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Ex-militar do Exército liderou mega-assaltos a bancos no país, diz polícia

Ex-militar do Exército, Ademir Luis Rondon foi preso em outubro de 2021 após uma perícia da Polícia Civil localizar seu DNA em uma balaclava encontrada na cena de um roubo a carro-forte em São Carlos (SP).

Conhecido como Sargento e Tio Demis, ele é suspeito de participar de assaltos a banco no interior do estado e de integrar um grupo conhecido como "estrelas", especializado em ações violentas que paralisam bairros inteiros, o chamado "domínio de cidade".

No crime de São Carlos (SP), Rondon atacou um veículo da Protege ao lado de pelo menos outros três comparsas. O dinheiro não foi levado, mas os criminosos deixaram rastros.

Rondon também teve o perfil genético encontrado pela Polícia Federal durante um domínio de cidade em Araçatuba (SP), ocorrido em agosto de 2021. Ele foi condenado pelo crime a 9 anos e 4 meses de prisão.

Um delegado que colheu o depoimento de Rondon afirmou que a voz capturada na radiofrequência que determina o término antecipado do assalto era a dele.

O ex-sargento do Exército Ademir Luís Rondon, que foi preso em 2021
O ex-sargento do Exército Ademir Luís Rondon, que foi preso em 2021 Imagem: Reprodução

"A gente começou a acompanhá-lo antes de sair o mandado de prisão", afirma ao UOL um policial civil da delegacia de Roubo a Bancos de São Paulo que participou da detenção dele, ocorrida na cidade de Campinas (SP).

"Houve o roubo de Araçatuba e ele sumiu por alguns dias. Passamos a acompanhar a rotina familiar, da esposa. Num dos dias, a esposa saiu de casa e foi ao encontro dele. Deslocou-se por uns 30 minutos dentro da cidade de Campinas. Aí a mulher dele parou o carro na frente de um prédio. Eu ouvi o barulho do clique do portão. Fiquei paradinho esperando. Aí o carro saiu, era ele."

Sargento foi travado pela frente por outro agente, esboçou uma fuga e mandou a esposa ir embora, mas o policial entrevistado o encurralou.

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Segundo o policial que participou da ocorrência, ele ficou aliviado ao perceber que estava sendo abordado por policiais. Tinha receio de ser sequestrado por outros criminosos.

Um agente federal que acompanha há anos roubos a instituições financeiras afirma que o Rondon é um homem escolarizado e o define como "inteligente".

"Trabalha muito bem com armamentos, explosivos e financia também. Parte do dinheiro ele coloca na ação e vai até a ação. Alguns financiadores participam da ação. Outros, não. No caso do Ademir, ele vai até a cena do crime", diz o policial federal.

Ilustração de Ademir Luis Rondon, um dos líderes da "elite do crime" no Brasil
Ilustração de Ademir Luis Rondon, um dos líderes da "elite do crime" no Brasil Imagem: Arte UOL

Pedro Ivo Corrêa dos Santos, delegado titular da delegacia de Roubo a Bancos do Deic de São Paulo, reforça que o Sargento é conhecido no meio pela liderança que ele tem sobre os demais.

"Ele é um sujeito que é disciplinador. Tenta resolver conflitos e dá ritmo do roubo", afirma o delegado.

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"Ele não procura o crime, o crime procura ele, como ele mesmo diz. Às vezes, está sem fazer nada em casa e alguém bate na porta chamando para participar de um crime."

O que diz a defesa: à Justiça a defesa de Ademir cita ausência de provas e afirma que o ex-militar não estava presente no crime de Araçatuba.

As ações dos "estrelas" são o tema da segunda parte do documentário "Cidade Dominada". Assista à íntegra acima.

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