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Ilhas do Pacífico estão mais contaminadas que Tchernóbil, dizem estudos

Atol de Bikini nas Ilhas Marshall - Copernicus Sentinel Data 2017/Orbital Horizon/Gallo Images/Getty Images
Atol de Bikini nas Ilhas Marshall Imagem: Copernicus Sentinel Data 2017/Orbital Horizon/Gallo Images/Getty Images

Do TAB, em São Paulo

19/07/2019 14h34

Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos fizeram uma série de testes com bombas nucleares nas Ilhas Marshall, no meio do Oceano Pacífico. Hoje, o arquipélago tem regiões até mil vezes mais contaminadas do que lugares que foram palco de desastres em usinas nucleares, como Tchernóbil e Fukushima, sugerem estudos de pesquisadores da Universidade Columbia.

Entre os anos 1946 e 1958, foram 67 teses nucleares nos atóis de Marshall - como são conhecidos recifes em forma de anel, formados por corais.

As bombas foram lançadas principalmente no Atol de Bikini e Enewatak, mas logo a radiação se espalhou por todo o arquipélago atingindo a população nativa, que foi forçada a ir morar em outros locais.

De acordo com os três novos estudos, os moradores não poderão voltar tão cedo para sua terra. Em algumas áreas, os pesquisadores encontraram altos índices de radiação tanto no solo, quanto nos sedimentos oceânicos quanto nas frutas das regiões contaminadas.

Os estudos vão na contramão de pesquisas anteriores, que declararam algumas ilhas como seguras e incentivaram moradores a retornar. Em Enewatak, por exemplo, vivem 600 pessoas.

A radiação gama em regiões das ilhas de Bikini e Naen (no atol Rongelap) está muito além do permitido. Em Bikini, os índices são de 649 milirems por ano, enquanto em Naen era de 460 por ano. O máximo considerado seguro é de 100 por ano.

Explosão nuclear realizada pelos E.U.A no dia 1º de julho de 1946 na laguna do atol de Bikini para testar os efeitos da arma sobre navios de guerra e animais de laboratório - Associated Press - Associated Press
Imagem: Associated Press

A situação é pior em Bikini porque, no ano de 1954, os Estados Unidos fizeram o teste da bomba Castle Bravo na ilha. A ogiva de 15 megatons formou uma cratera de 1,5 quilômetro de largura e 75 metros de profundidade. A explosão era mil vezes mais poderosa do que a das bombas jogadas no Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

Um dos estudos encontrou no fundo do mar mais de 130 amostras da cratera de Castle Bravo. A pesquisa mostra que os níveis de radiação dos sedimentos continuavam muito acima dos níveis normais.

O último estudo concentrou-se nas frutas das ilhas. E descobriu que havia Césio 137 em alta quantidade em várias frutas da região.

Não há precisão de quando os moradores poderão voltar para a região e ocupar integralmente as ilhas com segurança. Infelizmente, as mudanças climáticas pioram a situação porque o nível do mar está subindo rapidamente nas Ilhas Marshall.

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