Sentindo tédio no trabalho? Estudo mostra que isso pode ser bom
É algo que sempre norteou nosso cotidiano: ao menor sinal de tédio, alguma coisa não deve estar bem. No entanto, esse sentimento está presente em muitos momentos, inclusive no trabalho, na hora de uma reunião improdutiva ou uma palestra maçante.
Mas, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista "Academy of Management Discoveries", se sentir desinteressado em uma tarefa no trabalho pode a estimular melhor a criatividade na próxima tarefa.
Os autores do estudo buscaram atingir esse nível de enfado nos participantes do experimento com uma simples tigela de feijões vermelhos e verdes. Cada pessoa tinha que separar os grãos, um a um, em dois grupos.
A atividade não foi aleatória. Professor de psicologia organizacional da Escola de Administração da Universidade Nacional Australiana, e principal autor do estudo, Guihyun Park explicou que a tarefa foi criada para que não atingisse outros sentimentos das pessoas, como a raiva e a frustração.
Logo após a tarefa, os participantes foram solicitados a inventar desculpas para o atraso em um dia hipotético de trabalho. Eles também tiveram que trabalhar no desenvolvimento de um novo produto "com um forte foco em novidade e usabilidade" para uma empresa imaginária.
Em ambos os casos, os pesquisadores descobriram que as pessoas que experimentaram o tédio depois geraram mais ideias. O estudo ainda mostrou que a qualidade dessas respostas e soluções variavam conforme os testes de personalidade dos participantes. As ideias classificadas como mais criativas provinham de pessoas que eram mais abertas a experiências e que eram orientadas por objetivos de aprendizagem e não por desempenho.
"O tédio parece levar esses indivíduos a explorar soluções alternativas para os problemas ou desafiar o status quo", concluem os autores. Park e os outros coautores (Beng-Chong Lim, professor de administração da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, e Hui Si Oh, assistente de pesquisa da Universidade de Administração de Cingapura) também afirmam que "sem a habilidade inata de sentir o tédio, os seres humanos seriam menos compelidos a sair de suas zonas de conforto e buscar circunstâncias diferentes, e às vezes melhores. Na falta desse incentivo, eles poderiam ser menos adaptáveis às demandas de sobrevivência em constantes mudanças."
O resultado faz eco aos argumentos feitos por psicólogos e especialistas que recomendam que as crianças fiquem entediadas no verão, para que elas possam desenvolver o "estímulo interno" necessário para ser verdadeiramente criativo.
A ideia é defendida também pela psicóloga Sandi Mann, da Universidade Central de Lancashire, e autora do livro "The Upside of Downtime". "Imagine um mundo em que não ficássemos entediados", disse Mann ao site norte-americano de notícias científicas Nautilus. "Estaríamos perpetuamente animados com tudo - gotas de chuva caindo, sucrilhos na hora do café da manhã".
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