Visita de Maduro retoma debate sobre o abismo de desigualdade na Venezuela
A visita de Nicolás Maduro ao Brasil para participar de uma cúpula de presidentes sul-americanos devolveu ao noticiário e às redes sociais o tópico da crise política e social vivida pelos venezuelanos. Proibido de entrar no país no governo Bolsonaro, que não o reconhecia como presidente legítimo da Venezuela, Maduro foi recebido com honras de chefe de Estado e teve agenda intensa com Lula, que considerou o encontro um "momento histórico" para os dois países.
O retorno de Maduro ocorreu numa das semanas mais duras em Brasília. O governo sofreu derrotas no Legislativo e foi cobrado pela excessiva hospitalidade dispensada a Maduro, condenado pelo Conselho de Direitos Humanos ONU, em 2020, por crimes contra a humanidade.
Maduro, que está no poder desde 2013, persegue a oposição e cerceia a liberdade de imprensa. Em 2018, foi reeleito num pleito marcado por irregularidades. Mais de 50 países não o reconhecem como vencedor e impõem sanções e embargos. Enquanto mantém o país sob um regime autoritário, perde legitimidade no cenário internacional. A expectativa é de alternância de poder com as eleições de 2024 mas, até lá, nada está garantido.
A crise social venezuelana acompanha a política. Os anos dourados, financiados com o petróleo estatizado, já não existem mais. A moeda desvaloriza mês a mês — hoje, o salário mínimo na Venezuela equivale a US$ 5. Também derreteram os programas de assistência à população que vive abaixo da linha da pobreza.
A hiperinflação foi controlada, o país registra ligeira estabilidade econômica a partir de 2021, mas muitos venezuelanos ainda buscam ajuda nos países vizinhos. A extensão da crise já normalizou o caos em cidades fronteiriças. Em Pacaraima (RR), o desastre é flagrante: existe fila para dormir na rua. Leia mais nesta reportagem de TAB, publicada em fevereiro de 2022.
Curiosamente, enquanto boa parte da Venezuela ainda lide com racionamento de energia, escassez de produtos e salários baixos, há bolsões de prosperidade. Las Mercedes, bairro nos arredores de Caracas, não sabe o que é crise. Tudo que não é visto em outras partes de Caracas se concentra ali, em pouco menos de 1 km²: arranha-céus, carrões novos e importados, pedestres bem vestidos e restaurantes caros.
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