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Festival da comida gigante é 'fundo' de foto e selfie com coxinha de 20 kg

Cristian Silva, criador da coxinha de 20 kg do Big Food Festival, em São José dos Campos (SP) - Paula Maria Prado/UOL
Cristian Silva, criador da coxinha de 20 kg do Big Food Festival, em São José dos Campos (SP) Imagem: Paula Maria Prado/UOL

Paula Maria Prado

Colaboração para o TAB, de São José dos Campos (SP)

30/05/2022 11h45

Torresmo de 5,5 kg, temaki de 1 kg, pastel de 50 x 22 cm, caipirinha de 5 litros, pamonha de 3 kg e coxinha de 20 kg. No Big Food Festival, em São José dos Campos (SP) — também chamado de Festival da "Iguinorança" —, comida é quase vendida a peso.

O evento, inspirado na fama norte-americana dos exageros gastronômicos, reuniu comidas de rua gigantes de sexta-feira (27) a domingo (29). Foram sanduíches, salgados, bebidas, doces e outros quitutes em quantidades generosas.

A segunda edição do festival aconteceu pouco depois da primeira, realizada em São Bernardo do Campo (SP) em abril. "Temos festivais com outras temáticas, mas o Big Food é nosso 'bebê'", conta Elaine Vilela, uma das idealizadoras do festival.

Com o mote instagramável, a expectativa no Vale do Paraíba era receber cerca de 25 mil visitantes. "Depois de dois anos em que o setor de festa esteve integralmente parado, podemos considerar este um novo respiro", disse. O desafio, no entanto, foi equilibrar os custos da produção das comidas e o preço de venda. Com entrada gratuita, era possível encontrar produtos a partir de R$ 8.

O torresmo de 5 quilos no Big Food Festival de São José dos Campos (SP) - Paula Maria Prado/UOL - Paula Maria Prado/UOL
O torresmo de 5 kg no Big Food Festival de São José dos Campos (SP)
Imagem: Paula Maria Prado/UOL

Experiências e boas memórias

Eventos do gênero têm reunido, de um lado, expositores ávidos por ganhar dinheiro na retomada do mercado de festas e eventos; de outro, pessoas ansiosas pela novidade, ainda que com grana curta.

É o caso da digitadora Patrícia de Freitas, 38. Na companhia do marido, dos filhos e de uma amiguinha da filha, ela conta que, se na pandemia viu sua renda despencar e precisou colocar o pé no freio dos gastos, hoje, com a situação financeira mais controlada, escolhe a dedo os passeios em família.

"A pandemia foi ruim para todo mundo. Meu marido é autônomo, então tivemos dificuldade de manter nossa renda. Esse período dentro de casa fez com que a gente reavaliasse nossas escolhas", disse Patrícia, que dá preferência a eventos com entrada gratuita.

O isolador térmico João Vitor Oliveira, 23, concorda. Ele estava curtindo o evento com a namorada, a auxiliar administrativa Tainara Alves, 22, e, juntos, encararam a coxinha de 1 kg no almoço. "Quase não conseguimos comer tudo!", diverte-se ele. "Mas a gente só tomou café. Estávamos com fome", ri a jovem.

O isolador térmico João Vitor Oliveira curtiu o evento com a namorada, a auxiliar administrativa Tainara Alves - Paula Maria Prado/UOL - Paula Maria Prado/UOL
O isolador térmico João Vitor Oliveira curtiu o evento com a namorada, a auxiliar administrativa Tainara Alves
Imagem: Paula Maria Prado/UOL

O casal conta que tem saído hoje mais do que antes da pandemia. "Por sorte não tive uma queda brusca na renda. Minha empresa me colocou de home office. No entanto, na minha casa, parte da minha família ficou desempregada. Já João, como na época trabalhava como vigilante, não ficou sem serviço", disse Tainara.

Segundo Oliveira, o isolamento social deu a eles a sensação de tempo perdido. "Vimos muita gente indo embora. Com a reabertura do comércio e permissão dos eventos, resolvemos 'viver'. Saímos bem mais do que antes. Toda oportunidade de encontrar amigos ou fazer algo que nunca tínhamos feito antes, lá estamos nós."

Oportunidade de renda extra

Algumas das peças, de tamanho nada módico, compunham o mostruário do estande, ou seja, são feitas apenas para tirar fotos. Mas muitas delas podiam ser compradas na versão gigante.

No estande do Universo da Gula, por exemplo, o destaque era o brigadeiro de 1 kg. O doce, normalmente consumido em versão menor, tem sido responsável por contribuir com a renda da casa do servidor público Douglas Siqueira, 56. A família de São Paulo, que começou no ramo em meio à pandemia, põe literalmente a mão na massa e viaja para participar de feiras aos finais de semana.

Brigadeiro de 1 kg no estande de Douglas Siqueira - Paula Maria Prado/UOL - Paula Maria Prado/UOL
Brigadeiro de 1 kg no estande de Douglas Siqueira
Imagem: Paula Maria Prado/UOL

"Como já gostávamos muito de doces, passamos a vendê-los. Deu certo", conta ele que considera festivais mais do que ganha-pão, também um hobby. "Gosto muito. Depois de ficar em casa tanto tempo, gosto de vir às feiras. Aqui posso fazer amizades, conhecer pessoas? Consegui unir o útil ao agradável."

A retomada das feiras também foi um presente para Cristian Silva, 45. Salgadeiro há 12 anos, ele começou a fazer coxinhas gigantes há 3. Em 2021, o chef criou uma de 11 kg. "Para este evento, conseguimos fazer uma de 20 kg! O desafio é manter a proporção de 70% massa e 30% recheio, além da acertar na técnica de fritura para manter a casquinha crocante por inteiro", revela. Exagero? Segundo ele, o próximo desafio já está em estudo: uma coxinha de 50 kg.

Estas não estão à venda. Em seu estande, segundo Silva, as que mais saem são as de 1 e de 3 kg — a tradicional possui cerca de 300 g. "A turma compra e divide. Daí não fica caro e ainda rende fotos bacanas." A coxinha de 1 kg custa R$ 30 e dá para até quatro pessoas.

Lindomar Alves, conhecido como Rei da Caipirinha, também tem aproveitado para se tornar ainda mais conhecido. Para o evento, criou uma bebida de 5 litros. "Não é fácil fazer uma caipirinha desse tamanho, viu? São 2 litros de cachaça, 750 g de açúcar e 900 g de fruta, além de gelo. Mas o segredo é macerar e mexer a bebida para que ela fique equilibrada e gostosa."

Ele espera que, em breve, esteja no Guinness Book com a maior caipirinha do país. "Uma caipirinha grande como essa é para ser dividida para cerca de 10 ou 15 pessoas. Então, não há desperdício de alimento. Quem compra consegue beber com os amigos", disse.

A novidade impulsionou as vendas dos copos menores, de 1 litro. "Estou feliz. Nós tivemos de ficar parados na pandemia, agora estamos conseguindo receber clientes antigos e novos. Temas divertidos, como este das comidas gigantes, chamam a atenção. Ganhamos todos."