Ser Sonoro #8: quando a música de elevador tocou num foguete espacial

Você já ouviu o barulho que Paul McCartney faz comendo salsão? Talvez já, e nem saiba disso. Para quem estava com saudade de aprender fatos obscuros e a rica história da música e dos sons, a espera acabou: o podcast Ser Sonoro volta a ser distribuído aqui em TAB, com episódios inéditos aos sábados.
Nesta semana, Fernando Cespedes conta as conexões entre a mastigação de Paul, a queda e a ascensão dos Beach Boys, a garagem dos Mutantes em São Paulo e as músicas de elevador. A base de tudo isso é o som lo-fi, ou de "baixa fidelidade".
Hoje, talvez você conheça o termo lo-fi ligado a hip-hop, em playlists infinitas no YouTube que prometem um som para trabalhar ou relaxar por horas a fio. Mas, bem antes do site de vídeos, já tinha gente preocupada em preencher o ambiente sonoro com algo que fizesse pouco barulho e prometesse resultados práticos: maior produtividade, mais foco no trabalho, ou até mesmo melhorar as vendas de uma loja com uma playlist específica para isso.
No século 19, o francês Erik Satie já falava em "música de mobília", um tipo de som que serviria para preencher o ambiente, assim como fazem os móveis. "Ele compôs uma peça para a sala de estar, uma para bistrôs, uma para ser tocada para durante o almoço — mas que também servia para um casamento, desde que fosse no civil — uma para o momento em que os convidados chegam num evento, e a última (que você está ouvindo aí), que é para ser tocada nos escritórios dos presidentes das empresas", relata Cespedes no episódio (ouça acima partir de 5:43).
Mais tarde, na década de 1940, surgiu uma empresa chamada Muzak. "O plano da Muzak era dominar as paisagens sonoras do mundo todo, tanto que eles passaram a se apresentar como 'especialistas internacionais nas aplicações fisiológicas e psicológicas da música, cujo poder está na sutileza que contorna a resistência da mente e mira direto no coração'" (a partir de 3:03).
A empresa deu de cara com a contracultura, Woodstock e todo o afloramento político-cultural no fim dos anos 1960, e os planos de dominação mundial não deram muito certo. No entanto, a base do easy listening estava formada, e ainda formaria nomes como Brian Eno e vídeos infinitos que reúnem milhões de ouvintes no YouTube.
Mas antes de designar especificamente essa música "de elevador", vale lembrar que lo-fi servia para nomear as canções que não eram gravadas na alta qualidade permitida pelo que ficou conhecido como high fidelity, ou alta fidelidade. E é aí que entra Paul McCartney supostamente mordendo um talo de salsão numa música dos Beach Boys.
O ex-Beatle, os Beach Boys e Os Mutantes, aqui no Brasil, são exemplos de gente de sucesso que usou a baixa qualidade para criar sons disruptivos e mostrar que o lo-fi — que para alguns era a única opção — tinha muito a acrescentar na música.
Para entender como essa história se costura, não perca o novo episódio. Você pode ouvir Ser Sonoro, distribuído por TAB, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, entre outras plataformas de podcast.
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