Aos 91 anos, Andy Warhol viveria no Instagram e seguiria Kim Kardashian
Conhecido por usar a iconografia popular como matéria-prima, Andy Warhol via arte em tudo - de peças publicitárias de aparelhos domésticos ao cotidiano ordinário das pessoas. Seu olhar conseguia capturar a essência desses assuntos e jogava luz ao legado cultural das coisas mais mundanas. Warhol completaria 91 anos hoje (6) e certamente teria uma conta no Twitter, atualizaria diariamente seu perfil no Instagram e seguisse a mesma influenciadora que você.
É o que garante Eric Shiner, diretor do Museu Andy Warhol, que sempre afirmou: "Ele seria fascinado por Lindsey Lohan, pelas irmãs Kardashian e Lady Gaga. E veria religiosamente 'The Real Housewives of Beverly Hills', porque lhe seduzia o mundo dos famosos e seu lado mais escuro", explicou à EFE.
Mais do que as famosas latas de sopas de tomate Campbell (1962) ou as impressões coloridas de Marilyn Monroe, Warhol talvez seja mais lembrado pela forma como vislumbrou o cenário midiático do século 21. Sua previsão foi cravada pela primeira vez em uma exposição de seu trabalho em Estocolmo, na Suécia, em 1968: "No futuro todos serão mundialmente famosos por 15 minutos".
Por conhecer tão bem os tabloides e os paparazzi, instintivamente compreendeu o apetite voraz da mídia (e das pessoas) pelo novo e imaginou que os avanços na comunicação aumentaria a demanda em um nível nunca antes imaginado.
Um processo que não foi totalmente entendido até o surgimento da internet e da primeira edição do Big Brother no Reino Unido, em 2000, o primeiro programa a colocar pessoas comuns em frente à câmera. Assim como ele fizera em 1963, no filme experimental "Sleep", em que documentava seu amante na época, John Giorno, e suas cinco horas e 20 minutos de sono.
Mas é 2019 e o mundo do YouTube, Instagram e TikTok já está pulverizado. Warhol efetivamente previu esse mundo online de memes virais e influenciadores de Instagram e YouTube a que estamos mergulhados mais de 50 anos depois.
Hoje, faz parte do nosso cotidiano referências instantâneas, em que vidas e talentos (ou a falta de) são degustados, devorados (e às vezes regurgitados) em uma velocidade impressionante. No fim, o legado de Wahrol vai muito além das suas obras.
"Não só seu legado está cada vez mais consolidado em termos artísticos, mas muitos recuperam também sua faceta como inovador social", explicou o diretor do museu.
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