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Como 'gêmeos do crime' agiram em mega-assalto de Botucatu, segundo polícia

Dois irmãos gêmeos, Carlos Willian Marques de Jesus e Carlos Wellington Marques de Jesus, conhecidos como "Grandão" e "Irmão do Grandão", estão entre os protagonistas do mega-assalto a banco de Botucatu (SP), ocorrido em julho de 2020.

A dupla integrava a organização criminosa conhecida como "estrelas", segundo a Polícia Civil. Cada um foi condenado a mais de 50 anos de prisão.

As autoridades afirmam que Willian e Wellington participaram da explosão e retirada de dinheiro de uma agência, quando Botucatu já estava dominada.

As provas recaíram mais sobre Carlos Willian do que sobre Carlos Wellington. Ambos cumprem pena hoje na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

A investigação começou quando um advogado foi à delegacia da cidade procurar Carlos Willian, informando ter recebido uma ligação da mulher dele. Ela disse que o procurado fora baleado no assalto.

Os policiais, então, decidiram investigá-lo.

Os gêmeos do crime
Os gêmeos do crime Imagem: Arte UOL

A confissão do crime

Ele foi preso e confessou à polícia participação no assalto. Segundo o relato, ele havia saído da prisão cerca de cinco meses antes e, sem conseguir emprego, recorreu a criminosos conhecidos por uma ajuda financeira.

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Um deles, não identificado, sugeriu que Carlos Willian dirigisse um dos carros que seriam usados no crime de Botucatu.

Willian disse em depoimento que, na hora do crime, entrou em um Audi que estava estacionado em uma chácara. Outros três criminosos entraram nos outros assentos munidos de armas de grosso calibre.

Ele os levou até um local específico da cidade e aguardou por alguns momentos, enquanto comparsas roubavam o Banco do Brasil. Na volta, guiado por outros criminosos, enfrentou tiroteio com a polícia.

Carlos Willian afirmou que, nesse momento, foi baleado na mão. O grupo entrou em uma casa para roubar dois carros: uma Fiorino e um Eco Sport. Carlos Willian foi baleado no pé ao descer do carro.

Um policial militar de folga que estava em uma casa vizinha trocou tiros com os bandidos e chegou a ser atingido de raspão por uma bala. Carlos Willian então entrou no baú da Fiorino.

Ele contou que os outros criminosos mandaram-no descer do carro e foi abandonado em um ponto da cidade. Escondeu-se em um matagal e viu os ferimentos infeccionarem. Conseguiu chegar um conjunto habitacional rastejando.

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Um homem prestou os primeiros socorros. Carlos Willian conseguiu ligar para a mulher e para o irmão, Carlos Wellington, que pagou ao homem que o acudiu R$ 3.000 pelos cuidados médicos e para que pudessem alimentá-lo.

A polícia recebeu denúncias sobre o paradeiro de Carlos Willian, mas um comparsa chegou ao local antes dos policiais.

Os "gêmeos do crime"
Os "gêmeos do crime" Imagem: Reprodução

Wellington nega participação

Já Carlos Wellington relatou à polícia que estava em São Paulo no momento do assalto. A Justiça, no entanto, entende que os dois irmãos participaram juntos do planejamento da ação.

Carlos Wellington foi a Botucatu com três mulheres, usando identidade falsa, logo depois do crime.

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Chegou a ser abordado em um pedágio, mas conseguiu fugir a pé por um matagal. As mulheres acabaram detidas. Uma delas era a mulher de Carlos Willian.

Willian foi capturado em 30 de outubro de 2020, três meses após o crime, quando se preparava para uma cirurgia de reconstrução da mão, em uma clínica próxima à avenida Paulista, em São Paulo.

O irmão Carlos Wellington foi recapturado bem depois, no dia 26 de fevereiro de 2021, pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Ele estava a caminho de uma academia no centro de São Paulo.

Duas armas foram localizadas no apartamento dele, na Vila Olímpia, zona oeste da capital paulista. Wellington andava com documentos falsos devido ao pedido de prisão que havia sido aberto.

Antes do crime de Botucatu, ele já havia sido condenado por roubar uma joalheria em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na madrugada de 6 de abril de 2018.

Carlos Willian e Carlos Wellington toparam ceder entrevistas ao UOL mesmo presos em Presidente Venceslau, mas a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) não autorizou.

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Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus e Carlos Willian Marques de Jesus, em representação artística
Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus e Carlos Willian Marques de Jesus, em representação artística Imagem: Arte UOL

As ações dos "estrelas" são o tema do documentário "Cidade Dominada", parte 2. Assista à íntegra acima.

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