Topo

'Games podem nos ensinar o caminho sobre shows e festivais online'

Fabiana Batistela, diretora do Festival SIM  - Divulgação
Fabiana Batistela, diretora do Festival SIM Imagem: Divulgação

Giacomo Vicenzo

Colaboração para o TAB

19/09/2020 04h00

Fabiana Batistela, diretora da SIM (Semana Internacional de Música) de São Paulo há sete anos, encara neste momento de pandemia um novo desafio para um dos principais eventos musicais da cidade. Com o distanciamento social, a possibilidade de realizar eventos oinline é uma realidade necessária não só no meio musical mas em vários outros setores. Batistela foi a quinta entrevistada da terceira temporada do podcast "Fora da Curva", apresentado pela jornalista Monique Evelle.

Os oito episódios da nova temporada estarão disponíveis sempre às quintas-feiras.

O mundo hoje é cada vez mais multiplataformas: o smartphone é uma porta para vários conteúdos. Não é incomum achar seu artista favorito no Twitter expressando opiniões pessoais ou fazendo uma live no Instagram. Estar nesses diversos espaços virtuais é fundamental.

Muitos artistas que não estavam acostumados a utilizar essas plataformas para se comunicar foram obrigados a fazê-lo, mas nem todos têm patrocínio — alguns músicos saíram na frente, como os sertanejos, que já têm estrutura e dinheiro para realizar eventos online. A apresentadora questionou se há um movimento para conscientizar quem ainda está de fora desse processo e mostrar que ele pode ser um caminho (ouça abaixo a partir de 17:22).

Se ir até uma loja de CDs hoje em dia é hábito quase restrito a colecionadores, Batistela explicou como essas transformações no mercado da música ocorreram e ressaltou que é justamente no momento de crise que surgem as novas ideias. Ela lembrou que a crise no mercado fonográfico dos anos 2000 foi responsável pela criação das plataformas de streaming, e que essa transformação começou em 1999, quando surgiu o Napster (serviço de streaming de música), o que fez com que os modelos de mercado e indústria de música se reinventassem.

"Agora o que a gente está vendo é a mesma coisa. Existe essa crise no setor ao vivo, que era o que sustentava basicamente a grande parte do mercado mundial (...) A gente vai ter que inventar uma saída, um novo produto, um novo caminho para sustentar toda essa cadeia. As lives foram uma medida emergencial (...) mas eu acho que elas vieram para ficar, realmente, agora com uma nova percepção do público", comentou Batistela (a partir de 18:30).

O que fica de mudança para o cenário da música no pós-pandemia de covid-19? Para Batistela, mesmo depois da volta dos shows, as lives devem se manter como uma opção extra. "Se você tem um espaço para 300 pessoas e faz uma live junto, você amplia esse público e sua receita consideravelmente", afirmou.

Nesse novo caminho, é preciso também se profissionalizar e investir em estruturas e ideias. Nesse sentido, o videogame pode ser um bom exemplo, de acordo com Batistela.

"A gente vê também ideias novas surgindo, como o show do Travis Scott naquele jogo Fortnite. O videogame está ensinando muito para gente, é impressionante, porque ele já tinha essa dinâmica de digital e de vida virtual ali. A gente não precisa se prender ao presencial na hora de usar o virtual. Há essa tendência de transformar a live num produto inovador, num produto diferente daquela experiência do show presencial", defendeu Batistela (a partir de 20:56).

Fabiana Batistela é formada em marketing e publicidade pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Este ano, a SIM (Semana Internacional de Música) de São Paulo, da qual é diretora, contará com shows de mais de 300 artistas em 35 dias de evento online. Batistela também é diretora da Inker Agência Cultural, que trabalha com consultoria e projetos de música.

Podcasts são programas de áudio que podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar — no computador, smartphone ou em outro aparelho com conexão à internet. Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Fora da Curva, por exemplo, no Spotify, na Apple Podcasts e no YouTube.