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Estilo Anitta: brasileiras levam bronzeado com biquíni de fita a Portugal

Brasileiras abrem clínicas de bronzeamento com biquíni de fita isolante na região metropolitana de Lisboa - Zuca Bronze/Divulgação
Brasileiras abrem clínicas de bronzeamento com biquíni de fita isolante na região metropolitana de Lisboa Imagem: Zuca Bronze/Divulgação

Natália Eiras

Colaboração para o TAB, de Lisboa

02/08/2022 04h01

Todo ano, entre abril e setembro, a brasileira Fernanda Rezende, 39, abre as portas de sua casa para clientes em Alcochete, na região metropolitana de Lisboa. O endereço, entre terrenos onde uma produtora de salgadinhos cultiva batatas, tem uma piscina e dez espreguiçadeiras brancas, onde mulheres se besuntam de parafina e ficam estiradas sob o sol durante duas horas (uma de frente, uma de costas).

O detalhe está no biquíni de fita isolante, uma técnica que nasceu nas lajes de comunidades do Rio de Janeiro e se popularizou com o clipe "Vai, Malandra", de Anitta.

O clima anda convidativo para quem busca a marquinha perfeita neste verão português, que vem registrando recordes de temperatura — 23 julho, por exemplo, foi um dos dias mais quentes dos últimos 23 anos. "Parecia a Bahia, 7h da manhã estava 30°C. Ótimo para fazer bronze", diz Fernanda, que se identifica como personal bronzer.

Natural de Juazeiro (BA) e radicada em Portugal há 18 anos, ela abriu uma clínica de bronzeamento na própria casa há cinco anos. Oferece tostas (um tipo de sanduíche), sidra e água para as clientes, brasileiras e portuguesas.

Entre as portuguesas há adeptas do topless, pedindo apenas a calcinha de fita; outras preferem ficar ainda mais à vontade, totalmente nuas. "Ficam aí deitadas, tranquilas", conta. "Não tem prédios em volta, ninguém fica atrás da cortina vigiando."

Fernanda Rezende, dona da Zuca Bronze, clínica de bronzeamento com biquíni de fita na região metropolitana de Lisboa - Natália Eiras/UOL - Natália Eiras/UOL
'Ótimo para fazer bronze', diz Fernanda Rezende, sobre o verão português
Imagem: Natália Eiras/UOL

Fernanda adora ficar bronzeada, mas nunca foi fã de ficar na areia. Descobriu o bronzeamento natural com fita após uma viagem de férias no Brasil e se apaixonou. "Sabia que tinha que trazer para Portugal."

Com as mãos ágeis, a empreendedora diz que monta o biquíni de fita isolante em até sete minutos. Se a cliente pedir, também esfolia a pele dela, e depois passa um ativador de bronzeamento na área das fitas e, no restante do corpo, parafina. Todos os produtos são trazidos do Brasil.

"Tenho vocação. Já fiz curso de depiladora, de designer de unhas, e não me adaptei. Mas sou muito boa no bronze."

Zuca Bronze, clínica de bronzeamento com biquíni de fita na região metropolitana de Lisboa - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Entre o 'neon' e o natural

De tempos em tempos, a bailarina portuguesa Andreia Machado, 31, atravessa Lisboa e a ponte para o outro lado do rio Tejo, dirigindo 40 minutos de Queluz para a casa de Alcochete.

"É uma moda e quem não gosta de moda? Já se vê portuguesas com a marquinha. Não tantas como as brasileiras, mas há", diz Andreia, que conheceu o trabalho de Fernanda na internet e logo se interessou.

Acostumadas às cabines de bronzeamento artificial, acrescenta a bailarina, as portuguesas se interessam pela técnica devido à durabilidade da cor. "Elas gostam de ficar bronzeadas o ano todo, mas de uma forma natural", diz Fernanda.

Zuca Bronze, clínica de bronzeamento com biquíni de fita na região metropolitana de Lisboa - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Entretanto, o bronzeado de fita não é unanimidade no país que se orgulha de ter sol forte durante 360 dias do ano, mesmo no inverno. "No nosso olhar brasileiro, a marquinha é algo sexy, bonito. As portuguesas preferem parecer ter o tom de pele naturalmente."

"Elas focam na definição da cor, não tanto na marca 'neon'", acrescenta a empreendedora Danyelle Lima, 32, que já era personal bronzer em Salvador. "Neon" é o apelido para o tipo de marquinha com contraste entre a pele bronzeada pelo sol e as finas faixas do corpo cobertas por fita isolante.

Desde 2020 em Portugal, ela tentou abrir a primeira clínica em setembro, no fim do último verão europeu, mas não deu certo e levou prejuízo no aluguel. Passou então o outono e o inverno trabalhando num lar para idosos e, em abril, abriu a nova clínica de estética no terraço de sua casa, em Cascais, a cerca de 30 km de Lisboa.

Zuca Bronze, clínica de bronzeamento com biquíni de fita na região metropolitana de Lisboa - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Aqui ainda não há tantas clínicas especializadas no bronzeamento natural. Tem bastante espaço para crescimento", espera.

Danyelle e Fernanda conquistaram público na internet, principalmente no Instagram e entre imigrantes reunidos em comunidades no Facebook — hoje, 211 mil brasileiros vivem em Portugal. "Muitas clientes já conheciam a técnica, já tinham feito, e ficaram felizes quando perceberam que podem fazer aqui também. Aí uma amiga indicava para a outra e criou-se uma comunidade de pessoas que gostam do bronzeamento natural", lembra Fernanda.

"Somos tantos que os portugueses veem mais gente com marquinhas [de bronzeamento], ficam interessados e acabam aderindo", acrescenta Danyelle.

Os negócios por enquanto vão bem: as personal bronzers dizem receber até seis clientes por dia, com sessões que custam entre 50 e 65 euros (por volta de R$ 260 e R$ 350). No fim do mês, elas faturam cerca de 5.000 euros (R$ 26 mil).

Zuca Bronze, clínica de bronzeamento com biquíni de fita na região metropolitana de Lisboa - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação