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Governo de SP diz que investiga mortes na Baixada e que laudos são isentos

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou em nota que todas as mortes decorrentes de intervenção policial durante a Operação Escudo estão em investigação pela Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de Santos, com o apoio do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), e pela Polícia Militar.

Reportagem do UOL com base em depoimentos de testemunhas e moradores das favelas que foram alvo da operação nas últimas semanas apontou que houve execuções, tortura e ameaças, além de alteração de cenas de crimes por parte dos PMs.

"A pasta ressalta que os laudos oficiais das mortes, elaborados pelo IML, foram executados com rigor técnico, isenção e nos termos da Lei. Em nenhum deles foi indicado sinais de tortura ou qualquer incompatibilidade com os episódios relatados", diz a nota da SSP.

Em 31 de julho de 2023, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou à imprensa que não houve nenhuma hostilidade e nem excessos da Polícia Militar na Operação Escudo. Até aquela data, haviam sido confirmadas oito mortes.

"Nós confiamos muito na polícia, que é treinada, que é profissional, que age com profissionalismo e deu uma grande demonstração de profissionalismo nessas operações. Nós não vamos deixar passar impune a agressão a um policial. Eu estou extremamente satisfeito com a ação da polícia, extremamente triste com o que aconteceu porque nada vai trazer o pai de família de volta. Nada vai trazer um pai de volta para aquele filho que perdeu, que não vai ter mais o convívio com o seu pai dentro de casa, nada vai trazer um marido de volta", afirmou o governador à época.

O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, classificou como narrativas o que afirmaram à imprensa moradores da região onde aconteceram as mortes.

Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

"Olha, essa versão aí de que um indivíduo foi torturado, depois... Isso não passa de narrativa para nós. Não chegou oficialmente nenhuma informação, muito menos indício e muito menos materialidade nesses casos."

As afirmações, do governador e do secretário, ocorreram antes da finalização dos inquéritos da Polícia Civil, que documentariam as causas e dinâmicas de todas as ocorrências de modo oficial.

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Ainda conforme a pasta comandada por Derrite, "desvios de conduta não são tolerados e são rigorosamente apurados mediante procedimento próprio. Denúncias podem ser formalizadas em qualquer unidade da Polícia Militar, inclusive pela Corregedoria da instituição".

Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), criticou as falas do governador e do secretário de segurança pública.

"A gente está falando de uma política de segurança pública que se destina, mesmo, a eliminar suspeitos", afirmou Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).

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