'Mula' do tráfico italiano se escondeu em pequena cidade de SP por 4 anos
O italiano Massimo Iacozza, 47, cumpria prisão domiciliar em seu país natal quando decidiu fugir para o Brasil assim que foi condenado a 9 anos de prisão pelo Tribunal de Roma.
Aqui no Brasil, ele escolheu para viver a pequena cidade de Mairinque, na região metropolitana de Sorocaba. Durante quatro anos, trabalhou como pedreiro.
Iacozza era conhecido na Europa por suas fugas sempre em alta velocidade, daí o apelido "Varenne" — referência a um cavalo de corrida.
A polícia italiana aponta que Iacozza era integrante do clã Zizzo, um grupo criminoso que abastecia, com cocaína e haxixe, as máfias 'Ndrangheta e Camorra. Ele é um dos 22 mafiosos italianos que foram presos no Brasil nos últimos dez anos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República da Itália, Iacozza começou no crime como "mula" — cargo de quem leva drogas de um país para outro —, fazendo trajetos que começavam na Espanha, passavam por Roma e terminavam em Fondi, na Itália.
Eventualmente, ele também fazia o caminho inverso, carregado de drogas.
Ligação com o tráfico
Em abril de 2020, a Interpol repassou ao governo brasileiro os registros criminais de Iacozza, que apontavam sua ligação com o tráfico em ações cometidas entre setembro de 2009 e junho de 2014.
Por esses crimes, foi condenado duas vezes pelo Tribunal de Apelação de Roma: a primeira, em dezembro de 2015, determinou pena de oito anos de prisão; a segunda, em fevereiro de 2016, mais três.
No entanto, no momento da inclusão na "red notice" (difusão vermelha, a lista de procurados do órgão), a Interpol citou que restavam nove anos a serem cumpridos pelos crimes de associação criminosa armada voltada ao tráfico de armas em larga escala, além de posse ilegal e tráfico de drogas em grandes quantidades.
Com base nas informações da Interpol, que citavam a suspeita de que Iacozza vivia no estado de São Paulo, em 10 de junho de 2020, a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), decretou a prisão preventiva do italiano.
Em 23 de fevereiro de 2021, ele foi detido por policiais federais na cidade de Araçariguama, próxima daquele que escolheu se esconder.
Exatamente um mês depois, em 23 de março, o governo italiano pediu ao governo brasileiro a extradição de Iacozza.
Em audiência à Justiça Federal do Brasil, o italiano confirmou que estava no Brasil havia quatro anos. E que, aqui, trabalhava como pedreiro.
Questionado sobre as acusações que pairavam contra ele, decidiu permanecer em silêncio.
Enquanto aguardava o processo de extradição, o italiano permaneceu na penitenciária de Itaí (SP), até ser entregue por policiais federais às autoridades italianas, no aeroporto internacional de Guarulhos, em 11 de maio de 2023.
Ao chegar em Roma, após os ritos legais, foi levado ao presídio de Viterbo, a 80 quilômetros de Roma, onde cumpre pena.
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