'Até a vitória': bolsonaristas passam Natal em frente a quartel em Goiânia
A véspera de Natal para cerca de cem manifestantes foi verde e amarela em Goiânia. Na porta do quartel do Exército, nas imediações da Praça do Expedicionário, no setor Jardim Guanabara, os bolsonaristas que até hoje não aceitaram o resultado das eleições realizaram sua própria celebração natalina, com bebidas, doces, frutas frescas, panetone, galinhada e coros contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o STF (Supremo Tribunal Federal). Eles também fizeram orações, entre elas "pelo bem da Polícia Militar".
A oração foi feita em companhia do coronel da PM-GO, Edson Raiado, que foi candidato a deputado federal nas últimas eleições, mas não conseguiu se eleger. Naquele momento fora de serviço, Raiado fez selfies com presentes e chancelou o ato que, segundo ele, é "democrático e necessário para o bem do país".
Antes de deixar o local, o coronel repetiu o bordão do bolsonarismo ("Brasil acima de tudo, Deus acima de todos") e foi conhecer um pouco mais das tendas que abrigavam os serviços oferecidos aos presentes.
A noite estava com clima ameno, o céu não exibia muitas estrelas, mas também não estava carregado de nuvens. Para quem vive em Goiânia, estava fresco. O chão molhado pelo barro fazia com que os pés, se descuidados, deslizassem. No sereno, os golpistas empunhavam bandeiras do Brasil e cornetas. Um dos participantes da ceia foi um senhor de 74 anos, aposentado, que se identificou apenas como Olímpio. Ele deixou a família em casa para permanecer acampado junto aos bolsonaristas. "Estamos aqui lutando por um país livre", disse.
Segundo os manifestantes, o banquete foi feito com doações. E não são todos os dias que se vê uma mesa tão farta, ressalvaram eles — normalmente, o cardápio é composto de lanches mais simples e cerca de duas mil refeições, em média, por dia, no local.
Estado de alerta
Diferentemente do primeiro dia da manifestação golpista na Praça do Expedicionário, iniciada em 31 de outubro, desta vez os manifestantes estavam mais hostis e alertas, embalados por um senso de justiceiros, com uma estrutura maior — em dado momento, cercaram a reportagem e passaram a gravar e questionar "o motivo" de a imprensa estar ali.
Segundo os manifestantes, já houve problemas anteriormente: um deles contou que um rapaz que foi ao local com uma faca, outro que passou jogou spray de pimenta nos manifestantes e por aí em diante. Os jovens então passaram a abordar qualquer "suspeito". "Conhecemos bem quem são os infiltrados, a pessoa tem suas características próprias", disse um dos manifestantes, sem explicar ao certo quais seriam essas características.
Os idosos, por sua vez, ficam entoando palavras de ordem, num caos entre bandeiras balançando, faixas estiradas, cornetas e buzinas apitando. A Polícia Militar destacou uma viatura para fazer vigília na praça durante as madrugadas.
"Nós vamos ficar aqui até conseguirmos nossa vitória", disse Clayton Rodrigues, 50, uma das lideranças da manifestação. A vitória, segundo ele, será a revisão do resultado das eleições, a destituição dos ministros do STF e a ascensão de militares. Para Rodrigues, entretanto, há oficiais "que só defendem a instituição" e outros a quem caberia a gestão do país. "Isso, para mim, mostra a falta que faz termos militares como [Carlos Alberto Brilhante] Ustra", afirmou.
Na véspera de Natal, mesmo diante da chuva que se aproximava e acabou por banhar a noite de Goiânia, a manifestação continuou. Segundo um dos organizadores, os bolsonaristas estão dispostos a continuar firmes no local até depois do Réveillon. "Já considero uma vitória nossa ver que mobilizamos pessoas de tal forma. Nunca se cantou tanto o hino da infantaria, o hino nacional e outros. Isso, para mim, faz valer todo esse movimento."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.