'Disputas': por que o ministro Silvio Almeida virou 'alvo' no governo Lula
De licença-paternidade, Silvio Almeida foi ao Twitter na tarde de quinta-feira (21) para divulgar o primeiro concurso para o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Finalizou a série de tuítes indicando que, no futuro, pretende "percorrer o país com uma agenda ampla de viagens", "onde as pessoas mais precisam de nós". Não foi por acaso.
Nos últimos tempos, o destino do ministro vem sendo discutido nos bastidores de Brasília: sob pressões do centrão, o governo federal estuda trocar ministros — entre eles, ventilou-se Almeida, além de Nísia Trindade, da Saúde, e Ana Moser, do Esporte. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Almeida estaria apresentando desempenho aquém do esperado devido a seu perfil "acadêmico".
O centrão não tem interesse nem familiaridade com a agenda de direitos humanos, um ministério que tampouco tem um orçamento considerável. Entretanto, segundo interlocutores, há partidos de esquerda que querem aproveitar a reforma ministerial para pleitear o posto: o diretório do PT de São Paulo e o PSB, legenda do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Almeida se tornou um alvo "porque não tem ligação partidária e é alguém que ganhou visibilidade", diz ao TAB uma fonte próxima do governo. "Isso chama atenção, principalmente para quem está em outras disputas no jogo, quem vai ser presidenciável ou ocupar outros lugares."
Outra fonte acrescenta que os críticos estão aproveitando inclusive a recente licença para desgastar a imagem do ministro.
"Ouvindo tanta gente aqui, cheguei a uma conclusão: não tenho como defender apenas projetos da minha pasta", Almeida disse na última plenária para discutir orçamentos no PPA (Plano Plurianual) do governo federal, na tarde de 14 de julho, em São Paulo. "Nós não estamos aqui para vencer um ao outro, para chegar um na frente do outro. Tenho dito e repetido: esse é o tipo de corrida que, se a gente não chegar junto, a gente vai perder."
Lá, o ministro foi surpreendido com a notícia de que Anesu, sua primeira filha, estava nascendo. Deixou o evento às pressas e precisou ser escoltado pela Polícia Federal, pois àquela altura dezenas de fãs o cercavam para tirar uma foto.
'Dar um salto'
Integrantes de movimentos sociais e outras organizações elaboraram cartas de apoio a Almeida, repassadas por WhatsApp na quinta-feira. O ministro soube e não se opôs à mobilização.
"Nós sabemos das dificuldades que são enfrentadas por um governo de coalizão que a todo momento é instado a se manifestar sobre as divergências político-partidárias que não podem e não devem ser colocadas acima do bem comum da população brasileira", destaca uma delas.
"Nos causam estranheza as notícias de que uma possível mudança recaia sobre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que está sob a gestão do ministro Silvio Almeida, servindo como moeda de troca para satisfazer os desejos de grupos ansiosos por poder e orçamento."
A carta destaca a importância do trabalho de Almeida para a população LGBTQIA+, negros, idosos, entre outros, "no fomento de um novo jeito de fazer política". Mais de 160 grupos assinaram o arquivo na sexta-feira.
Para o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, grupo do qual Silvio Almeida faz parte, é natural que haja uma pressão sobre "os ombros de Lula e de Silvio", referindo-se às expectativas no campo dos direitos humanos diante do contraste com o governo Jair Bolsonaro (PL), que alçou Damares Alves (Republicanos-DF) à Esplanada dos Ministérios.
"[Almeida] está organizando a casa e todos os instrumentos de direitos humanos para dar um salto. E fará isso nos próximos meses", afirma Carvalho, amigo pessoal de Lula e um dos articuladores da indicação de Almeida à pasta. "É injusta a pressão. E, seguramente, o presidente é um cara experiente, sabe dos limites e com certeza tem essa sensibilidade."
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