizar, quem vai, né? Selecionei muita coisa boa: uma reportagem especial belissíma sobre milagreiros de cemitério (juro, é mais legal do que você imagina...), a história comovente de uma travesti que abriu uma casa de apoio a pacientes com Aids nos anos 1980, rusgas e questões literárias brasileiras e muito mais. Só vem comigo. Devoções marginais O destaque da semana fica por conta da minha reportagem sobre os milagreiros de cemitério, que atrazem milhares de devotos anônimos, todos os dias, aos principais cemitérios de São Paulo. São histórias de mortes sofridas e sentidas que atraem pessoas para os túmulos, em busca de um milagre pessoal ou apenas para rezar. Os milagreiros existem no Brasil inteiro e, em São Paulo, grande parte são crianças que morreram cedo, jovens e pessoas que passaram por uma tragédia, como é o caso das Treze Almas do Edifício Joelma — as últimas ocupam um espaço próprio em um cemitério da zona leste da cidade. Conheça mais essa fé bastante brasileira, registrada pela fotógrafa Camila Svenson. A rainha e as princesas Os repórteres Mateus Araújo e Tiago Dias contaram a história linda e impressionante da travesti Brenda Lee. No auge da epidemia da Aids, Brenda criou a 1ª casa de acolhimento de travestis infectadas. Dois anos após o início dos atendimentos, a Secretaria de Saúde do Estado propôs formalmente um convênio com Brenda para que o local se transformasse em um centro de referência, em parceria com o Hospital Emilio Ribas. Morta em 1996, sua história foi resgatada num musical de sucesso em São Paulo e, em breve, será contada em livro sobre a frente de travestis na luta contra a Aids. Cabeça preservada A repórter Camille Lichotti visitou a pequenina cidade de Cantagalo (RJ), onde nasceu Euclides da Cunha, para ver a reabertura do museu que reúne memorabília sobre o escritor e seu cérebro, mantido em formol. O peculiar, nessa história, é que a cidade parece engajada em manter viva a memória do autor de "Os Sertões", embora ele tenha vivido pouco por ali. Superando a herança Théo Mariano foi até Abadia de Goiás (GO) tentar entender os números do Censo 2022, onde houve uma explosão nos registros de domicílio na cidade, que passou os últimos 40 anos sob o estigma do acidente com césio-137. Quase um drinque "Tive uma sensação muito boa, mais física do que mental. Mas passaram alguns insights na cabeça", contou Eduardo Pane ao repórter Rodrigo Bertolotto. O empresário experimentou o veneno do sapo Bufo alvarius para aliviar estresse. Ele faz parte de uma nova onda no uso de substâncias extraídas de anfíbios. Embora proibida pela Anvisa, a administração dessas drogas tem crescido — e recentemente, o neurologista brasileiro Sidarta Ribeiro levou a uma convenção em Denver (EUA) os resultados de pesquisas laboratoriais com a molécula presente no veneno, a 5-MeO-DMT. Epicentro das teorias conspiratórias Em Brasília, nosso colaborador André Borges deu um rolê no Foro de São Paulo, um encontro da esquerda que virou figura principal de teorias da conspiração da extrema direita sobre tentativas de aplicar um golpe comunista no Brasil. Na vida real, o Foro de São Paulo é apenas um encontro de movimentos e partidos de toda a América Latina para discutir ideias e políticas sociais. Paraíso místico Com fotos de tirar o fôlego, a colaboradora Bettina Hanna visita um santuário secreto no sudeste da Califórnia, fundado pelo guru permaculturista Garth Boules. Boulder Gardens reúne artistas, místicos, viajantes e até atores famosos de Hollywood em uma locação fantástica e pouco conhecida. Um golaço da série "Meridianos". Lugares de fala O escritor e jornalista Vagner Fernandes conversou com autores e editores negros sobre o posicionamento do escritor baiano Itamar Vieira Junior, que considerou racistas duas críticas a romances seus, provocando um questionamento do colega angolano José Eduardo Agualusa. Os autores reafirmam a necessidade de mais visibilidade para as maiorias minoradas e vêem desigualdade nos crítérios de avaliação de obras de autores negros e não negros. PUBLICIDADE | | |