Cigarro eletrônico pode ceder dados dos fumantes para chefes e seguradoras
Muita cortina de fumaça cerca o mercado dos e-cigarros, mas o cenário fica bem mais nítido para quem pagar pela informação (e não por esses pen-drives vaporizadores). Dominando o mercado norte-americano, a Juul criou um modelo conectado via Bluetooth com um aplicativo no celular do usuário.
O argumento da startup criada em 2015 é que esse dispositivo serviria para o fumante controlar seu vício (e reduzir ou abandonar o hábito, se esse for o desejo), além de a geolocalização poder evitar que se fume perto de escolas (o aparelho bloqueia o acionamento). Esse último recurso seria então um obstáculo para o consumidor adolescente, atraído pelo marketing "descolado" da marca (há 2 milhões e-fumantes adolescentes nos EUA).
Acontece que esse mesmo programa possibilita o acesso dos dados coletados por "terceiros", ou seja, empresas interessadas nas baforadas alheias, como seguradoras e administradoras de planos de saúde (além dos chefes dos fumadores, é claro).
"Como toda tecnologia, esse aplicativo pode ser usado para o bem e para o mal. Eu não ficaria surpresa se começar a venda de informação, afinal, é aí que está o dinheiro", afirmou Margaret Riley, especialista da Universidade da Virgínia (EUA) sobre direito da saúde pública.
O número de tragadas, a periodicidade, a forma de pagamento, a localização e até o email dos clientes podem ser compartilhados.
Nos EUA, 29 estados proíbem qualquer tipo de discriminação trabalhista em relação aos fumantes, mas não existe uma lei federal sobre o tema.
Há por lá casos de corporações que baniram os pitadores (eletrônicos ou analógicos) para economizar nos gastos com plano de saúde. Por outro lado, as seguradoras querem mensalidades mais altas para os fumantes, mas esbarram na quantidade de informação que os assegurados passam.
No Brasil, a comercialização, importação e propaganda dos e-cigarros são proibidas. Há, porém, um forte lobby por sua legalização, argumentando que eles são menos prejudiciais que o fumo tradicional, por não conter tabaco e outras substâncias tóxicas - continua por lá a viciante nicotina, em proporções às vezes até maiores.
Mesmo banido por aqui, o produto aparece nos principais portais de venda online e ainda ganha posts bem elogiosos por parte de influenciadores digitais, o que garante um público jovem para o produto com vapores saborizados, de crème brûlée a pepino.
A popularização dos cigarros eletrônicos entre os adolescentes foi a primeira polêmica desse mercado ascendente, que agora apresenta como solução uma nova polêmica: o compartilhamento digital das pitadas.
A agência reguladora dos EUA, a FDA (Food and Drugs Administration), apontou uma "proporção epidêmica" no crescimento do uso por estudantes. E uma reportagem do jornal "The New York Times" mostrou que a maioria dos escolares adictos nunca tinha antes acendido um cigarro convencional.
O design cool, a entrada USB, os sabores chamativos e os posts estilosos em redes sociais como o Instagram e Facebook atraíram um público muito jovem para a Juul, que detém 72% do mercado dos EUA.
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